Ernesto Rodrigues/Folhapress | |
Walter Longo durante evento realizado na faculdade ESPM, em São Paulo, em 2014 Folha de São Paulo
Na manhã do segundo dia da conferência da Inma (sigla em inglês da Associação Internacional de Mídia Jornalística), em São Paulo, o presidente do Grupo Abril, Walter Longo, defendeu que o universo digital seja abraçado pelos veículos como adição ao impresso, não substituição.
Disse que, quando assumiu o grupo, há seis meses, achava que sua missão era "levá-lo ao mundo digital", mas foi surpreendido por uma visão estabelecida de que "o papel já era". Ele concluiu que isso "gera uma profecia auto-realizável", a ser evitada.
Citou "sinais de recuperação", por exemplo, nas revistas "The Week", com circulação crescente, e "Vogue", com centenas de páginas de publicidade –além das circulações recordistas de "Cláudia" e "Veja", títulos do Grupo Abril, no primeiro semestre.
"O meio revista não está morrendo, mas pode estar se suicidando", afirmou, sobre a visão corrente de trocar o papel pelo digital, "conceito que veio dos Estados Unidos e chegou mais rápido do que deveria ao Brasil, acelerando o processo".
Ele defendeu uma divisão das tarefas clássicas do jornalismo, com a mídia digital cuidando de "o quê" e "quando" e o impresso cuidando de "por quê" e "como". Posteriormente, prevê ele, se tudo se transferir para o digital, as primeiras serão gratuitas, e as segundas, pagas.
As mudanças estratégicas que Longo está implantando no Grupo Abril partem dessa premissa e de outras quatro que detalhou: expandir o modelo de negócios, de mídia para "marketplace", passando a vender produtos; ampliar as ações de conteúdo patrocinado e publicidade nativa, "storyselling", como chamou; dar mais ênfase à cultura autoral, "valorizar os jornalistas"; e "atuar de maneira efêmera para continuar perene", ou seja, dispor-se a mudar permanentemente.
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