sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Aécio diz que Dilma ‘apequena’ o país com reforma

Cristiane Jungblut - O Globo



O Senador Aécio Neves (PSDB-MG) - Ailton de Freitas / 29-09-2015 / Agência O Globo


A oposição acusou a presidente Dilma Rousseff de realizar a reforma ministerial para ampliar sua base de apoio no Congresso e evitar um processo de impeachment. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB), disse que a reforma anunciada hoje "apequena ainda mais" o governo Dilma. Para Aécio, a economia anunciada é uma "maquiagem". Em nota, o senador disse que a distribuição de cargos não tem o objetivo de melhorar a qualidade do serviço público. Nesta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff anunciou a redução de oito ministérios e, na nova estrutura, privilegiou o PMDB, do vice-presidente Michel Temer.

"A chamada reforma administrativa anunciada hoje apequena ainda mais o governo Dilma. Apequena o governo pela forma como a presidente Dilma age para se manter no cargo: distribuindo espaços relevantes de poder não em busca da melhoria da qualidade do governo, mas para garantir votos que impeçam o seu afastamento. Os efeitos dessas mudanças serão efêmeros e a presidente da República continuará precisando mostrar ao país que tem condições de tirá-lo da gravíssima crise na qual seu governo nos mergulhou", disse Aécio, na nota.

Aécio citou ainda as recentes declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a crise do governo Dilma.

"O que traduz de forma mais eloquente a situação da presidente é a frase dita esta semana pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e que merece ser repetida: ´A presidente não governa. Ela é governada´", disse o tucano.

Para o presidente do PSDB, a reforma administrativa ficou aquém do esperado pela população. O governo anunciou corte de 3 mil cargos comissionados e redução de 10% nos salários dos ministros, por exemplo.

"Os cortes são pouco expressivos frente ao aumento excessivo de gastos do governo nos últimos anos. Se assemelha na verdade a uma maquiagem. Uma reforma que fica a léguas de distância do que seria necessário para sinalizar o início de uma nova fase para o país", argumentou Aécio.


O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), foi mais incisivo ao destacar o objetivo político da reforma.

— Pela primeira vez na História, estamos assistindo a um presidencialismo figurativo. A presidente Dilma entregou todo o governo ao PMDB com o objetivo único de retardar a votação do processo de impeachment. Ela foi totalmente excluída do processo de comando, é a viúva porcina: foi sem ter sido. Nosso papel no Congresso será levar a adiante o processo de impeachment e encerrar de vez esse ciclo nefasto de corrupção, barganha e péssima gestão que tomou conta do Executivo federal — disse Caiado.

Para Caiado, a reforma "expõe o balcão de negócios" e não resolver o problema de falta de credibilidade de Dilma para enfrentar a crise fiscal _ Ela não tem nenhuma credibilidade para fazer ajuste fiscal. Então, essa reforma, que expõe o balcão de negócios do governo petista, é apenas uma forma de a presidente se manter mais algum tempo no poder — disse Caiado.