quarta-feira, 5 de março de 2014

Reservatórios das principais hidrelétricas têm menor nível desde 2001. De apagão em apagão Dilma leva país ao racionamento

Reservatórios das principais hidrelétricas têm menor nível desde 2001, ano do racionamento

  • No último dia 28, volume das usinas das regiões Sudeste/Centro-Oeste era de 34,6%
  • Pior ano da crise energética registrou capacidade de 34,5%
Ramona Ordoñez - O Globo

A usina de Itumbiara está próximo de alcançar apenas 15% da capacidade de seu reservatório Foto: Ueslei Marcelino / Reuters / 10/01/2013
A usina de Itumbiara está próximo de alcançar apenas 15% da capacidade de seu reservatório Ueslei Marcelino / Reuters / 10/01/2013

Com o chamado período de chuvas terminando no próximo mês de abril, as chuvas continuam fracas, insuficientes para elevar o nível dos reservatórios das principais usinas hidrelétricas do país, que continuam em franca queda. No último dia 28 de fevereiro o nível dos reservatórios das Regiões Sudeste/Centro-Oeste era de 34,6%, praticamente o mesmo da média de março de 2001, ano do racionamento, que foi de 34,5% e abaixo dos 37,1% verificados no dia 10 de fevereiro último. Na Região Sul a situação também é crítica com o nível em 38,6%, bem abaixo dos 47,4% de 10 de fevereiro último.

Já na Região nordeste o nível tem se mantido praticamente igual nas últimas semanas; 42,1% no último dia 28 contra 42,7% no dia 10 de fevereiro. Na Região Norte, devido ao forte volume de chuvas que vem caíndo nas últimas semanas, o nível subiu para 81,7%, contra 69.7% no dia 10 de fevereiro último.

Das usinas que integram o sistema Sudeste/Centro-Oeste, a usina de Itumbiara, no Rio Paranaíba, está com apenas 16,2% de água armazenada em seu reservatório. Já a usina de Furnas, no Rio Grande, está com 32,9% de armazenamento.
O presidente do instituto Acende Brasil, de pesquisas do setor elétrico, Cláudio Sales, disse que a situação é muito preocupante porque, além de janeiro e fevereiro terem sido os piores meses de chuvas dos últimos anos, nos primeiros dias de março continuam fracas e portanto só resta abril para se esperar uma melhora no nível dos reservatórios. Segundo Sales, o governo vem dizendo duas inverdades: que as tarifas de energia ficaram mais baratas graças à MP 579 (que renovou os contratos de concessão de geração de energia em 2013) e que não existe risco de racionamento.

- Nenhuma das duas afirmações são corretas. Não estão dando (o governo federal) transparência para a realidade, importante para a sociedade se proteger. Por isso é preciso divulgar com clareza a realidade que temos , para a sociedade ser bem informada e gastar o mínimo de energia possível - destacou Sales.

Segundo o presidente do Acende Brasil, já se fala no mercado da hipótese de alguns consumidores eletrointensivos estariam poupando energia reduzindo o seu consumo para liberar para o mercado, aproveitando os preços altos da energia no mercado livre (R$ 822 o Megawatt médio).

- Tem se falado nessa hipótese de alguns consumidores eletrointensivos estarem naturalmente poupando energia, o que é um movimento voluntário muito bem-vindo - destacou Sales