Pedro Ladeira - 25.nov.2015/Folhapress | |
O ex-chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), Diogo Ferreira |
AGUIRRE TALENTO
GABRIEL MASCARENHAS
MÁRCIO FALCÃO
Folha de São Paulo
GABRIEL MASCARENHAS
MÁRCIO FALCÃO
Folha de São Paulo
O ex-chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) Diogo Ferreira afirmou, em delação premiada, que a presidente Dilma Rousseff pediu ajuda para obter na Justiça a soltura do empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato sob acusação de corrupção.
Essa ajuda, que segundo Ferreira foi pedida ao senador, ocorreria por meio da indicação de Marcelo Navarro ao cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça.
As declarações de Ferreira confirmam a delação premiada do seu ex-chefe.
De acordo com seu depoimento, Delcídio lhe relatou que Dilma conversou com ele sobre o assunto em um encontro particular. O pedido foi "que obtivesse de Marcelo Navarro o compromisso de alinhamento com o governo para libertar determinados réus importantes da Operação Lava Jato", diz o depoimento.
E completou: "Segundo o senador Delcídio do Amaral, a presidente Dilma Rousseff falou expressamente em Marcelo Odebrecht".
Ferreira relatou que ficou encarregado de fazer contatos com Navarro e juntou conversas por mensagens de celular em que marca encontros do futuro ministro do STJ com o senador.
Os encontros para tratar do assunto também ocorriam entre o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e Delcídio, de acordo com o delator.
Navarro, de fato, votou no ano passado pela soltura de Marcelo Odebrecht em um habeas corpus no STJ, mas acabou sendo vencidos pelos demais ministros, então a prisão foi mantida.
No segundo depoimento de sua delação, Ferreira detalhou como recebeu pagamentos do filho do pecuarista José Carlos Bumlai, Maurício, que seriam destinados a comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Assim como já havia dito Delcídio, Ferreira afirmou que o ex-presidente Lula tinha preocupação com a possibilidade de Cerveró fechar a delação.
A delação foi firmada com a Procuradoria-Geral da República em 30 de março, mesmo dia dos depoimentos. Ocorreu posteriormente à delação do senador.
Diogo foi preso no ano passado após ter sido gravado em reunião na qual o senador prometia ajuda financeira a Cerveró e até discutia um plano de fuga. Atualmente, está em regime de prisão domiciliar. Delcídio também foi preso na ocasião.
OUTRO LADO
A assessoria do Palácio do Planalto ainda não respondeu. Dilma já rebateu anteriormente as acusações do senador, negando-as e afirmando que eram movidas por "vingança".
O ministro do STJ Marcelo Navarro também já afirmou anteriormente, em nota, que se reuniu com diversas autoridades, mas que nunca se comprometeu a assumir nenhuma posição específica.