Apresentado pela filha Ivanka como o "homem certo para esse momento da história", o presidente americano Donald Trump aceitou formalmente a nomeação do Partido Republicano para buscar o segundo mandato em 3 de novembro. Os republicanos realizam sua quarta e última noite da Convenção Nacional Republicana, na qual o presidente faz um ataque ao rival democrata Joe Biden. "Fiz mais pela comunidade negra em quatro anos do que Biden fez em 47", disse o presidente, em uma referência à carreira de senador e vice-presidente do democrata.
O presidente abriu seu discurso na Convenção Nacional Republicana comentando sobre o furacão Laura, que devastou comunidades ao passar pelos Estados de Louisiana e Texas. “Começamos esta noite com nossos pensamentos com as pessoas maravilhosas que acabaram de passar pela fúria do furacão Laura”, disse ele. “Estamos trabalhando em estreita colaboração com as autoridades estaduais e locais no Texas, Louisiana, Arkansas, Mississippi, sem poupar esforços para salvar vidas."
Trump elogiou as autoridades policiais, locais e estaduais e a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema, na sigla em inglês) por seus esforços para se preparar para a tempestade. O presidente disse que fará uma visita à região neste fim de semana.
Centenas de manifestantes contrários ao racismo reuniram-se em frente à Casa Branca nesta quinta-feira, 27, para exigir a saída do presidente. De acordo com a TV CNN, protestos contra o governo que acontecem próximos da Casa Branca podem ser ouvidos do local onde Trump discursará. Repórteres no gramado da Casa Branca relatam que é possível se ouvir batidas de tambor, buzinas e cantos abafados. Um grupo de músicos, GoGo, preparavam um caminhão com alto-falantes a bordo que, segundo os organizadores, tinham o objetivo de abafar o discurso de Trump.
Não muito longe desta manifestação contra o racismo, apoiadores de Trump se reuniram na National Mall, esplanada onde ficam os museus e monumentos oficiais da capital americana.
Mais cedo, após uma convenção democrata repleta de republicanos, o ex-deputado democrata Jeff Van Drew defendeu Trump em discurso assegurando que muitos colegas de seu antigo partido apoiam o presidente. Eleito democrata, Van Drew deixou o partido de oposição no ano passado após votar contra o impeachment de Trump na Câmara, e acabou mudando para o Partido Republicano.
"Há muitos democratas que apoiam nosso presidente e estão revoltados com o que seu antigo partido, o que meu antigo partido, se tornou”, disse Van Drew.
O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, por sua vez, exortou os americanos não apenas a reeleger Trump, mas a votar em candidatos republicanos ao Senado em todo o país, alertando que se os democratas assumirem o controle, eles regularão até mesmo quantos hambúrgueres os americanos poderão comer.
“Eles querem dizer que tipo de carro você pode dirigir. Quais fontes de informação são confiáveis. E até quantos hambúrgueres você pode comer ”, disse ele, listando todas as coisas que ele afirma que serão levadas pelos democratas. Sua referência ao hambúrguer diz respeito ao objetivo dos democratas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, particularmente reduzindo o consumo de carne vermelha.
Dissidência
Embora seu índice de aprovação entre os republicanos continue alto, a dissidência dentro de seu próprio partido está aumentando. Em três cartas abertas publicadas na semana passada, Biden ganhou endossos de mais de 160 pessoas que trabalharam para o ex-presidente George W. Bush ou para ex-candidatos presidenciais republicanos como John McCain e Mitt Romney.
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No início desta semana, 27 ex-legisladores republicanos endossaram Biden enquanto o Projeto Lincoln, entre os mais proeminentes grupos apoiados pelos republicanos que se opõem a Trump, disse que um ex-chefe do Partido Republicano se juntou a ele como conselheiro sênior.
Trump, um ex-apresentador de reality show, e seus conselheiros configuraram seu discurso com o olhar de um produtor. Ele aborda a nação tendo a Casa Branca ao fundo, irritando os críticos que dizem que a realização de um evento político na sede oficial da presidência é uma potencial violação da lei. A Lei Hatch, que limita o uso de propriedade federal para fins políticos, exclui o presidente e o vice-presidente, mas não outros funcionários federais, como os da Casa Branca.
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Fogos de artifício são esperados nos monumentos próximos em Washington ao final do discurso de Trump. Ele se dirige a uma plateia no gramado, apesar dos avisos contra essas aglomerações por causa da pandemia, que forçou ambos os partidos políticos a programar suas convenções para formatos virtuais.
Com O Estado de S.Paulo