Como um desconhecido boêmio mineiro, com um histórico de
fracassos empresariais, conseguiu liderar a maior fraude bancária da
história do Brasil e prejudicar dezenas de milhares de funcionários
públicos
Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master | Foto: Divulgação
Quando Daniel Vorcaro foi preso, estava sorrindo. As imagens
da câmera de segurança do Aeroporto de Guarulhos (SP)
mostram o diretor-presidente do Banco Master recebendo
voz de prisão de um policial federal. O rosto parece entre o
divertido e o incrédulo.
O executivo de 42 anos passava pelo controle de raio-X para embarcar
em seu jato particular Falcon 7X, avaliado em R$ 200 milhões, que
aguardava na pista com motores já ligados, pronto para decolar em
direção à ilha de Malta, no Mediterrâneo.
Câmeras de segurança flagram o momento em que Daniel Vorcaro é preso no Aeroporto de Guarulhos (SP) | Foto: Reprodução/G1
Com camisa desabotoada até quase o umbigo, terno ajustado, cabelo
com gel puxado para trás e celular na mão, deve ter achado tudo
aquilo uma brincadeira. Ou estar confiante de que seus contatos poderosos em Brasília o libertariam em poucos minutos. Apenas o
tempo de um telefonema.
Não foi assim. Cercado por 15 policiais federais, acabou sendo levado
para o centro de detenção provisória da cidade aeroportuária, onde
permaneceria por 12 dias. Aparentemente sem perder o sorriso, como
mostram as fotos tiradas na prisão, nas quais aparece ao lado de um
guarda armado de fuzil. De camiseta branca, boné verde do Los
Angeles Dodgers e uma Bíblia de Estudo Almeida debaixo do braço.
Difícil saber se o riso era fruto da falta de noção sobre os
acontecimentos ou da certeza da impunidade. Mesmo sendo o
responsável pela maior crise bancária da história do Brasil, com um
rombo de R$ 41 bilhões no Fundo Garantidor de Crédito (FGC) — mais
do que dobrando o escândalo do Bamerindus, que em 1997 tinha
acumulado um passivo de pouco menos de R$ 20 bilhões. Sem contar
os outros bilhões de reais perdidos no Master por fundos de pensão de
empresas públicas estaduais, que deixarão dezenas de milhares de
trabalhadores sem aposentadoria.
Momento em que Daniel Vorcaro sai da prisão | Foto: Reprodução/Jurinews
Incompetência e ousadia
Daniel Vorcaro nunca conseguiu administrar algo. Estudante
medíocre e boêmio, aos 19 anos recebeu do pai, um empreiteiro de
Minas Gerais, uma empresa de educação chamada PQS
Empreendimentos Educacionais Ltda. e outra de livros didáticos. Seu
objetivo era tocar os negócios, juntando as duas operações. Fracassou
e foi forçado a vender para uma rede de escolas de Belo Horizonte.
Voltou a trabalhar com o pai, até que se tornou sócio de um fundo de
investimento de cemitérios, que também deu com os burros n’água.
Foi investigado por manipulação do mercado, mas optou por encerrar
o caso por meio de um Termo de Compromisso e pagou R$ 2,2 milhões
para evitar punições adicionais.
Tentou construir um hotel de luxo em Belo Horizonte, utilizando
incentivos concedidos pela prefeitura para aumentar a capacidade de
hospedagem às vésperas da Copa do Mundo de 2014. Adquiriu um
prédio abandonado em uma região decadente da capital mineira e
assim começaram as obras para o Golden Tulip, uma torre de vidro de
37 andares, com heliponto, restaurantes, SPA e um centro de
convenções de 7 mil metros quadrados. A obra, orçada em R$ 200
milhões, em parte com dinheiro público, tinha que estar pronta até o
dia 30 de março de 2014. O dinheiro acabou e o hotel não foi
concluído.
Vorcaro foi resgatado novamente pela construtora do pai, até que
encontrou Saul Sabbá, dono do Banco Máxima, praticamente falido. A
gestão fraudulenta de Sabbá tinha provocado um rombo tão grande no
caixa que o Banco Central (BC) foi forçado a inabilitá-lo. A solução foi
oferecer o Máxima para Vorcaro, que aceitou na hora.
Com outros dois sócios, o empresário injetou a liquidez mínima para
que o Máxima voltasse a funcionar. Pediu autorização para o Banco
Central para operar, mas só a obteve dois anos depois, em 2019, após
inúmeras viagens a Brasília.
O golpe de sorte foi a mudança na estratégia do BC em relação ao
mercado bancário, tradicionalmente muito concentrado no Brasil.
Para favorecer a concorrência, autorizou naquele período um grande
número de entidades de crédito, entre bancos e fintechs.
Em 2021, Vorcaro mudou o nome do banco para Master e começou a
escalada. Em apenas cinco anos, a instituição passou de um
patrimônio líquido de R$ 200 milhões para R$ 4,7 bilhões, com uma
carteira de crédito que avançou de R$ 1,4 bilhão para R$ 40 bilhões.
Um crescimento de quase 100% ao ano, todos os anos. Nenhum banco
brasileiro, nas últimas três décadas, conseguiu ter uma expansão
dessa magnitude em tão pouco tempo.
Isso deveria ter chamado a atenção de muita gente. Principalmente
das autoridades de vigilância, e em especial pela forma como o Master
captava recursos do mercado. O banco oferecia Certificados de
Depósito Bancário (CDBs) com juros 30% mais altos do que
a concorrência.
O problema não era apenas a ousadia na remuneração de seus papéis,
mas como os recursos captados eram aplicados. Com juros tão
elevados, seria necessário investir em atividades com um retorno
ainda maior para poder devolver o dinheiro aos clientes, algo muito
difícil de ser encontrado no mercado. O Master fazia exatamente o
oposto: desembolsava bilhões em empresas em recuperação judicial
ou com sérios problemas econômicos, apostando que dariam a volta
por cima e passariam a operar no azul. Não foi o que aconteceu e o
banco não recebeu o dinheiro de volta.
Boa parte das empresas que receberam recursos do Master é
controlada ou investida pelo empresário Nelson Tanure — entre elas, a Oi, a Light — ou é de amigos dele, como a Ambipar. Tanure
não aparece oficialmente como sócio do banco, mas a Polícia Federal e
o Ministério Público Federal abriram um inquérito para verificar se
Tanure seria o controlador real do Master. Relatórios técnicos e
informações de mercado geraram a suspeita de que o empresário
usaria uma série de fundos de investimento, denominados Aventti,
Estocolmo e Banvox, para controlar indiretamente o banco.
Empresário Nelson Tanure, conhecido por investir em empresas em dificuldades financeiras | Foto: Wikimedia Commons
Uma das operações que mais levantaram suspeitas sobre essa relação
especial entre Tanure e o Master foi a compra de ações da Ambipar
entre junho e agosto de 2024. Em poucas semanas, o valor dos papéis
disparou mais de 800%, sem qualquer conexão com os resultados
econômicos da empresa, que não conseguia produzir números
positivos havia anos.
Segundo uma investigação aberta pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), foram realizadas operações coordenadas entre
fundos associados ao Master e a Tanure na compra de ações da
Ambipar, o que poderia se enquadrar no crime de manipulação de
mercado. A suspeita é que essa operação tenha sido uma “troca de
favores” que permitiu à empresa aumentar seu valor de mercado,
elevou o patrimônio do Master e permitiu que Tanure conseguisse as
garantias necessárias para outra operação: a compra da estatal
paulista Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) em leilão.
Amizades poderosas
Além de Tanure, Vorcaro mantinha relações estreitas com o poder. Ele
se gabava de ter feito “fortes amigos” em Brasília, de que “no Brasil
não tem como andar se não tiver esse tipo de proteção” e de que, sem o
apoio de poderosos, não estaria no lugar aonde chegou. “O networking
é algo bem relevante para querer criar algum tipo de
empreendimento”, disse durante uma palestra em 2024. “É necessário
criar conexões que favoreçam seu negócio.”
Patrocinador de peso dos principais grupos de lobby do Brasil, como o
Lide, do ex-governador João Doria, o Esfera, de João Camargo, e o
Grupo Voto, de Karim Miskulin, o Master financiou vários eventos no
Brasil e no exterior. Os convescotes reuniam empresários, políticos e,
principalmente, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de
outras cortes superiores.
Um dos mais falados foi o Fórum Jurídico Brasil de Ideias, realizado no
Hotel Peninsula, um dos mais luxuosos de Londres, em abril de 2024.
Entre os convivas, os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e
Dias Toffoli, além do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, o
procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O evento, cujo objetivo era
discutir problemas do Brasil, ocorreu a 9 mil quilômetros de distância
e a portas fechadas.
O Master financiou também a Lide Brazil Conference de Nova York, em
novembro de 2022, eternizada pelo infame “perdeu, mané, não amola” pronunciado pelo ministro Luís Roberto Barroso contra um
manifestante. O Fórum Esfera Internacional de Paris, em outubro de
2023, e o de Roma, um ano depois, ou o Fórum Empresarial Lide no
Rio de Janeiro, em agosto de 2024. Todos os eventos locados em hotéis
de luxo contaram com a presença de Moraes, Mendes, Barroso e Dias
Toffoli, entre outros.
Além das mordomias, Vorcaro frequentemente emprestava seus três
jatinhos de luxo para os amigos poderosos de Brasília se deslocarem
dentro e fora do Brasil. Mais do que isso, os contratava diretamente. O
ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, imediatamente após ter
deixado o STF, se tornou membro do Comitê Consultivo Estratégico do
Master, assim como dois ex-presidentes do Banco Central, Henrique
Meirelles e Gustavo Loyola.
O networking deve ter funcionado, pois Vorcaro foi liberado menos de
duas semanas depois de ser preso e Dias Toffoli decretou sigilo
máximo no processo do Master poucas horas após viajar de jatinho
particular para Lima, no Peru, onde foi assistir à final da Copa
Libertadores. No mesmo voo estava um dos advogados do Master,
Augusto Arruda Botelho, ex-secretário de Justiça do governo Lula, que
atua no processo defendendo o diretor de compliance do Banco, Luiz
Antônio Bull.
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli | Montagem: Revista
Oeste/Shutterstock/Reprodução
Vorcaro tinha grandes aliados também no Legislativo, especialmente
no centrão. É o caso do senador Ciro Nogueira (PP-PI), onipresente nos
eventos patrocinados pelo Master, e que, em 2024, apresentou uma
emenda para elevar de R$ 250 mil para R$ 1 milhão a cobertura do
FGC. O jabuti foi incluído na PEC da Autonomia Financeira do Banco
Central e não passou despercebido, tanto que ganhou a alcunha de
“Emenda Master” por favorecer diretamente títulos como CDBs,
carros-chefe do banco.
Outro episódio mostrou o tamanho da força do Master. Em julho de
2024, dois gerentes da Caixa Econômica Federal, feudo do PP,
opuseram-se à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras
financeiras do Banco Master. Foram sumariamente demitidos. A área
técnica de Renda Fixa da Caixa Asset tinha desaconselhado a
aquisição, classificando-a como “arriscada” e “atípica” para os
padrões da instituição estatal. Mesmo assim, a diretoria queria
proceder. Diante da repercussão, a aquisição foi abortada.
Mas o mais grave foi a tentativa de aprovar um projeto de lei que
permitiria ao Congresso Nacional demitir integrantes da diretoria do
BC. Apresentado pelo deputado Cláudio Cajado (PP-BA), teve o apoio
dos líderes das bancadas do MDB, PP, União Brasil, PL, PSB e
Republicanos. Não prosperou pela oposição do corpo técnico do Banco
Central. O projeto foi protocolado poucos dias antes da decisão do BC
sobre a compra do Master pelo Banco de Brasília (BRB). Sentindo que a
autorização não seria concedida, muita gente no Legislativo atuou
para pressionar o Banco Central. Não adiantou, e a operação foi
vetada.
Desespero e fracasso
A aquisição do Master pelo BRB foi uma última tentativa de Vorcaro de
salvar o banco. Em 2025, o Master teria que reembolsar R$ 12 bilhões
de CDBs em vencimento. Diante dos sérios problemas de balanço que
a instituição financeira apresentava, em dezembro de 2024, Vorcaro e
seus sócios foram convocados pelo então presidente do BC, Roberto
Campos Neto, para uma reunião em Brasília. Na ocasião, foram
intimados a recapitalizar o Master com R$ 2 bilhões até o dia 31 de março, ou o banco seria liquidado compulsoriamente.
Dinheiro que
eles não tinham, ou não queriam desembolsar.
Milagrosamente, no dia 28 de março, o BRB anunciou ao mercado a
compra do Master e, contextualmente, a injeção de R$ 2 bilhões.
Exatamente o valor do aporte de capital exigido pelo BC — uma
operação considerada no mínimo ilógica pelo mercado.
Paulo Henrique Costa foi demitido da chefia do BRB | Foto: Divulgação/BRB
Raramente se viu um banco menor tentar absorver um banco de
maior dimensão. Muito menos um banco estatal e regional como o
BRB em relação a um banco privado e nacional como o Master. Mas a
pressão do governo do DF, controlador do BRB, foi mais forte. Sem
contar que o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, é apadrinhado
por Nogueira e já havia ocupado uma vice-presidência da Caixa. A
compra foi vetada pela justiça do DF por suspeitas de irregularidades,
mas mesmo assim a Assembleia Legislativa local votou a toque de
caixa uma lei autorizando a transação. Em setembro, o Banco Central
proibiu a compra.
Mesmo com essas negativas, o BRB já tinha transferido cerca de R$ 12
bilhões para os cofres do Master com a compra de uma carteira de
crédito que se descobriu ser fictícia. Vorcaro jurou ter adquirido a carteira de duas associações de servidores públicos da Bahia: a Asteba
e a Asseba. Os contratos, contudo, eram atribuídos a pessoas físicas
que residiam em outros Estados. As apurações do BC mostraram que
os papéis foram comprados pelo Master de uma outra fonte, a Tirreno
Promotoria de Crédito, considerada pela Justiça como uma empresa
de fachada.
O dinheiro dos investidores financiou a dolce vita de um mineiro bon-vivant,
que conseguiu — com a cumplicidade de muita gente — dar o maior golpe da
história do Brasil.
Foi essa a razão que levou à prisão de Vorcaro no aeroporto de
Guarulhos e ao afastamento do presidente do BRB, Paulo Henrique
Costa, em seguida demitido pelo governador do Distrito Federal,
Ibaneis Rocha.
Fraude dos aposentados
Mais uma vez, as maiores vítimas da fraude do Banco Master serão os
brasileiros mais vulneráveis, como trabalhadores de empresas
públicas de vários Estados e municípios brasileiros, que confiaram
suas poupanças compulsórias a fundos de pensão que lhes deveriam
garantir uma aposentadoria digna. Dezoito fundos de pensão de
servidores públicos compraram papéis do Master muito além da
cobertura oferecida pelo FGC, como mostrou a reportagem da edição
297 de Oeste. É o caso da Rioprevidência, responsável pela
aposentadoria dos servidores do Estado do Rio de Janeiro, que aplicou
quase R$ 1 bilhão em títulos do banco. Agora que o Master quebrou,
receberá apenas R$ 250 mil.
A operação Compliance Zero está apurando se essas operações foram
realizadas pela atratividade dos CDBs do Master ou por pressão dos
amigos poderosos de Vorcaro. Empresas públicas e privadas também
embarcaram nos papéis do Master, como a rede de tratamento de câncer Oncoclínicas, que investiu R$ 433 milhões, e a concessionária
fluminense de saneamento Cedae, com R$ 200 milhões.
Aparentemente, o Master usou recursos de fundos de pensão
estaduais desde o começo de sua trajetória. Se a Justiça brasileira
funcionasse, Vorcaro teria sido preso há pelo menos seis anos. Em
2019, um juiz federal de Rondônia decretou sua prisão em um
processo por aplicações financeiras feitas pelo Instituto de
Previdência Social dos Servidores Públicos do município de Rolim de
Moura (RO), o Rolim Previ. A ordem nunca foi cumprida. Vorcaro
também tentou manter esse caso em segredo de Justiça, alegando que
a exposição poderia prejudicá-lo. E conseguiu: ainda hoje o processo
permanece inacessível.
Luxo e ostentação
Com a avalanche de dinheiro que ingressou no banco em pouco
tempo, Vorcaro dedicou-se àquilo que melhor sabia fazer: ostentar
uma vida de luxo. Nas redes sociais, o banqueiro aparecia
constantemente surfando em praias paradisíacas, nos Alpes suíços ou
em festas de altíssimo padrão. Sempre rodeado de mulheres
deslumbrantes.
“O principal item que eu posso falar sobre é ter um
propósito”, disse em 2024, quando convidado para discursar na Brazil Conference do MIT de Boston.
“Sem propósito, não tem meta, nem
projeção de onde chegar.”
Em menos de cinco anos, Vorcaro comprou mansões no Brasil e no
exterior por centenas de milhões de reais — como a de Trancoso, no
litoral baiano, adquirida por R$ 280 milhões, rodeada por um enorme
parque privativo de Mata Atlântica. Outra propriedade, em Miami, foi
comprada por R$ 460 milhões — a transação mais cara já realizada na
cidade americana. Também adquiriu três jatinhos Falcon 7X, Dassault
Falcon 2000 e Gulfstream GV-SP por um valor total superior a R$ 1
bilhão.
Jatinho particular que seria usado por banqueiro para deixar o país, segundo a Polícia Federal - Foto: Divulgação/PF
Além disso, Vorcaro se tornou acionista do Atlético Mineiro,
comprando 20% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) que controla
o time por R$ 300 milhões.
Sem contar as extravagâncias imobiliárias de um banco pequeno, mas
com claros sinais de megalomania. Como a sede faraônica na Vila
Olímpia, em São Paulo, ou o aluguel recorde no 830 Brickell Plaza, em
Miami, prédio mais alto da cidade, no qual nunca ocupou o escritório
de quase 2,5 mil metros quadrados. A mesma coisa em Londres, onde
o Master alugou um espaço no 22 Bishopgate, o prédio mais alto e um
dos mais exclusivos da capital britânica, em que nem sequer os
bancões brasileiros ousariam se instalar.
A influenciadora Karolina Trainotti, de 29 anos, recebeu de uma empresa ligada ao banqueiro Daniel Vorcaro um apartamento avaliado
em R$ 4,4 milhões na região da Avenida Faria Lima, uma das áreas mais nobres da capital paulista, em dezembro do ano passado. Ela
está definida como “sugar baby” nos autos do processo | Foto: Reprodução/Redes Sociais
O negócio começou a ficar grotesco quando se descobriu que Vorcaro
tinha doado um apartamento de R$ 4,4 milhões para uma “sugar baby”,
Karolina Santos Trainotti, cujo nome apareceu em uma operação
contra o tráfico internacional de cocaína.
Vorcaro gastou cerca de R$ 20 milhões na festa de 15 anos da filha,
realizada em agosto de 2023 em Nova Lima (MG). O evento viralizou
com um bufê caríssimo, shows dos DJs Alok, The Chainsmokers,
Dennis DJ, entre outros, e um bolo de R$ 25 mil, que chegou de avião de São Paulo. Para deixar os 500 convidados mais à vontade, o
executivo asfaltou uma rua, deu vinhos Sassicaia e ofereceu diárias no
Hotel Fasano aos vizinhos incomodados com o barulho.
Aparentemente imune às críticas ou a preocupações, e mesmo com o
Master no olho do furacão, Vorcaro decidiu festejar o Carnaval 2025
com pompa e circunstância. O banqueiro bancou um camarote na
Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, com 2,5 mil metros quadrados
distribuídos em três andares, recheado de modelos internacionais e
com chefs estrelados que prepararam pratos saboreados com bebidas
de luxo. Custo total: R$ 40 milhões. A entrada era gratuita, desde que
fosse amigo do dono.
Quando os credores do Master tentarem penhorar o patrimônio do
banco para recuperar as perdas, dificilmente encontrarão algo. Boa
parte acabou nas taças de champanhe, nas bandejas prateadas e nas
luzes que iluminaram as noites infinitas de Daniel Vorcaro. O dinheiro
dos investidores financiou a dolce vita de um mineiro bon-vivant, que
conseguiu — com a cumplicidade de muita gente — dar o maior golpe
da história do Brasil.
Daniel Vorcaro e sua namorada, a influenciadora Martha Graeff | Foto: Reprodução/Redes Sociais
Carlo Cauti - Revista Oeste