segunda-feira, 11 de abril de 2016

"Maior ameaça ao Bolsa Família é a política econômica do governo", por Miriam Leitão

O Globo com CBN



Os indicadores do Bolsa Família mostram o sucesso do programa. Ele ajudou no combate à fome e à pobreza, e melhorou a frequência das crianças na escola. Mas os erros do governo na condução da economia estão ameaçando essas conquistas. O “Valor Econômico” desta segunda-feira destaca que os benefícios estão encolhendo. A massa de rendimentos cresceu menos que a inflação em 2015. 
O PT usou muito a ideia de que o Bolsa Família é uma concessão do partido. Nas campanhas, acusava os adversários de planejar cortes ou mesmo o fim dos benefícios, mas o programa é uma escolha da sociedade brasileira, que o financia através dos impostos. Na defesa das pedaladas, o Planalto até tentou usar os gastos com o Bolsa Família como causa dos atrasos, algo que os dados provaram não ser verdade; a maior parte das pedaladas foi para subsidiar empresários. 
O governo teve méritos ao implantar o programa, que atende a um quarto da população. Mas hoje o Bolsa Família é atingido não pelos adversários, e sim pelo próprio governo, que permitiu a inflação alta. O país sabe há muito tempo que a alta dos preços é a pior inimiga dos mais pobres; são eles os que mais sentem os efeitos da perda do poder de compra da moeda.
Os benefícios crescem menos que a inflação e os participantes do Bolsa Família ficam mais vulneráveis. O problema é difícil de ser combatido imediatamente. Com a piora das contas públicas, outro efeito da política econômica do governo, há pouco espaço para reverter a situação.
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