quarta-feira, 22 de julho de 2020

"Rodrigo Maia calado é um poeta", por Carlos Júnior

O brasileiro é propenso naturalmente a dar opinião antes de estudar. É mais confortável sair pontificando sobre alguma coisa ao invés de simplesmente calar a boca e admitir que não se conhece do objeto tratado em uma simples discussão. Se esse vício fosse caro a um número reduzido de indivíduos, não seria um grave problema. Mas em solo tupiniquim a tentação de falar do que não sabe é compartilhada do seu Zé da esquina até a presidência da Câmara dos Deputados – com todo respeito ao seu Zé, pois ele não merece tamanho ultraje com uma comparação dessas.
Rodrigo Maia (DEM-RJ) é um sujeitinho assim: adora dar opinião quando o melhor a fazer é ficar em silêncio. Não fosse o comando da Câmara estar em suas mãos, ninguém prestaria atenção às suas bobagens – e como gosta de falar bobagem! – e ele teria o tamanho que realmente tem. Mas a vontade de aparecer é sempre maior. Na ânsia de posar como antagonista ao presidente Jair Bolsonaro, o sr. Maia fala cada coisa que a gente nem acredita. Por um lado, eu lamento, pois exemplifica bem a miséria brasileira e é insuportável. Por outro, eu gosto, já que mostra bem quem é esse cidadão.
E as suas declarações não são apenas fúteis. São também beligerantes, causadoras de conflitos desnecessários entre Câmara e Planalto – logo ele que se diz o fiel da balança. Desordem e conflito permanentes são os pilares da presidência da Câmara sob o comando do sr. Maia.
De que forma se explica a sua declaração de que ‘’lunáticos conseguem prevalecer’’ em referência ao processo de escolha do titular do MEC? Em primeiro lugar, Maia não é colunista, não é consultor político nem jornalista para ficar dando pitaco sobre ações do governo. Em segundo lugar, os ‘’lunáticos’’ que ele faz referência são os conservadores ligados ao filósofo Olavo de Carvalho – um intelectual de alto calibre jamais conhecido por uma mente limitadíssima como a dele – que incomodam bastante ao establishment por ele representado.
O Brasil colecionou resultados horríveis na educação a servirem como prova da ineficiência do método educacional criado por Paulo Freire, o ídolo supremo das esquerdas nessa área. Os conservadores elegeram Jair Bolsonaro na esperança de mudar a educação brasileira com a adoção de um método realmente educativo – e não um formador de militantes esquerdistas. 
Ao invés de ajudar nesse processo e oferecer soluções, o sr. Maia nos oferece beligerância a mostrar que de educação ele não entende coisa nenhuma, a não ser na hora de posar como baluarte do conhecimento propagado pelo beautiful people brasileiro.
Só que Maia não se contenta em posar de especialista na educação. Na saúde ele também dá seus pitacos. Maia disse que o fato do presidente recomendar o tratamento do coronavírus com a hidroxicloroquina é grave e que políticos não devem recomendar remédios. A coisa tem a sua graça: se Bolsonaro não pode recomendar um remédio para a população por suposta falta de comprovação científica, Maia também não pode dizer o contrário por (I) também ser político, (II) não entender do assunto e (III) não conhecer as evidências que o contradizem. 
Uma série de estudos associam o uso da hidroxicloroquina a uma redução da mortalidade pela COVID-19. Mas como a grande mídia já cismou com o remédio – pelo simples fato dele ter sido propagado por Bolsonaro – e já deu sua conclusão sobre o assunto, Maia assina embaixo. Afinal, ele tem inteligência de sobra para peitar Jair Bolsonaro e seus apoiadores, mas nenhum pingo com a imprensa e suas narrativas mentirosas.
Rodrigo Maia é o sujeito que trata Glenn Greenwald como jornalista e uma denúncia contra ele como ameaça à liberdade de expressão, mas logo em seguida fala em melhorar a Lei da Mordaça – ou seja, torná-la ainda mais dura e jogar um direito constitucionalmente estabelecido na lata de lixo. Fala em respeito às instituições, mas vive atacando o Poder Executivo sem necessidade alguma. 
Adverte que tal ou qual ação do governo afasta investidores do país, mas esquece ele que em duas ocasiões as suas atitudes provocam um sério risco ao Brasil em perda de investimentos: uma foi na aprovação por ele articulada da famigerada Lei do Abuso de Autoridade, em que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) ameaçou melar a entrada do país na organização; e a outra é justamente a Lei da Mordaça, na qual até gente da ONU (Organização das Nações Unidas) percebeu o ataque à liberdade de expressão representado por esse PL esdrúxulo.
Esse cidadão não está preocupado com o Brasil. O que ele quer é poder e nada mais. A sua postura sabotadora em quase dois anos do governo Bolsonaro mostra o quanto o país é prioridade na sua atuação.
É bom que Maia continue falando bobagem: assim ele morre pela boca e a população toma conhecimento da sua índole e suas intenções. Mas que escute e logo em seguida desconsidere para outras finalidades, pois ouvir esse sujeito exige a paciência de Jó. Afinal, Rodrigo Maia calado é um poeta.

Referências:

Conexão Política