quarta-feira, 26 de março de 2014

“Nunca fui tão deputada”, avisa María Corina ao bucaneiro chavista que tenta afastar do Congresso a mulher que não capitula



Blog Augusto Nunes - Veja

Caso tivesse existido na Idade da Pedra, um Diosdado Cabello seria condenado por excesso de primitivismo ao isolamento perpétuo na mais remota das cavernas. Como vive na Venezuela bolivariana, o ex-tenente do Exército que virou sargentão da tropa chavista usa a fantasia de presidente da Assembleia Nacional para ampliar o acervo de afrontas que envergonham o mundo civilizado. A mais recente foi a cassação sumária do mandato da deputada María Corina Machado.

Decidida a participar de uma sessão da Organização dos Estados Americanos (OEA), para denunciar ao mundo o que ocorre em seu país, a brava oposicionista aceitou o convite para incorporar-se temporariamente à delegação do Panamá como embaixadora suplente. Decidido a afastá-la do Congresso, Cabello alegou que a parlamentar violara dois artigos da Constituição e confiscou-lhe a cadeira. “Ainda que o tivesse feito”, ressalva um editorial do Estadão desta quarta-feira, “a cassação só poderia ser imposta pelo Tribunal Supremo de Justiça, depois de devido processo”. Mas a vítima da violência nada fez de errado.

“Um dos artigos que a deputada teria transgredido é o de número 149, que proíbe servidores públicos de aceitar cargos de governos estrangeiros sem autorização legislativa”, prossegue o editorial. “A proibição não se aplica a detentores de mandato eletivo. O outro artigo supostamente infringido, o 191, impõe a perda da cadeira a deputados que venham a aceitar ou exercer cargos públicos. O despropósito é flagrante ─  não há como equiparar o convite panamenho a María Corina à aceitação ou ao exercício de função pública”.

Ela estava em Lima quando soube do monumento à desfaçatez. “Sou deputada porque o povo me elegeu”, revidou. Nesta terça-feira, de volta a Caracas, continuou esbanjando altivez. “Nunca fui tão deputada quanto agora”, avisou já no desembarque. Como atesta o post reproduzido na seção Vale Reprise, María Corina precisou de menos de três minutos para colocar Hugo Chávez em frangalhos.

E jamais se rendeu aos cabellos que infestam a Venezuela, demonstram as fotos que ilustraram o post aqui publicado em 4 de maio de 2013.


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A foto à esquerda mostra a deputada que chegou ao Congresso para participar da sessão interrompida pela violência dos devotos de Hugo Chávez. A foto à direita mostra a María Corina que chegou ao hospital depois das agressões selvagens. Somadas, mostram que Diosdado Cabello é apenas um canalha a serviço da seita que tem como único deus um cadáver em decomposição (que de vez em quando vira passarinho). É um reincidente sem remédio, prova o vídeo que mostra o bucaneiro chavista em ação na tarde de 16 de abril de 2013.




“Eu me sinto mais deputada do que nunca”, reiterou María Corina antes de informar que não sairá do lugar que é seu por vontade do povo. Cabello que se cuide: em poucas horas, vai constatar de novo que está lidando com uma mulher que não capitula.