É o que diz prefeito de cidade que teve programa social questionado pelo Partido dos Trabalhadores
“Sentimento de indignação”. É assim que o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Orlando Morando (PSDB), responde como reagiu à representação movida pelo Partido dos Trabalhadores contra um projeto social. Com aulas suspensas devido à covid-19, a administração da cidade localizada na região metropolitana de São Paulo criou o “cartão merenda” para que as famílias com estudantes matriculados na rede pública escolar recebessem ajuda de custo durante a pandemia. Mas o PT se mostrou contra o projeto.
Leia mais: “Petista elogia tucano e pode ser expulso do partido”
Conforme noticiado por Oeste na última semana, a legenda do ex-presidente Lula, que aliás tem a cidade como domicílio eleitoral, foi à Justiça contra o programa social. Por se tratar de representação, a atitude movida pelo partido poderia resultar em suspensão da divulgação, do impedimento de Morando em participar de atos relacionados ao projeto ou até mesmo, de acordo com o que poderia ser o entendimento do Judiciário e do Ministério Público, o “cartão merenda” poderia ser descontinuado. A atitude fez com que o deputado federal Alex Manente (Cidadania-SP) se revoltasse contra o PT. Em vídeo, ele, que perdeu a eleição de 2016 para o candidato do PSDB, teceu críticas aos petistas.
Com parecer do Ministério Público do Estado de São Paulo contra a representação do PT, o “cartão merenda” seguiu ativo em São Bernardo do Campo. O que não faz o prefeito se acalmar em relação à atitude adotada pelo partido de esquerda. “O PT não respeita a fome”, enfatiza Morando em entrevista a Oeste.
Confira a íntegra da entrevista com Orlando Morando:
Como o senhor e a equipe da Prefeitura de São Bernardo do Campo reagiram à representação do PT contra o programa “cartão merenda”?
No começo, ficamos surpresos. Pedi, então, para checar se era isso mesmo. Quando veio a confirmação, o sentimento foi de indignação.
Na representação, o PT fala em “propaganda antecipada”. O que o senhor tem a dizer a respeito?
O PT não respeita a fome. Eu respeito e, enquanto as aulas não voltarem, vou manter o cartão merenda para todas as crianças da rede municipal de educação.
“Para muitas crianças, a merenda escolar é crucial”
Com escolas ainda fechadas na cidade, o que o senhor diria às famílias que estão recebendo o “cartão merenda”, caso o programa fosse suspenso?
Para muitas crianças, a merenda escolar é crucial. Então, se a criança não vai até a merenda, a merenda vai até a criança. Impedir isso, porque estão pensando em eleição, é de uma crueldade sem tamanho.
Em novembro, teremos eleições municipais. Acredita que por meio de tal representação, é o PT quem está promovendo “propaganda antecipada”?
Nesse momento, só penso em derrotar o coronavírus. Não troco votos por vida. Agora, é hora de unir forças para ajudar nossa gente.
Ainda sobre o embate com o PT: o senhor será candidato à reeleição à Prefeitura de São Bernardo do Campo? Está disposto a enfrentar o PT nas urnas novamente?
Como falamos, agora, nosso foco é garantir que nenhum óbito ocorra por falta de atendimento médico e, também, que nenhuma casa de São Bernardo fique sem um prato de comida na mesa.
Anderson Scardoelli, Revista Oeste

