Em junho, a produção industrial caiu 1,4% em relação a maio e 6,9% comparada à de junho de 2013. Cedeu 2,6% entre os primeiros semestres de 2013 e de 2014 e 0,6% nos últimos 12 meses, em relação aos 12 meses anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, além da queda anual em todas as bases de comparação, o recuo foi generalizado - alcançou 3/4 dos segmentos industriais avaliados na Pesquisa Industrial Mensal (PIM).
Para os otimistas inveterados, houve uma única notícia confortadora: esperava-se uma queda ainda maior entre maio e junho, estimada em 2,2% pela área econômica do Bradesco e em 2,4% por analistas ouvidos pela Agência Estado. Mas nem assim há algo a comemorar.
No setor de bens de capital, que permite avaliar a tendência de investimentos, o declínio da produção alcançou 21,1% entre os meses de junho de 2013 e de 2014. O comportamento da produção de insumos típicos da construção civil declinou 12% na comparação anual - outro indicador da retração de investimentos.
Ainda maior foi a queda, entre junho de 2013 e junho de 2014, do setor de bens duráveis de consumo (-34,3%), determinada pelo desaquecimento da indústria automobilística e pelo recuo da produção de TVs, justificado pela antecipação da fabricação, em razão da Copa. Entre maio e junho, a produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos diminuiu 29,6%, enquanto a de bens semiduráveis e não duráveis diminuiu 1,3%.
A sequência de quedas mensais, ocorrida de março a junho, provocou uma queda da produção industrial de 3,4% no período, calculou o gerente de Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo. E o consultor Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, estimou, em seu boletim diário, que a produção industrial tende a cair entre 3% e 4% neste ano. Se isso se confirmar, ocorrerá a maior queda desde 2009, quando atingiu 6,7%.
É provável que os indicadores industriais de julho e, ainda mais, de agosto registrem uma melhora em relação a junho, mês excepcionalmente fraco. Mas a recuperação teria de ser fortíssima para compensar os maus resultados apresentados no primeiro semestre. E não há nenhuma indicação de que essa hipótese possa se confirmar.
A indústria depende do consumo local e das exportações. Nessas duas frentes, as expectativas são ruins. Por isso, 2014 tende a ser um ano perdido para a indústria.