Uma crescente leva de empreendedores e
investidores brasileiros milionários tem se
mudado para o Vale do Silício, EUA, em
busca de melhores oportunidades para os
seus negócios. É mais um efeito danoso
da crise
O cenário não poderia ser mais típico do Vale do Silício, a meca californiana da tecnologia, onde nasceram gigantes como Apple e Google. Em um início de noite gelada de inverno, representantes de onze startups - termo pelo qual são designadas as empresas iniciantes, focadas em inovação - aglomeravam-se no 43º andar do mais simbólico prédio de São Francisco, o Transamerica Pyramid, que se destaca na paisagem da cidade por seu formato de pirâmide espelhada, com 260 metros de altura. Em meio ao clima de happy hour, regado a cerveja local, os tensos empreendedores batalhavam para exibir seus negócios a investidores da região, que poderiam vir a apoiar financeiramente suas ideias. Havia, porém, um fator inusitado: os 42 presentes só falavam em português.
O encontro fora promovido por um fundo de investimentos paulistano, o Redpoint. A proposta era aproximar empresários em início de carreira de colegas experientes, que já alcançaram o sucesso e moram no Vale. Um ponto em comum: todos os empresários eram, também, brasileiros (tanto os novatos quanto os maduros). Eles integram uma onda de empreendedores que, em decorrência da prolongada crise econômica e política no Brasil, optaram por juntar os milhões de reais que ganharam no país e se mudaram para a Califórnia. O objetivo: buscar melhores oportunidades para investir sua fortuna - agora, transformada em dólares.