Renato Onofre - O Globo
Obra, inaugurada na quinta-feira com a presença da presidente Dilma Rousseff (PT), já era investigada por problemas no licenciamento ambiental
O Ministério Público (MP) estadual vai instaurar inquérito para investigar uma suspeita de contaminação do solo onde foi construído pela Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) o Templo de Salomão, no Brás. A obra, inaugurada na quinta-feira em cerimônia com a presença da presidente Dilma Rousseff (PT), 11 governadores e ministros, já era alvo de investigação por problemas no registro da reforma do empreendimento.
As primeiras suspeitas sobre a qualidade do solo começaram a surgir durante as investigações abertas pelo MP em 2013 sobre as contaminações no solo da unidade Leste da Universidade de São Paulo (USP). Os promotores encontraram evidências de que parte do material disposto no campus entre os anos de 2010 e 2011 podem ser provenientes das escavações executadas na região do Brás para a construção do Templo de Salomão.
Segundo as investigações, durante dois anos mais de seis mil caminhões com terra clandestina entraram no campus da USP. Nos depoimentos colhidos pelo MP, um funcionário de terraplanagem que trabalhou no local durante o período informou que ele fez pelo menos 100 viagens para levar material das obras do Templo, da Iurd, a unidade da leste da USP.
Em nota, o MP informa que “a área onde foi construído o Templo, ao que tudo indica, também estava contaminado". Como não há como provar até o momento se o material encaminhado a USP era do terreno do Templo, o MP vai pedir a análise química da região, que antes funcionava uma fábrica.
O MP quer saber se a Universal adotou os procedimentos legais para a destinação da terra contaminada e se o material foi de fato transportado para o terreno da USP-Leste.
Através da assessoria de imprensa, a Igreja Universal do Reino de Deus informou, ao GLOBO, que Universal contratou uma única empresa para erguer o Templo de Salomão desde a terraplanagem até o acabamento. A nota afima que a Universal fiscalizou a execução do contrato “exigindo o rigoroso cumprimento da legislação por parte da construtora". A assessoria encaminhou ao GLOBO a cópia de um recibo emitido à construtora que afirma que 6.388,69 toneladas de resíduos Classe IIA — classificados como matérias orgânicas, papeis, vidros e metais — foram destinados no aterro LARA Central de Tratamento de Resíduos LTDA, em Mauá, na região metropolitana de São Paulo.