O Departamento de Estado americano publicou nesta segunda-feira (31) 7.000 novas páginas de e-mails enviados ou recebidos por Hillary Clinton durante seu período como secretária de Estado (2009-2013), entre os quais se destaca um enviado ao fundador do Wikileaks, Julian Assange.
Este novo pacote consiste em 4.368 e-mails, o maior número publicado até o momento, e inclui 150 mensagens eletrônicas parcialmente censuradas, já que contêm informação que foi considerada confidencial durante a revisão dos mesmos para sua publicação.
Embora em sua maioria se trate de e-mails rotineiros que a ex-secretária de Estado e agora pré-candidata democrata para as eleições presidenciais de 2016 trocava com auxiliares e funcionários, chama a atenção uma mensagem recebida em 27 de novembro de 2010 e dirigida ao fundador do Wikileaks.
A mensagem é enviada por Harold Hongju Koh, então assessor legal do Departamento de Estado, à advogada de Julian Assange, Jennifer Robinson, e com cópia para Hillary.
Nele, Koh se dirige a Robinson e a Assange em referência a uma possível publicação de 250.000 documentos confidenciais do governo dos EUA em posse do Wikileaks.
"Apesar de seu desejo expresso de proteger essas vidas (de jornalistas, ativistas pelos direitos humanos, blogueiros e soldados), fez o contrário e colocou em perigo as vidas de incontáveis indivíduos", recrimina o funcionário a Assange.
"Minou seu objetivo expresso ao disseminar amplamente este material, sem redação e sem importar-se com a segurança e santidade das vidas", acrescentou, para indicar depois que o governo dos EUA "não entrará em negociações" em relação à publicação de material confidencial obtido "ilegalmente".
Outro e-mail, com o assunto "Lavrov", em suposta referência ao ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, foi um dos parcialmente censurados pelo Departamento de Estado, de modo que não se pode visualizar praticamente nada de seu conteúdo.
Em outra mensagem de 2010, Hillary escreve a um de seus auxiliares sobre declarações realizadas na época, lhe pergunta se recebeu "algum comentário" a respeito e "quanto demorará a 'FOX'" em "atacar-lhe" por seus comentários sobre subir os impostos dos ricos.
Neste ano, a ex-secretária de Estado se viu envolvida em uma nova polêmica quando se preparava para lançar sua candidatura presidencial, ao revelar-se que tinha utilizado sua conta de e-mail particular para assuntos de interesse nacional.
Perante esta situação, a oposição republicana exigiu que fossem publicadas aquelas comunicações que Hillary manteve de sua conta privada e que poderiam afetar à segurança do país.
Atendendo às reivindicações dos republicanos, e às da própria Hillary, que insistiu na publicação para despejar qualquer tipo de dúvida, em maio o Departamento de Estado desclassificou cerca de 300 e-mails, em sua maioria relativos ao atentado contra o consulado dos EUA em Benghazi, na Líbia.
Esses e-mails já tinham sido revisados pelo Comitê da Câmara dos Representantes que investigava o atentado de 11 de setembro de 2012 no qual morreu Chris Stevens, embaixador dos EUA na Líbia, e outros três cidadãos americanos.
Além disso, no mês passado também foram divulgadas outras 3.000 páginas pertencentes a cerca de 1.900 e-mails da ex-secretária de Estado.