Bruno Rosa - O Globo
Dólar tem maior queda desde o fim do primeiro turno das eleições
Após abrir instável, Ibovespa está em alta, puxado por ações de estatais
No último pregão antes do segundo turno da eleição presidencial, o dólar, que chegou a recuar 2,6% (para R$ 2,46) por volta das 13h, reduziu o ritmo e cai 1,59%, a R$ 2,47. A oscilação da divisa chegou a ser a maior desde o dia 6 de outubro, logo após o primeiro turno das eleições, quando a moeda registrou queda de 3,88% durante o dia. Segundo analistas, o movimento reflete a divulgação de uma nova pesquisa eleitoral, que aponta vantagem ao candidato Aécio Neves.
De acordo com dados compilados pela Bloomberg, o real apresenta nesta sexta-feira a maior valorização frente ao dólar no mundo entre as 31 principais moedas no mundo. Ontem, o dólar comercial fechou em alta de 1,29%, a R$ 2,510 na compra e a R$ 2,512 na venda. Foi a primeira vez que o dólar fechou na casa dos R$ 2,50 desde dezembro de 2008.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vem registrando forte alta. Após subir 4,65% ao longo do dia, o pregão registra avanço de 3,58%, aos 52.528 pontos. Ontem, o Ibovespa fechou em queda de 3,24%, aos 50.713 pontos.
As ações ON do Banco do Brasil sobem 7,33% hoje, após caírem 9,10% ontem. A Eletrobras também apresenta avanço: as PNs têm alta de 6,13% e as ONs avançam 5,26%, após caírem 4,63% e 6,71% ontem, respectivamente.Na Bolsa, as ações das estatais vêm ganhando força. O destaque por enquanto fica por conta das ações preferenciais (PN, sem direito a voto), e as mais líquidas, da Petrobras, que avançam 8,89%. Ontem, os papéis da estatal registraram queda de 7,22%. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da petroleira sobem 7,51%, ante recuo de 6,23% ontem.
Segundo Hersz Ferman, da Elite Corretora, a alta da Bolsa e a queda do dólar refletem em parte os ajustes depois da forte queda de ontem e as notícias positivas para Aécio Neves.
Hoje, cita Ferman, houve a divulgação da pesquisa CNT/Sensus, que mostra vantagem para o candidato tucano. Além disso, reportagem da revista "Veja" desta semana liga o ex-presidente Lula e a candidata à reeleição Dilma Rousseff à operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
- Ontem, houve um movimento exagerado na Bolsa e no dólar, o que ajudou a descolar completamente do cenário externo. Então, hoje está ocorrendo um ajuste. Ao mesmo tempo, saíram notícias positivas para o candidato da oposição, o que acaba ajudando no humor do mercado. Mas as pesquisas eleitorais estão mostrando muita divergência, o que acaba aumentando a volatilidade da Bolsa - explicou Ferman.
BALANÇOS DE EMPRESAS EM SEGUNDO PLANO
Ricardo Zeno, sócio-diretor da AZ Investimentos, afirma que a alta da Bolsa está atrelada ao cenário político. Segundo ele, a divulgação de nova pesquisa que aponta ainda uma vantagem para Aécio Neves vem trazendo otimismo ao mercado, o que acaba afetando ainda o câmbio.
- É notório que o mercado quer mudança de comando no governo. E, a cada pesquisa, o mercado reage. Quando sai alguma pesquisa que indica vitória de Dilma, a reação é negativa - exemplifica ele, destacando que os balanços financeiros que estão sendo divulgados acabam ficando em segundo plano.
Nos Estados Unidos, as bolsas operam em leve alta. A Dow Jones sobe 0,42%, assim como o S&P (+0,32%) e a Nasdaq (-0,25%).
Na Europa, o dia é de pessimismo, com as principais bolsas operando em queda. Em Londres, o FTSE recua 0,42%. Em Paris, o CAC cai 0,56%, assim como o DAX, na Alemanha, com retração de 0,57%. Segundo analistas, o mau desempenho é atribuído a resultados corporativos ruins, como a gigante Basf, que reduziu suas expectativas de lucro para o próximo ano, e aos rumores em relação ao resultado do teste de estresse de 130 bancos da União Europeia (UE), que será divulgado pelo Banco Central Europeu neste domingo.
Há rumores de que pelo menos 11 bancos não passaram nas verificações, entre eles o austríaco Erste Group, os italianos Banco Popolare, Monte dei Paschi e Banca Popolare di Milano, os gregos Alpha Bank, Piraeus Bank e Eurobank, o português Millennium BCP e o belga Dexia. O BCE afirmou que os dados finais não foram enviados aos bancos envolvidos e que não comentará sobre instituições individuais.