Dyelle Menezes - Contas Abertas
A Olimpíada Rio 2016 mostrou muitas histórias de grandes triunfos e performances que inspiraram. Porém, para que o esporte possa inspirar verdadeiramente, não pode estar contaminado pela corrupção. Para a ONG Transparência Internacional, cinco passos podem promover a integridade no esporte.
O primeiro passo defendido pela entidade é a criação de uma agência global verdadeiramente independente. A intenção é harmonizar as normas anticorrupção, supervisionar a implementação e investigar as alegações de corrupção no desporto.
Outro ponto é a transparência de organizações desportivas internacionais, regionais e nacionais. As entidades devem ser obrigadas a publicar informações detalhadas de como eles gastam seu dinheiro. Além disso, esses dados devem ser verificados por auditores independentes.
O terceiro passo apontado pela Transparência Internacional é que as organizações desportivas, como o Comitê Olímpico Internacional, devem incluir executivos independentes e estabeleçam limites de mandato, o que impede que pessoas construam redes poderosas de “apadrinhamento” com base na popularidade dos esportes.
Para a ONG, mundialmente reconhecida pelo trabalho no combate à corrupção, governos e financiadores (incluindo patrocinadores) do esporte devem exigir maior responsabilidade e um compromisso para abrir os dados em troca de financiamento.
A entidade ainda defende a maior participação na promoção da “governança” dos esportes por todos os envolvidos no setor. Dessa forma, a gestão do esporte deve incluir atletas, seus representantes, patrocinadores e emissoras de comunicação, por exemplo.
Apesar das muitas histórias inspiradoras, a Olimpíada ainda mostrou controvérsias no esporte. Durante os jogos, a polícia do Rio prendeu o irlandês Patrick Hickey, membro do Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional. Patrick foi preso por suspeita de facilitar ação de cambistas, marketing de emboscada e formação de quadrilha.
A Rússia não teve representantes no atletismo dos Jogos do Rio. Através de um comunicado oficial, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) anunciou o veto ao pedido do Comitê Olímpico do país (ROC) para permitir a participação de 68 nomes, entre eles o da bicampeã olímpica Yelena Isinbayeva, nas mais diversas provas da modalidade. O parágrafo que abre a nota fala em “atletas inelegíveis”.
Outro caso emblemático da Olimpíada foi a mentira contada por nadadores americanos. Ryan Lochte afirmou ter sido assaltado depois de uma festa na Casa da França, na Lagoa, Zona Sul do Rio, na madrugada. O caso, no entanto, foi inventado pra encobrir a baderna que o nadador fez em um posto de gasolina.
“Há duas maneiras principais de combate à corrupção no esporte. Uma é o aprofundamento dados relativos à transparência, particularmente em torno de informações financeiras. A segunda é ter certeza que aqueles que trazem esporte em descrédito são responsabilizados”, afirma Deryck Murray, jogador de críquete e ativista da Transparência.
Cabe ressaltar que após falsamente alegar que foi vítima de um assalto no Rio de Janeiro, Lochte perdeu quatro patrocinadores oficiais: Speedo, Ralph Lauren, uma marca de cosméticos e outras de colchões. De acordo com a revista americana Forbes, o prejuízo do atleta pode ser de R$ 5 a 10 milhões a longo prazo.