sábado, 2 de agosto de 2014

'Quem vota nulo ou em branco tem perfil mais próximo da oposição', diz diretora do Ibope

Daniel Bramatti - O Estado de São Paulo

 

 
A taxa de eleitores dispostos a votar nulo ou em branco é hoje o dobro da registrada em 2010, nesta mesma etapa da campanha eleitoral. É impossível prever se esse contingente diminuirá até a eleição - se isso ocorrer, porém, é quase certo que a presidente Dilma Rousseff não será beneficiada. A maior parte desse grupo avalia negativamente o governo e tem perfil parecido com o do eleitorado da oposição, conforme observa Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope.


O porcentual de eleitores que pende para o voto nulo ou branco diminui na reta final da eleição?

Na pesquisa realizada em julho deste ano, o índice de votos brancos e nulos está em torno de 16%, mais do que o dobro do encontrado na mesma época em 2010. Isso pode representar a falta de interesse pelas eleições, o desencanto com a política ou a não identificação com os atuais candidatos, entre outros motivos. Pode ser que, após o início do horário eleitoral gratuito, esse índice seja revertido com a apresentação das propostas dos candidatos. De toda forma, levando em conta o humor dos eleitores e as manifestações ocorridas em 2013, acredito que o número de votos brancos e nulos neste ano será maior do que a média dos anos anteriores.


O perfil desse segmento do eleitorado indica mais proximidade com a oposição?

Os eleitores que hoje dizem ter intenção de votar em branco ou nulo são mais escolarizados, possuem renda familiar mais elevada e vivem em grandes centros urbanos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Este perfil é bastante semelhante ao dos manifestantes de 2013. São os que mais avaliam negativamente o atual governo. Portanto, eles podem sim, ao longo da campanha, mudar para os candidatos de oposição, ou podem optar por continuar a votar em branco ou nulo, como forma de protesto contra a atual situação do País. De fato, a probabilidade desse tipo de eleitor votar na presidente Dilma é bem mais baixa. De toda forma, ainda existem muitas variáveis que devem ser analisadas para poder dizer o que esse eleitor fará.


A abstenção pode crescer?

Nas pesquisas realizadas neste ano para as eleições presidenciais, observa-se um desinteresse maior pelas mesmas. Acredito que, pelo fato de a Copa do Mundo ter sido no Brasil, a questão das eleições acabou ficando em um segundo plano, retardando assim a atenção dos eleitores para o pleito deste ano.