quinta-feira, 27 de março de 2014

Bolsa sobe mais de 2% e dólar cai a R$ 2,29 com pesquisa que revela queda na popularidade de Dilma

Bolsa sobe mais de 2% e dólar cai a R$ 2,29 com pesquisa de popularidade do governo em pauta

 
  • Dólar é negociado a R$ 2,29, a menor cotação em quatro meses
  • Investidores também analisam dados do PIB americano e relatório de inflação
João Sorima Neto - O Globo
Com agências internacionais
 
 
O mercado reage positivamente a uma pesquisa que mostra queda de popularidade do governo da presidente Dilma Roussef, segundo operadores de mercado. O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, abriu em alta e ganhou fôlego: às 10h58m, o índice subia 2,07% aos 48.959 pontos e volume negociado de R$ 1,3 bilhão.

Na primeira pesquisa CNI/Ibope de 2014, a popularidade do governo da presidente Dilma Rousseff caiu para 36%, contra uma avaliação de 43% no levantamento de novembro de 2013 e divulgada em dezembro do ano passado. A queda foi de sete pontos. O percentual daqueles que acham o governo ruim subiu a 27% de 20% na pesquisa anterior.

- A reação positiva do mercado à queda de popularidade do governo, na verdade é um questionamento da postura que Brasília na forma de encarar a deterioração do crescimento da economia, da inflação e da parte fiscal. Hoje, temos um quadro diferente do da eleição passada, quando se encerraram os oito anos do governo Lula. A situação econômica quando Lula saiu era muito boa. O que se criticava era a forma de conduzir uma coisa ou outra. Agora, nesta campanha eleitoral já há fatos concretos na economia mostrando deterioração, como inflação rodando acima de 6% e baixo crescimento econômico. O mercado vê a queda de popularidade do atual governo como uma janela a ser explorada pela oposição, aumentando a possibilidade de que não haja uma reeleição já no primeiro turno - diz Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos, uma empresa do grupo Vinci Partners.

Na semana passada, as ações de empresas estatais subiram quase 10%, em dois dias, diante da expectativa de que um pesquisa eleitoral mostrasse uma diminuição nas intenções de voto para a presidente Dilma, o que acabou não acontecendo.

- Hoje, a pesquisa da CNI trouxe o que o mercado queria: uma sinalização que a reeleição de Dilma não está liquidada - diz um analista de uma corretora de São Paulo.

Entre as maiores altas do pregão estão ações correlacionadas com o governo. As ações ordinárias da Eletrobras apresentam o maior ganho, com valorização de 5,35% a R$ 6,10. Os papéis da elétrica são seguidos pelas ações ordinárias da Petrobras, com ganho de 4,43% a R$ 14,39 e as preferecnais da petrolífera avançam 4,10% a R$ 14,99.

As ações da Petrobras também sobem com a notícia de que a oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff no Senado pediu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a empresa.

Segundo Henrique Kleine, analista-chefe da Magliano Corretora, as recentes denúncias envolvendo a Petrobras fazem os investidores enxergar a possibilidade de uma "limpeza" na companhia estatal.

- A reação positiva do mercado à queda de popularidade de Dilma, na verdade é um questionamento da postura do governo de encarar a deterioração do crescimento da economia, da inflação e da parte fiscal. Hoje, temos um quadroadiferente do da eleição passada, quando se encerraram os oito anos do governo Lula. A situação econômica quando Lula saiu era muito boa. O que se criticava era a forma de conduzie uma coisa ou outra. Agora, nesta campanha eleitoral já há fatos concretos na economia mostrando deterioração. O mercado vê a queda de popularidade do governo como uma janela a ser explorada pela oposição, aumentando a possibilidade de que não haja uma reeleição já no primeiro turno - diz Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos, uma empresa do grupo Vinci Partners.

Dólar volta a recuar frente ao real

O dólar comercial volta a se desvalorizar frente ao real na sessão desta quinta-feira e opera abaixo de R$ 2,30. Às 11h03m, a moeda americana perdia 0,69%, sendo negociada a R$ 2,290 na compra e R$ 2,292 na venda, menor cotação em quatro meses. Na mínima do dia, a moeda americana foi negociada a R$ 2,291 e na máxima subiu até R$ 2,310. No exterior, a moeda americana também recua em relação a divisas de países ligados a commodities.

A expectativa de mais fluxo de recursos entrando no país volta a derrubar a cotação da moeda americana, segundo operadores. O mercado está na expectativa de que o Tesouro Nacional anuncie uma captaçao em euros, nesta quinta.

- Foi só o Banco Central anunciar que vendeu todos os 4 mil contratos que ofereceu para o mercado voltar a especular com um dólar abaixo dos R$2,30. Ajudou também para a queda da moeda, a divulgação da pesquisa CNI/Ibope, que mostrou piora nas avaliações do governo Dilma. A interpretação por parte do mercado é de que um governo de oposição gerenciaria melhor as contas públicas brasileiras e a sua economia - diz Jefferson Luiz Rugik, operador de câmbio da corretora Correparti.

Além dos 4 mil contratos novos de swap cambial tradicional ofertados, o equivalente a US$ 198,2 milhões, o BC vai rolar mais 10 mil contratos que vencem em abril.

Ontem, o BC sinalizou que não tem interesse num dólar abaixo de R$ 2,30, durante o leilão de novos contratos de swap cambial realizado pela manhã. A autoridade monetária rejeitou propostas abaixo de R$ 2,30. Com isso, dos 4 mil contratos ofertados, só foram vendidos 2,4 mil, totalizando R$ 118,9 milhões. Essa mudança de estratégia, fez o dólar inverter a tendência de queda e subir a R$ 2,31.
Em seguida, o BC ofertou os 10 mil contratos da rolagem de contratos que vencem em abril. O mercado comprou todo o lote porque existe a expectativa de que a autoridade monetária não role na totalidade os US$ 10 bilhões que vencerão no dia 1º do próximo mês.

- No leilão da rolagem, as propostas já ficaram em torno de R$ 2,31 e o BC conseguiu vender todos os contratos. Em seguida, a autoridade monetária voltou a ofertar os 1,6 mil contratos (totalizando R$ 79,1 milhões) que não tinham sido vendidos no primeiro leilão e conseguiu colocar todos no mercado por um valor acima de R$ 2,30. Foi uma mudança de estratégia do BC, mostrando que está confortável com um dólar entre R$ 2,30 e R$ 2,35, mas não quer que a moeda caía abaixo dos R$ 2,30 - analisa Ricardo Gomes, diretor da corretora Correparti.

O BC informou que não há mudança na política cambial.

O mercado também acompanha a divulgação de dados da economia americana. O Departamento do Comércio informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre, nos EUA, subiu 2,6% ante o mesmo período de 2012. O dado veio em linha com a previsão de analistas. No terceiro trimestre, houve expansão de 4,1% ante o trimestre anterior em termos anualizados.

Os investidores também analisam o Relatório Trimestral de Inflação, referente ao primeiro trimestre de 2014, divulgado nesta manhã pelo Banco Central. Segundo o documento, a inflação prevista para este ano é de 6,1%, ante 5,6% do relatório anterior.