EULINA OLIVEIRA - Folha de São Paulo
A sexta-feira (8) é de euforia no mercado doméstico, com o dólar comercial caindo para o patamar de R$ 3,60 e o Ibovespa chegando a subir mais de 4% na máxima da sessão. Os juros futuros recuam, assim como o CDS (credit default swap). Os desdobramentos no campo político elevam as apostas de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O cenário externo positivo contribui para impulsionar os negócios.
O Ibovespa avançava há pouco 3,45%, para 50.188,71 pontos, após ter atingido a máxima do dia, em alta de 4,07%, aos 50.485,97 pontos. Investidores repercutem notícias desfavoráveis ao governo. Analistas destacam o fato de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter sugerido ao STF (Supremo Tribunal Federal) a anulação da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil.
"Rodrigo Janot mudou sua posição sobre Lula e agora recomenda que [o ex-presidente] não exerça a função na Casa Civil, o que certamente enfraquece seu cacife político para negociar com deputados nanicos a ausência ou voto contra o impeachment", comenta Alvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Modalmais, em relatório.
"Foi certamente um baque para o governo, junto com o vazamento [da informação] de que Belo Monte contribuiu com propina de R$ 150 milhões para eleição de Dilma em 2010/2014 e com PT e PMDB, tudo segundo delação da Andrade Gutierrez", acrescenta Bandeira.
Além disso, aumentou o número de deputados dispostos a votar a favor do impeachment, como mostrou levantamento do Datafolha.
No setor financeiro, os papéis mostravam forte alta: Banco do Brasil ON, +10,67%; Itaú Unibanco PN ganhava 6,20%; Bradesco PN, +4,74%; Santander unit, +1,07%; e BM&FBovespa ON, +5,67%.
As ações PN da Petrobras subiam 6,62%, a R$ 8,21, e as ON ganhavam 4,92%, a R$ 10,43. Os papéis PNA da Vale avançavam 7,64%, a R$ 12,11, e os ON ganhavam 7,72%, a R$ 16,17.
DÓLAR E JUROS
No cenário externo, o clima também é de otimismo, com alta do petróleo e das Bolsas na Europa e EUA e queda do dólar ante a maior parte das moedas, incluindo o real.
O dólar comercial recuava há pouco 2,35%, a R$ 3,6060. A moeda americana à vista fechou em queda de 2,10%, a R$ 3,6256.
O movimento de queda ocorre mesmo após o Banco Central ter realizado leilão de swap cambial reverso, equivalente à compra futura da moeda americana pela autoridade monetária. Foram aceitos apenas 3.000 dos 11.500 contratos propostos nesta sexta-feira.
O BC realizou ainda a rolagem integral de 5.500 contratos de swap cambial tradicional (que corresponde à venda futura de dólar).
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 caía de 13,880% para 13,800%, o DI para janeiro de 2021 baixava de 14,160% para 13,750%.
As taxas reagem também à informação de que o IPCA desacelerou em março.
Apesar disso, o presidente do BC, Alexandre Tombini, reiterou nesta quinta-feira (7) que não há espaço para corte dos juros, mesmo com a queda da inflação.
O CDS, espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, caía 1,54%, para 390,580 pontos.
EXTERIOR
As Bolsas na Europa e EUA reagiam à alta do petróleo e a confirmação da percepção de que os juros americanos não subirão rápido.
Nesta quinta-feira, a presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Janet Yellen, reafirmou que a alta dos juros americanos será gradual. Ela indicou que a economia americana está sólida e a inflação não é uma ameaça ao país.
O petróleo Brent, negociado em Londres, ganhava 5,93%, a US$ 41,77 o barril, e o WTI, em Nova York, subia 6,39%, a US$ 39,64, com dados apontando queda na produção da commodity nos EUA. Também davam impulso aos negócios especulações de que os principais produtores alcançarão no próximo dia 17 um acordo para congelar a produção mundial.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones avançava 0,39%; o S&P 500 ganhava 0,60% e o Nasdaq, +0,18%.
As Bolsas europeias fecharam em alta: Londres, +1,10%; Paris, +1,35%; Frankfurt, +0,96%; Madri, +1,62%; e Milão, +4,08%.
Na Ásia, os índices fecharam com sinais mistos.