segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A crise de Dilma: Brasil deve ter este ano uma das menores taxas da AL, diz Cepal

O Globo

Na média, as economias latino-americanas e do Caribe crescerão 2,2%, na previsão do organismo



A economia brasileira deverá crescer 1,4% este ano, uma das menores taxas do países da América Latina, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Na média, as economias latino-americanas e do Caribe crescerão 2,2%, abaixo dos 2,7% previstos anteriormente em abril pela Cepal.

De acordo com os analistas da Cepal, a economias da região estão sendo afetadas pela queda da demanda externa, pelo baixo dinamismo da demanda interna, pelo investimento insuficiente e por um limitado espaço para a implementação de políticas que impulsionem a reativação.

O relatório indica que a desaceleração econômica observada no último trimestre de 2013 manteve-se nos primeiros meses de 2014, o que fará com que a região apresente um crescimento inferior ao do ano passado, de 2,5%. Entretanto, a Cepal aponta que uma possível melhora no desempenho de algumas das principais economias do mundo poderá permitir mudança a essa tendência para o final de 2014.

"Em todos os casos é importante aumentar o investimento e a produtividade, para garantir, no médio prazo, uma mudança estrutural com igualdade, afirmou Alicia Bárcena, secretária-Executiva da Cepal.

Na região, o maior crescimento em 2014 será apresentado pelo Panamá, segundo a Cepal, com uma elevação em seu Produto Interno Bruto (PIB) de 6,7%. Em seguida, aparece a Bolívia (5,5%), a Colômbia, a República Dominicana, o Equador e a Nicarágua, com expansões de 5,0%.

Espera-se que a América Central com o Haiti e a República Dominicana cresça 4,4%, enquanto que a América do Sul se expandirá 1,8%, ainda que com uma ampla diversidade entre os países. O Caribe crescerá 2,0%, um crescimento acima dos 1,2% registrado em 2013.

O documento indica que a redução no ritmo de crescimento desses países decorre de diferentes fatores, quando se analisa caso a caso. Nos casos da Argentina –cujo PIB quase não crescerá este ano – e da Venezuela –que apresentaria uma retração de -0,5%, os dados disponíveis para os primeiros meses do ano refletem o impacto de alguns desequilíbrios que vinham se manifestando nos últimos anos.

No Chile e no Peru, que se expandirão 3,0% e 4,8% respectivamente, a queda do dinamismo econômico em 2014 está ligada a um menor nível de investimento e à desaceleração no consumo das famílias.

No México espera-se uma recuperação do crescimento este ano, de 2,5% frente aos 1,1% de 2013), ao passo que o Brasil apresentará uma expansão menor, de 1,4%, comparada com os 2,5% do ano passado.

De acordo com a análise da Cepal, a retomada do crescimento econômico dos Estados Unidos beneficiará o México e os países da América Central, enquanto a recuperação do Reino Unido e de várias economias da zona do euro terá um impacto positivo, em especial no Caribe, devido ao maior fluxo de turistas.

O menor crescimento da China previsto para 2014 é o principal risco, ressalta o relatório. As economias da região mais especializadas na exportação de matérias-primas, como o Brasil, destinadas a este país poderão ser afetadas se a economia chinesa não conseguir manter seu crescimento acima de 7%.

Além disso, o relatório acrescenta que no médio prazo espera-se que a região enfrente uma demanda menos dinâmica de seus principais bens de exportação e um encarecimento do financiamento externo.

O relatório alerta que “a política macroeconômica deve reorientar-se, buscando criar as condições para o crescimento sustentado e aumentos da produtividade. Para isso é necessário propiciar um aumento do investimento (público e privado) na infraestrutura e inovação e fomentar a diversificação produtiva”.