domingo, 30 de novembro de 2014

Guiada por Lula, chefe da quadrilha, Dilma ´trambique` tenta retornar para 2003

Com Blog do Josias


Cada ano novo é como um recomeço. Você tem a oportunidade de fazer os planos que quiser. Pode traçar novas coordenadas para sua vida. A primeira resolução de Dilma Rousseff para 2015, por exemplo, foi tomada por Lula. Prevê uma viagem de volta para o arrocho monetário e fiscal de 2003, primeiro ano da Era Lula.
No caminho para o passado, Dilma tentará convencer empresários e investidores de que virou outra mulher. Foi convencida de que quem ela foi até a campanha eleitoral de 2014 não estava preparada para o sucesso. Foi boa enquanto durou. Reeleita, virou outra, mais realista que Aécio Neves. Ainda é petista, mas da linha Joaquim Levy.
Se tudo correr como Lula planejou, Levy produzirá agora o mesmo arrocho que resultou nos superávits de 11 anos atrás. Depois da asfixia, o PIB colocaria a cabeça para fora do buraco a partir de 2016. E Dilma atravessaria 2017 e 2018 em triunfo. Beleza. Porém, três fatores conspiram contra a estratégia do recomeço:
1. Dilma não traz na cintura as mesmas roldanas de Lula. A parte que ela mais gosta do diálogo é quando consegue fazer o outro calar a boca.
2. Sob Lula, Levy era Secretário do Tesouro. Manuseava a tesoura no banco de trás, com o petista Antonio Palocci no volante. Hoje, Levy é o para-choque de si mesmo.
3. O mensalão, pano de fundo político de 2003, mostrou que não existiam mais coisas nossas. O petrolão, cenário de 2015, prova que só existe cosa nostra.

"Corrupção privilegiada", por Dalmo de Abreu Dallari

Jornal do Brasil

Diretores de grandes empresas empreiteiras de obras públicas, cujos nomes foram citados nos processos referentes à prática de corrupção na contratação e execução de obras de grande vulto econômico, querem que lhes seja assegurado o privilégio de serem julgados diretamente pelo Supremo Tribunal Federal. Se lhes for reconhecido esse privilégio eles não poderão ser processados e julgados pelo Judiciário do local em que tiverem sido praticados os atos agora suspeitos de terem sido viciados por corrupção, mas serão julgados longe daquele local e das circunstâncias em que os atos foram praticados, assim como de pessoas que poderão dar algum testemunho sobre fatos que influiriam na comprovação da prática de corrupção.  Desde logo, é chocante que acusados da prática de atos ilegais prejudiciais ao interesse público queiram escolher o Tribunal em que serão julgados e, mais ainda, pretendam que seus julgadores sejam apenas os integrantes da mais alta Corte do País e isso com fundamento em disposições constitucionais que são contraditórias com o espírito e os fundamentos da Constituição e cuja conveniência prática está sendo altamente questionada, a tal ponto que já existem no Congresso Nacional propostas para sua exclusão do texto constitucional.
O fundamento para essa pretensão dos acusados de corrupção de grande envergadura é a invocação artificiosa do artigo 102, inciso I, letra “b” da Constituição. Segundo esse dispositivo, compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, nas infrações penais comuns, os membros do Congresso Nacional, além de outras autoridades indicadas em outros incisos do mesmo artigo. Como as grandes obras das quais participaram aqueles acusados, e nas quais teria havido corrupção, foram intermediadas por dois Deputados Federais do Estado do Paraná, que também estão sendo acusados de participar da corrupção, alegam que o processo deverá ser um só e ter curso no Supremo Tribunal Federal, em obediência ao privilégio que a Constituição confere aos parlamentares federais.
Essa pretensão dos empreiteiros poderá ser muito útil para um despertar de consciência, para um alerta, provocando uma discussão aberta e ampla de um tema de grande importância para a prática da democracia e a compatibilidade de certos preceitos constantes da Constituição com os fundamentos constitucionais da ordem jurídica, política e social brasileira. O referido artigo 102 da Constituição trata das competências do Supremo Tribunal Federal e na enumeração dessas atribuições específicas da Suprema Corte é que se encontram os dispositivos que na linguagem dos comentadores da Constituição e na prática diária, inclusive na linguagem da grande imprensa, tem sido identificados como “foro privilegiado”, havendo quem prefira referir-se a esse tratamento constitucional de exceção como “prerrogativa de função”, pois a exceção se aplica aos ocupantes de determinados cargos ou funções. Em princípio, o privilégio de ser julgado apenas e diretamente pelo mais alto Tribunal do País, o Supremo Tribunal Federal, configura uma contradição, pois a própria Constituição, no artigo 5º, inciso XXXVII, diz textualmente: “Não haverá juízo ou tribunal de exceção”.  O que se tem alegado em defesa dessa exceção é que ela foi estabelecida a partir de considerações de interesse público e não objetivando favorecer privilegiados. A principal justificativa é que tal exceção visa proteger a função pública e não a pessoa dos ocupantes, pois eles só gozam do privilégio enquanto estiverem no exercício do cargo ou função. Argumenta-se ainda com a conveniência de proteger a coisa pública, pois o envolvimento em processos que tenham curso em diferentes tribunais e em diversos pontos do País prejudicaria o bom desempenho das atribuições inerentes ao cargo ou função, contrariando o interesse público. A par disso, a possibilidade de início do processo em Tribunais locais iria favorecer a utilização política dos processos, facilitando as iniciativas oportunistas e de má fé. Por tais motivos, alega-se que é de conveniência pública que os processos devam ter curso exclusivamente no Tribunal Superior. Um argumento adicional é que o início do processo num Tribunal local daria a possibilidade de inúmeros recursos, retardando muito a decisão final e, praticamente, contribuindo para a impunidade.  
    Ainda que esses argumentos tenham certa consistência, existem outros, em sentido oposto, que são de grande relevância. Assim, do ponto de vista da eficiência do processo e eventual punição dos culpados muitos já ressaltaram, estando entre eles alguns Ministros do Supremo Tribunal Federal, que a Corte Suprema já está sobrecarregada e não dispõe dos meios práticos para efetuar uma investigação que seja considerada necessária para ampliar e aprofundar a busca de provas e elementos esclarecedores. Além desses aspectos, tem sido suscitada uma questão jurídica, que é de grande relevância. Analisando os efeitos desse privilégio constitucional, o eminente mestre José Afonso da Silva, em seu clássico “Comentário Contextual à Constituição” (São Paulo, Ed. Malheiros, 2014), observa que a atribuição de competência originária ao Supremo Tribunal Federal impede que seja assegurada a garantia do “duplo grau de jurisdição”, ou seja, a possibilidade de recorrer a uma instância superior pedindo a mudança ou anulação de uma decisão condenatória. Aliás, essa garantia consta expressamente na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Pacto de San José de Costa Rica, de 1969, à qual o Brasil deu sua adesão, obrigando-se a aplicá-la. Diz a Convenção, no artigo 8º que especifica as garantias judiciais, que toda pessoa acusada de um delito tem, entre outros, “o direito de recorrer da sentença a um juiz ou Tribunal Superior”. Observa o eminente constitucionalista que o duplo grau de jurisdição não é um princípio expresso, mas é “um postulado de base constitucional”, podendo-se acrescentar que nas obras em que se faz a enumeração dos direitos fundamentais da pessoa humana é comum a menção expressa aos direitos de “ampla defesa e duplo grau de jurisdição”.
Em conclusão, o privilégio de jurisdição, ou prerrogativa de função, é altamente questionável e a prática brasileira dos últimos tempos tem revelado muito mais aspectos negativos do que positivos. Assim, no julgamento do caso que a grande imprensa rotulou de “mensalão” ocorreu e foi mantida na decisão final a inconstitucionalidade do julgamento originário pelo Supremo Tribunal Federal de acusados que não se enquadravam na hipótese da jurisdição privilegiada. Agora, com a reivindicação dos grandes empreiteiros, abre-se a possibilidade de uma ampla discussão, para avaliação dessa exceção constitucional e sua eventual mudança ou eliminação, para que não se utilize a Constituição como instrumento de proteção de uma delinqüência privilegiada. 

Nova York: fuja do circuito turístico com 10 passeios alternativos na cidade

Marcelo Bernardes - Folha de São Paulo


squeça a Nova York que você já viu centenas de vezes no cinema e confira dez sugestões alternativas para sua viagem:
BALADA DE LUXO
Madonna e Calvin Klein, entre outros, já subiram ao topo do Standard Hotel, em cima do parque High Line, para aproveitar a noite no bar circular com vista para o rio Hudson. A balada é considerada uma espécie de herdeira do icônico Studio 54, dos anos 1970 e 1980. www.standardhotels.com
Endereço: 848 Washington at 13th St. (metrô 14 St.). Aberto todos os dias.
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SOBREMESAS
A chef Chika Tillman prepara seus doces concorridos atrás do balcão do pequenino ChikaLicious. O menu degustação inclui três pratos, nenhum salgado. Começa com leves sorbets, passa por mini marias-moles e termina com trufas de chocolate. Todas acompanhadas por uma sugestão de vinho.
www.chikalicious.com
Endereço: 27 Bedford St. (metrô 3 ave). Aberto todos os dias.
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FEIJOADA AMERICANA
No coração do bairro do Harlem, o melhor novo restaurante dos Estados Unidos, segundo a prestigiosa lista da revista "Esquire", tem feijoada no menu. Comandada pelo chef "JJ" Johnson e com uma decoração séria e sóbria, o Cecil é um templo do exotismo caribenho com influências das cozinhas chinesa, latina e americana.
www.thececilharlem.com 
Endereço: 210 West 118th St. com a Saint Nicholas Av.. Aberto todos os dias.
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HORA DO BRUNCH
O Bubby's, restaurante de comida americana tradicional (hambúrgueres, panquecas etc.), inaugurou filial no Meatpacking District, com 17 sabores de sundaes.
www.bubbys.com
Endereço: 71 Gansevoort st., Meatpacking (metrô 14 St). Aberto todos os dias.
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CAFÉ NO MUSEU
Na mesma região do Metropolitan e do Guggenheim, no Upper East Side, a Neue Galerie é o melhor lugar para conhecer as artes austríaca e alemã, especialmente as obras do expressionista Egon Schiele (1890-1918), do simbolista Gustav Klimt (1862-1918) e de vários artistas da escola de design, artes e arquitetura Bauhaus. Mais uma grande atração do lugar é o Café Sabarsky, com menu comandado pelo chef Kurt Gutenbrunner, dono do restaurante Wallsé, no Village.
www.neuegalerie.org
Endereço: 1048 5th Ave. (metrô 86 St.). Fechado às terças e quartas.
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HOTEL DELAS
O grupo que revitalizou o icônico hotel Chelsea reformulou também o Martha Washington, que foi construído em 1903 como a primeira hospedaria exclusiva para mulheres e recebeu famosas como a primeira-dama americana Eleanor Roosevelt. Localizado a poucos quarteirões do Empire State, o hotel derrubou suas restrições ao sexo masculino e hoje se apresenta como "exclusivo para todo mundo".
www.chelseahotels.com
Endereço: 29 East 29th St. (metrô Bay St.)
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PARA COMPRAR
Paralela às ruas Lafayette e Broadway, no Soho, está a rua Crosby, o novo endereço da moda na cidade. Ela abriga o hotel cinco estrelas Crosby St., uma entrada para a loja de departamentos Bloomingdale's Soho, a livraria Housing Works Bookstore Cafe, a loja Atelier, que tem marcas como Balenciaga e Ann Demeulemeester e o restaurante indiano-paquistanês Lahore Deli.
Endereço: Rua Crosby, Soho (metrô Broadway-Lafayette st.).
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PERFUME NATURAL
A Between You & the Moon é uma loja de cosméticos com cenário inusitado. O pequeno salão no bairro de Cobble Hill lembra o set do seriado "Breaking Bad". Frascos com ervas, raízes com nomes impronunciáveis, mel, frigideiras, panela de pressão velha e um fogareiro são utilizados pela perfumista Emma Graves para criar cremes, xampus, hidratantes e perfumes feitos com ingredientes naturais. Nos fins de semana, ela dá cursos em que ensina a fazer seus próprios produtos em casa. www.betweenyouandthemoon.com
Endereço: 275 Columbia St. (metrô Essex St.). Aberto todos os dias.
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JAPONÊS CINCO ESTRELAS
O Sushi Nakazawa é considerado o melhor restaurante japonês dos EUA. O menu degustação tem 21 pratos -US$ 150 por pessoa- e é servido no bar, com apenas dez cadeiras. O chef japonês Daisuke Nakazawa é obcecado pela temperatura e pela textura dos ingredientes (o arroz branco é importado do Japão e mantido em temperatura ambiente). Todos os pratos levam peixe cru e não é possível criar uma opção vegetariana.
www.sushinakazawa.com
Endereço: 23 Commerce St. (metrô Christopher St). Fechado aos domingos.
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LOJA CONCEITUAL
O Dover Street Market, criado pelo estilista Rei Kawakubo e com filial no Japão, é uma loja de roupas conceitual, com sete andares, e que vende desde joias minimalistas até criações de designers emergentes, passando pelas novidades de nomes consagrados como o tunisiano Azzedine Alaïa e o belga Raf Simons.
www.doverstreetmarket.com
Endereço: 160 Lexington Ave. (metrô 33 St. ). Aberto todos os dias

7 CEOs que Dilma poderia nomear para a Petrobras

Com Blog Geraldo Samor - Veja




Marcelo OdebrechtSalim Mattar: Presidente do conselho da Localiza — Na sua empresa, sabe manter custos sob controle e motivar pessoas. O risco: um dos empresários mais liberais do País, vai fazer de tudo para privatizar a Petrobras. Mas para uma Presidente que já nomeou Joaquim Levy e Kátia Abreu…
Bayard Gontijo, CEO da Oi – Provavelmente toparia trocar o que tem hoje (um problema enorme) pela Petrobras (um enorme problema).
Benjamin Steinbruch, controlador da CSN — Sua empresa é muito parecida com a Petrobras: a gestão é centralizada, a dívida é assustadora e os investidores reclamam da pouca transparência. Além disso, Benjamin é conhecido por não confiar em ninguém, o que vem a calhar no caso da Petrobras.
Marcelo Odebrecht, CEO da Odebrecht — Para que usar intermediários? Todo mundo já sabe que, na Petrobras, os empreiteiros prendem e mandam soltar (piada pronta).
Rubens Ometto Silveira Mello, Presidente do conselho da Cosan — A Cosan está se preparando para listar separadamente na Bovespa todas as suas unidades de negócio. Dado o gigantismo e a complexidade da Petrobras, talvez a estatal devesse tentar o mesmo.André Esteves
André Esteves, CEO do BTG Pactual — A dívida líquida da Petrobras é de 240 bilhões de reais. Melhor chamar logo um banqueiro e, entre eles, escolher aquele capaz de vender qualquer coisa para qualquer um.
Claudio Galeazzi, especialista em reestruturação — o homem por trás da reestruturação do Pão de Açúcar e mais recentemente da BRF acaba de pedir o boné e tem dito por aí que vai fazer aulas de surf na Costa Rica. Poderia adiar suas férias e encarar as duas ondas assassinas da Petrobras: a Mavericks financeira e a Jaws jurídica. Não vai amarelar, né, Claudio?
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O Brasil tem muitos executivos talentosos, mas nenhum deles daria conta de uma empresa condenada a um transtorno de personalidade: não sabe se existe para ganhar dinheiro para seus acionistas, fazer favores para seu controlador, ou lubrificar com petrodólares as engrenagens da política.  De todos esses objetivos, apenas um faz sentido econômico e pode mantê-la como uma empresa viável.

Vídeo contagiante: o aquecimento sexy da atleta Michelle Jenneke que explodiu na web

Blog Blog Ricardo Setti - Veja


Michelle Jenneke, a australiana que está conquistando corações
Michelle Jenneke, a jovem corredora australiana que está conquistando corações mundo afora depois de sua performance no campeonato mundial de atletismo junior
Post publicado originalmente a 25 de julho de 2012
Por Rita de Sousa
Campeões-de-audiênciaEla é jovem, linda, e cheia de vida. E vem iluminando a internet nos últimos dias. Ainda não conhece? Nós apresentamos:
Michelle Janneke, 19 anos, é integrante da equipe de atletismo australiana e, apesar de não estar competindo nas Olimpíadas de Londres, talento é o que não falta.
Arrasou no IAAF Campeonato Mundial de Juniores, ocorrido entre 10 e 15 de passados, em Barcelona antes, durante de depois da prova de 100 metros com obstáculos.
Em um aquecimento vibrante, cheio de energia, já mostrava sua confiança e disposição. Durante a prova, entre um obstáculo e outro, seu sorriso mostra que era ali mesmo que queria estar. E venceu. E vitoriosa, parte para o abraço desinteressado nas suas adversárias.

A cantora Sabrina, ao som de cuja canção é o vídeo que está explodindo na web (Foto: elheraldo.es)
Confira, em diversos ângulos, a performance da atleta, genialmente encaixada por um internauta na canção “Boys (Summertime Love)”, interpretada pela italiana Sabrina Salerno — e que está explodindo no YouTube:

Gerson Schaan, chefe de Investigação da Receita Federal e a roubalheira na Petrobras: "É a operação mais importante da história"

Murilo Ramos - Epoca



O chefe de Investigação da Receita Federal afirma que a Operação Lava Jato gerará multas bilionárias – e seu gigantismo inibirá futuros sonegadores de impostos

RECADO Gerson Schaan, da Receita Federal. “Transmitimos a mensagem de que, se pegamos as grandes empresas, podemos pegar qualquer empresa” (Foto: Cândido Neto/ÉPOCA)
Gerson Schaan é o chefe da Coordenação de Pesquisa e Investigação da Receita Federal (Copei), núcleo de “espiões” especializados em combater crimes tributários. Ele comanda uma equipe de 180 pessoas. Apenas ele tem autorização para falar do próprio trabalho em público.No dia da prisão de Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras, e de vários empreiteiros, a equipe de Schaan esteve em nove construtoras, em busca de documentos para comprovar os crimes investigados na Operação Lava Jato. Schaan participou de tantas operações assim que perdeu a conta. Diz que nenhuma se compara à Lava Jato. “Pelo volume de recursos envolvidos e efeito pedagógico, é a operação mais importante da história da Receita”, afirma.
ÉPOCA – Quando e como começou o trabalho da Receita Federal na Operação Lava Jato?
​Gerson Schaan –
 Em meados de novembro do ano passado, bem antes de a operação ser deflagrada. Com autorização judicial, a Polícia Federal pediu que quebrássemos o sigilo fiscal de algumas empresas com movimentações financeiras suspeitas. Na sequência, conseguimos ligar essas empresas aos doleiros Alberto Youssef, Carlos Chater e Nelma Kodama. Percebemos haver grande movimentação de dinheiro no Brasil e remessas consideráveis para o exterior, a título de importação. Acontece que eram empresas de fachada, não havia sentido em que fizessem tantas importações. Algumas nem estavam autorizadas a operar com comércio exterior. Ficou claro que as operações mascaravam outras irregularidades.

ÉPOCA – Como foi o trabalho a partir do momento em que a operação foi deflagrada, em  março deste ano?
Schaan –
 Entramos numa força-tarefa coordenada pelo Ministério Público Federal. Começamos a identificar quem fazia os pagamentos para as empresas de fachada e as ligações do doleiro Youssef com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. A partir daí, chegamos às atividades suspeitas que Paulo Roberto tinha como diretor da Petrobras e, depois, como consultor. Ele e alguns parentes. Descobrimos que Paulo Roberto tinha um patrimônio muito grande, a descoberto, no exterior.
ÉPOCA – Quando as empreiteiras passaram a ser o foco da investigação da Receita?
Schaan –
 Quando Paulo Roberto foi preso pela segunda vez, em junho, intensificamos o trabalho. Informações prestadas nas delações premiadas dele e de Youssef nos ajudaram a confirmar a participação das construtoras no esquema investigado. Mesmo sem as informações das delações, pudemos provar que havia pagamentos sistemáticos das construtoras a empresas ligadas aos doleiros, sem que houvesse razão para isso. Essas empresas de fachada mandavam dinheiro para o exterior e para outras finalidades.
ÉPOCA – O que a Operação Lava Jato representa para a Receita Federal?
Schaan –
 É a operação mais importante da história do país. Pudemos fechar o ciclo de investigação. Começa com os crimes contra a administração pública, que passam pelo superfaturamento das obras da Petrobras. Depois, vem o pagamento de propina a agentes públicos. Na sequência, vem a lavagem de dinheiro. Nesses aspectos, ela se assemelha ao mensalão. Só que o volume de dinheiro movimentado é maior. Seu principal legado é inibir que grandes empresas cometam fraudes, porque ficou demonstrada a capacidade de alcançá-las. Transmitimos a mensagem de que, se pegamos as grandes empresas, podemos pegar qualquer empresa. É um grande recado.
ÉPOCA – Quanto foi desviado da Petrobras?
Schaan – É difícil falar. As empreiteiras investigadas têm R$ 59 bilhões em contratos com a Petrobras. Só que são contratos que existem, têm lastro. Quanto foi superfaturado nesses contratos? Cinquenta por cento? Dez por cento? Essa noção não temos. Isso deixa a investigação mais complexa, porque há mistura de dinheiro legal e ilegal.
ÉPOCA – O que a Receita sabe sobre a movimentação financeira do esquema?
Schaan – 
Ao menos seis empresas de fachada foram usadas. Elas movimentaram R$ 540 milhões entre 2009 e 2013. Neste momento, trabalhamos na identificação de outras empresas de fachada. Somaremos os pagamentos feitos a essas empresas que não tinham razão de ser. Essas empresas podem até apresentar notas fiscais e contratos, mas sabemos que querem burlar a fiscalização. Ninguém de boa-fé faz contrato com empresa de fachada.
ÉPOCA – De quanto serão as multas aplicadas às empresas?
Schaan –
 Estimamos em mais de R$ 1 bilhão.
ÉPOCA – As multas são tão importantes quanto as prisões na Lava Jato?
Schaan –
 As multas agravam a situação dos criminosos. Elas têm o caráter pedagógico. A função é desestimular aquela pessoa ou empresa a reincidir no crime.
ÉPOCA – Apanhar as grandes empreiteiras nesse esquema mudará a imagem de que a Receita Federal só pega pequenos contribuintes?
Schaan – Essa é uma falsa visão. Concentramos nosso trabalho em grandes contribuintes. A maior parte da população só fica próxima da Receita quando cai na malha fina do Imposto de Renda. Quando faço uma autuação numa grande empresa, não tenho razão para dar publicidade a isso. Temos questões de sigilo fiscal. Numa investigação como a Lava Jato, nosso alcance aumenta por trabalharmos com a Polícia Federal e o Ministério Público.
"As multas desestimulam pessoas ou empresas a reincidir no crime"
ÉPOCA – Quanto tempo a investigação da Lava Jato levará?
Schaan – 
Outras operações grandes levaram cerca de um ano. A Lava Jato pode durar mais que isso.

ÉPOCA – Os crimes fiscais estão mais sofisticados? Como vocês se preparam para combatê-los?
Schaan –
 Os sonegadores mudam as práticas assim que fechamos as portas. Nos últimos anos, aumentou o número de intermediários para que o dinheiro ilícito seja enviado para fora. Antes eram quatro. Hoje costumam ser oito, nove.
ÉPOCA – As investigações no Brasil estão no nível das realizadas nos Estados Unidos e na Europa?
Schaan – 
Nossos métodos e treinamento estão atualizados, mas temos menos gente. Os Estados Unidos contam com 8 mil agentes especiais de investigação, com atribuição de polícia judiciária: eles investigam, fazem escutas telefônicas, bloqueiam bens e prendem. Temos 180 agentes. Para mim, a questão principal nem é essa. Há demora excessiva na condenação dos infratores e no recebimento dos valores das multas. Essa situação estimula o mau pagador a não pagar. É injusto com quem paga impostos em dia.
ÉPOCA – A Lava Jato pode mudar isso?
Schaan – Tomara. Já existem condenações na primeira instância. Mas essa não é a regra. Trabalhamos em outras operações em que as empresas dificilmente são punidas. A diferença crucial entre o Brasil e os Estados Unidos é essa. Lembro bem o caso de um brasileiro (o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer) detido nos Estados Unidos (com US$ 56 mil numa Bíblia em 2007) e condenado rapidamente. No Brasil, há casos de grandes empresas autuadas há mais de cinco anos que ainda não pagaram multa. Os envolvidos nos crimes, quando demoram a ser punidos, voltam a praticar crimes. É importante frisar que as multas não têm caráter de arrecadação, e sim de punição.
ÉPOCA – É possível esconder dinheiro no exterior?
Schaan –
 Ainda é, mas a cada dia fica mais difícil. Existem mecanismos para rastrear o dinheiro. Acordos de cooperação são firmados para troca de informações. Uma lei americana revolucionou esse cenário: ela sobretaxa as instituições financeiras, com negócios nos Estados Unidos, que resistam em repassar informações sobre cidadãos americanos. E haverá reciprocidade. Poderemos ter acesso a informações de brasileiros. Há uma enorme pressão para o Brasil assinar esse acordo com os Estados Unidos. Até a Suíça e alguns paraísos fiscais, difíceis de lidar, estão mais dispostos a colaborar.

ÉPOCA – Foram os atentados de 11 de setembro que contribuí­ram para um maior controle sobre as movimentações financeiras internacionais?
Schaan –
 O que apertou mesmo a fiscalização foi a crise econômica de 2008. Como não havia jeito de aumentar os impostos num cenário econômico ruim, Estados Unidos e Europa foram procurar os sonegadores em todo canto do mundo. Isso permitiu um maior fluxo de informações, que também nos beneficia.

Caminhão-tanque com maconha exibe logo da Petrobras. Dupla corrupta Lula-Dilma ´faz o diabo`

Felipe Patury - Epoca


QUALIDADE GARANTIDA Caminhão-tanque, flagrado com 3 toneladas de maconha (Foto: Reprodução)