segunda-feira, 8 de abril de 2024

'Elon Musk resolve enfrentar Xandão: o que vai acontecer no mundo real?', por Paulo Polzonoff Jr.

 

Meme reflete os ânimos na treta épica entre o homem mais rico do mundo, Elon Musk, e um tal de Alexandre de Moraes – conhecem?| Foto: Reprodução/ Redes Sociais


A responsabilidade e dificuldade do texto de hoje está em não fomentar um otimismo sem base e ao mesmo tempo evitar os desânimo espinhoso do pessimismo. Tudo isso enquanto se registra um evento que parece histórico. Paradigmático, como se diz.  Se vou conseguir, não sei, mas tenho que começar por algum lugar, né? Então é isto: Elon Musk, o homem mais rico do mundo (ou um dos), resolveu peitar Alexandre de Moraes, que também atende pela alcunha de Xandão e é hoje o homem mais [VETADO PELO JURÍDICO] do Brasil.

Tudo começou no sábado, quando Elon Musk respondeu a um tuíte antigo de Alexandre de Moraes, perguntando porque o supreminho de honra tão frágil quanto a democracia estava impondo tanta censura aos brasileiros. Logo depois, outra manifestação de Elon Musk perguntava: “por que você está fazendo isso, Alexandre?”

As coisas foram se sucedendo rapidamente. Entre os afazeres do fim de semana, estava difícil acompanhar o enredo. Só sei que no sábado fui dormir com a notícia de que Elon Musk havia decidido devolver a conta de todos os censurados do Twitter, entre eles meus amigos Rodrigo Constantino e Guilherme Fiuza, além de Paulo Figueiredo, Allan dos Santos, Ludimila Lins Grilo e Monark. Contas que, para mim, no momento em que escrevo este texto, ainda aparecem como “retidas por ordem judicial ditatorial”.


Renunciar ou ser impichado

A afronta me fez dormir com um sorriso no rosto. No domingo, nenhum sinal de a fervura baixar. Pelo contrário. De um lado, Elon Musk dobrava a aposta ou trucava ou qualquer outra imagem que você prefira para exprimir uma mistura de ousadia, coragem e loucurinha, dizendo que em breve publicaria todas as ordens ilegais do Xandão e que o ministro “deveria renunciar ou ser impichado”.

De outro, os petistas arrancavam os cabelos e a fantasia democrática, xingando Musk de fascista, impondo a narrativa cínica de que “a soberania do Brasil está ameaçada” e praticamente exigindo que o Twitter fosse alvo de um cala-boca na base da canetada. O que, todo mundo sabe [ironia] é como as democracias resolvem esse tipo de discussão [/ironia].

Até este momento (17h do domingo, dia 7 de abril), os desejos totalitários da esquerda lambe-toga não se concretizaram. Mas já começam a surgir, aqui e ali, notícias que dão a entender que Alexandre de Moraes, com a ajuda da Anatel, pretende mesmo colocar o Brasil do grupinho dos países ultrademocráticos onde o Twitter é proibido: Rússia, Irã, China, Coreia do Norte, Mianmar e Turcomenistão.


Começo do fim

O que é compreensível. Alexandre de Moraes e os covardes que apoiam sua cruzada hipócrita e totalitária já estão afundados até o pescoço na areia movediça da tirania. Recuar é impensável porque, a esta altura do campeonato, um recuo equivaleria a uma confissão de derrota e abriria a possibilidade de uma responsabilização de consequências insondáveis. Imagina se questionam a legitimidade de uma eleição marcada por censura mais censura vezes censura – elevada à milésima potência!

O problema – para Alexandre de Moraes – é que responder à acusação feita por Musk com mais... censura pode ser eficiente no curto prazo e entre a militância, mas certamente terá repercussão no tal do mundo civilizado. Tanto aquele que zela de fato pelas garantias individuais – e que está disposto a tudo para defender a liberdade de expressão – quanto aquele que tem vergonhazinha de se ver associado a um tiranete facilmente caricaturável. Resta saber o tamanho e a gravidade dessa repercussão. Dedos cruzados, pessoal!

Posso estar enganado, mas me parece que um inimigo como Elon Musk não se derrota assim tão fácil, simplesmente tirando o brinquedinho dele do ar num país com 200 milhões de habitantes. Talvez, ah, talvez! Talvez este seja o começo do fim deste regime de força (ou seja, ditadura), no qual a vontade de um desequilibrado prevalece sobre as leis do país. Convém preparar pipoca, muita pipoca. E rezar, rezar muito.



Paulo Polzonoff Jr., Gazeta do Povo