segunda-feira, 11 de abril de 2016

Líderes lavam as mãos e abandonam governo em comissão

Vera Magalhães - Radar - Veja




O que se viu nesta segunda-feira na comissão especial de impeachment foi um governo nervoso, acuado, fazendo uma defesa em tom alarmado – para, logo em seguida, ser abandonado pelos partidos da base aliada, num sinal nada promissor para a votação decisiva de domingo.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que apareceu sereno há uma semana e foi até didático ao usar compras de feira para explicar as pedaladas fiscais, nesta segunda estava irritado, abusando da ironia e da agressividade ao se referir ao parecer do relator Jovair Arantes, pela admissibilidade do impeachment.
Se Cardozo esperava encorajar os líderes da base aliada com seu discurso indignado, o tiro saiu pela culatra. Os líderes do PMDB, do PP e do PSD, partidos nos quais o governo mercadeja votos para impedir a abertura do processo, liberaram os votos.
O PMDB tem nada menos que seis ministérios. Só um ministro deixou o cargo depois do famoso desembarque do partido. Ainda assim, o líder Leonardo Picciani, para  cuja recondução o Planalto atuou abertamente, lavou as mãos e liberou os votos.
Em seguida foi a vez do líder do PP, Agnaldo Ribeiro, que, por sinal, é ex-ministro de Dilma.
O PSD de Gilberto Kassab atingiu o auge: dividiu o tempo da liderança para um deputado pró-impeachment e outro contrário.
O resultado de tamanho descompromisso foi selar o destino de Dilma na comissão, o que já era esperado, e jogar mais incerteza sobre suas chances no plenário.