Daniel Bramatti - O Estado de São Paulo
O porcentual de eleitores que pende para o voto nulo ou branco diminui na reta final da eleição?
Na pesquisa realizada em julho deste ano, o índice de votos brancos e nulos está em torno de 16%, mais do que o dobro do encontrado na mesma época em 2010. Isso pode representar a falta de interesse pelas eleições, o desencanto com a política ou a não identificação com os atuais candidatos, entre outros motivos. Pode ser que, após o início do horário eleitoral gratuito, esse índice seja revertido com a apresentação das propostas dos candidatos. De toda forma, levando em conta o humor dos eleitores e as manifestações ocorridas em 2013, acredito que o número de votos brancos e nulos neste ano será maior do que a média dos anos anteriores.
O perfil desse segmento do eleitorado indica mais proximidade com a oposição?
Os eleitores que hoje dizem ter intenção de votar em branco ou nulo são mais escolarizados, possuem renda familiar mais elevada e vivem em grandes centros urbanos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Este perfil é bastante semelhante ao dos manifestantes de 2013. São os que mais avaliam negativamente o atual governo. Portanto, eles podem sim, ao longo da campanha, mudar para os candidatos de oposição, ou podem optar por continuar a votar em branco ou nulo, como forma de protesto contra a atual situação do País. De fato, a probabilidade desse tipo de eleitor votar na presidente Dilma é bem mais baixa. De toda forma, ainda existem muitas variáveis que devem ser analisadas para poder dizer o que esse eleitor fará.
A abstenção pode crescer?
Nas pesquisas realizadas neste ano para as eleições presidenciais, observa-se um desinteresse maior pelas mesmas. Acredito que, pelo fato de a Copa do Mundo ter sido no Brasil, a questão das eleições acabou ficando em um segundo plano, retardando assim a atenção dos eleitores para o pleito deste ano.