quarta-feira, 15 de junho de 2016

Ao desmentir que é poste, Dilma confirma que sempre foi

Com Blog do Augusto Nunes - Veja

A alma penada do Alvorada jura que é gente

 e faz questão de ser chamada de presidenta





Sentada à frente de Mariana Godoy no estúdio improvisado numa sala do Palácio do Alvorada, Dilma Rousseff evita olhar para Mariana Godoy, que vai preparando com uma introdução cuidadosa a invasão do território proibido. A presidente afastada está com cara de quem vai chamar de “minha querida” a sorridente entrevistadora. Mariana lembra que Gilmar Mendes, ministro do STF, costuma usar a palavra que para Dilma é um palavrão. Depois de exibir um vídeo que prova o que disse, entra no campo minado: “A senhora é um poste?”
A resposta é o desmentido que confirma a pertinência do que tenta negar. “Todo mundo que apostou que eu era um poste perdeu, viu?”, começa o copo até aqui de cólera. “Falavam que eu era um poste na eleição de 2010 e eu ganhei, falaram que eu era um poste na eleição de 2014, eu ganhei”. Como sabem até os bebês de colo e os índios de tribos isoladas, foi Lula quem ganhou as duas disputas. Na primeira, instalou o poste no Palácio do Planalto. Na segunda, o fabricante manteve no mesmo lugar o produto comprometido por graves defeitos de fabricação.
A entrevistada faz uma pausa e resolve puxar briga com Gilmar Mendes: “Agora, o que é lamentável… eu já… disse isso uma vez… é que isso não é postura de ministro do Supremo. Ele não pode falar a respeito de uma pessoa que ele pode vir a julgar fora dos autos, inda mais de uma (sobe o tom de voz) presidenta da República”. Ato falho: ao exigir que o ministro só fale nos autos, Dilma assumiu a condição de ré. Consumado o escorregão, muda de rumo: “Porque essa história de tentar acabar com (sobe o tom de voz de novo) presidenta mostra também o grau de atraso e obscurantismo, porque proibiram a EBC de me tratar como ‘presidenta’.
Faz outra pausa e lembra que estava falando de outra coisa: “Então, é muito triste essa questão do ministro do Supremo falar fora dos autos”. O vídeo é um documento histórico: em 9 de junho de 2016, ao jurar que é gente, Dilma deixou claro que o Brasil foi governado cinco anos por um poste fantasiado de presidenta.