Rennan Setti - O Globo
Moody’s afirma que anúncio do governo reflete os ‘desafios fiscais’ que levaram a ‘downgrade’ de agosto
A previsão de déficit no Orçamento de 2016 elevou o risco de rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Fitch. Em nota, a agência britânica afirmou que o cenário agora ficou muito pior que o usado como base pela Fitch em abril, quando a empresa colocou em perspectiva negativa a nota soberana do Brasil.
“A revisão da meta (de superávit) para um déficit primário para o próximo ano, que ocorre após a redução das metas de superávit para os próximos anos realizada em julho de 2015, ressalta a dificuldade enfrentada pelo Brasil em sua consolidação fiscal”, disse a chefe da Fitch para a área de notas soberanas na América Latina, Shelly Shetty, em resposta enviada a jornalistas. “Essa mudança coloca a tendência de superávits primários bem abaixo do cenário-base usado pela Fitch em abril e explicita os crescentes riscos à trajetória das finanças públicas e da dívida.”
Segundo Shelly, “a trajetória de crescimento e a dinâmica da dívida e da área fiscal vai determinar o futuro do rating do Brasil.”
Mauro Leos, analista sênior da Moody´s, também demonstrou preocupação com o déficit orçamentário:
“O déficit no Orçamento de 2016, assim como as projeções oficiais revisadas de 2015, refletem os desafios fiscais que o Brasil continua enfrentando, um dos motivadores principais do ‘downgrade’ para Baa3 promovido em agosto”, disse Leos, em comentário por e-mail.
Na Fitch, o rating soberano do Brasil está dois graus acima da zona especulativa, mas o “outlook” é negativo. Pela S&P, outra agência importante, o país está a um nível de perder o grau de investimento, com perspectiva negativa. Na Moody's, a nota do país também está a apenas um degrau do nível especulativo, mas a perspectiva é estável.
