Sempre que podem, os ditos "sem-terra" reclamam publicamente da presidente
Dilma Rousseff porque ela, corretamente, desapropriou menos terras para a
reforma agrária do que Fernando Henrique Cardoso. Mas eles se queixam de barriga
cheia: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), faça o que fizer,
destrua o que destruir, será sempre beneficiado pelo governo petista com
generosas verbas públicas - que garantem sua sobrevida como "movimento social",
mesmo que não haja mais a menor justificativa para sua existência, a não ser
como caso de polícia.
Segundo revelou o Estado, uma entidade ligada ao MST recebeu dinheiro da
Petrobrás, da Caixa Econômica Federal, do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) para realizar um congresso de sem-terra - e foi nesse evento, em
Brasília, no último dia 12/2, que o MST reafirmou sua verdadeira natureza:
criminosa e hostil às instituições democráticas.
Milhares de militantes atacaram policiais que tentavam impedi-los de invadir
o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. O saldo de feridos deu a
exata medida do ânimo violento dos manifestantes: 30 policiais (8 em estado
grave) e apenas 2 sem-terra.
Os militantes lá estavam para cobrar de Dilma que acelerasse a reforma
agrária, mas o protesto incluiu críticas ao julgamento do mensalão, ao uso de
agrotóxicos e à espionagem americana. No balaio do grupo que diz defender desde
a estatização completa do sistema produtivo nacional até a "democratização da
comunicação" cabe tudo. Foi essa impostura que recebeu farto financiamento do
governo para uma manifestação que, como era previsível, degenerou em
quebra-quebra.
A injeção de dinheiro público no MST e em outras entidades de sem-terra que
se envolvem em banditismo e ameaças ao Estado de Direito não é novidade. Em
2006, cerca de 500 desses militantes invadiram a Câmara dos Deputados, sob o
comando de um petista histórico, Bruno Maranhão, dono de uma entidade que
recebera R$ 2,2 milhões para "capacitação" de assentados. Segundo o Tribunal de
Contas da União, esse dinheiro simplesmente sumiu.
Três anos mais tarde, o MST invadiu, depredou e saqueou a Fazenda Santo
Henrique, da empresa Cutrale, em Borebi (SP). Naquela ocasião, os repasses de
verbas públicas para o grupo e seus associados haviam chegado a R$ 115 milhões
em cinco anos. Só no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
aumento fora de 315% em relação ao governo anterior. E o MST ainda tentou
engordar o caixa vendendo produtos que seus militantes roubaram da Cutrale.
É esse histórico de leniência e de cumplicidade que explica por que a estatal
de petróleo e dois dos principais bancos federais de fomento continuaram a
bancar esses desordeiros sem nenhum constrangimento. No presente caso, a
Petrobrás deu R$ 650 mil, a Caixa pagou R$ 200 mil e o BNDES contribuiu com
outros R$ 350 mil para um convescote intitulado "Mostra Nacional de Cultura
Camponesa", organizado por uma certa Associação Brasil Popular (Abrapo), ligada
ao MST, e que foi o principal evento do congresso de sem-terra. Já o Incra
bancou, com R$ 448 mil, a estrutura da Feira Nacional de Reforma Agrária. Em
nenhum caso houve licitação.
Tanto a Caixa como o BNDES argumentaram que o patrocínio tinha como objetivo
ampliar sua visibilidade no setor agrícola. A Caixa, por exemplo, informou que o
evento "valoriza a população campesina brasileira e oferece oportunidade de
intercambiar conhecimentos e culturas do País". Já a Petrobrás considera que o
congresso "alinha-se ao programa Petrobrás Socioambiental na linha dedicada à
produção inclusiva e sustentável". A estatal está tão animada com os sem-terra
que vai financiar a produção de CDs do MST com "canções infantis no meio
rural".
Nenhuma das empresas comentou sobre os possíveis danos à sua imagem por causa
dos tumultos do dia 12. Mas o governo não parece muito preocupado. No dia
seguinte aos atos de selvageria, como se sabe, os vândalos foram recebidos pela
presidente Dilma em pessoa.