sexta-feira, 24 de julho de 2020

Graças à facção do Supremo, ‘censura’ é palavra da vez nas redes sociais

Bloqueio de perfis é criticado por quem ainda pode se manifestar por meio de plataformas digitais
censura - redes sociais - stf
Plataforma tirou contas do ar, mas por ordem do STF | Foto: REPRODUÇÃO/TWITTER
Em pleno ano de 2020 o Brasil enfrenta situação de censura. Ao menos esse é o entendimento de jornalistas e internautas em geral. Desde o início da tarde desta sexta-feira, 24, o termo tem motivado reclamações contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Isso porque o Twitter e o Facebook acataram decisão do ministro Alexandre de Moraes e suspenderam contas administradas por 17 pessoas. A lista de alvos conta com empresários e ex-deputado federal, conforme destacou Oeste.
Colunista da Revista OesteGuilherme Fiuza foi enfático ao comentar a decisão de Moraes. De acordo com ele, o integrante da Corte brasileira é inaceitável. “Passou de todos os limites”, garantiu o jornalista por meio de postagem no Twitter — aproveitando que diferentemente de colegas como Allan dos Santos e Bernardo Küster, a sua conta na plataforma segue ativa. “Ele [Moraes] agora decide sozinho qual informação pode circular no país? Ele decide quem fala e quem cala a boca?”, questionou o profissional, que cobrou revolta por parte de quem se define como “democrata”.

Ação contra bolsonaristas

Diretor-presidente do Instituto Liberal e comentarista político da rádio Jovem Pan, Rodrigo Constantino também definiu o caso estrelado por Moraes como “censura” — e assim reforçando as mensagens que fazem com que a palavra apareça na lista de assuntos mais comentados no Twitter nesta tarde. Entre outros pontos, ele questiona a legalidade da decisão monocrática vinda do Supremo. “Do que se trata? Não foram notificados de nada ainda. É o tal inquérito ilegal? Isso é censura!”, alertou para o fato da falta de informações sobre o embasamento da decisão. Ele observou que os alvos do bloqueio digital são apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
O time de profissionais que atuam na imprensa e que reforçaram críticas a Alexandre de Moraes e ao STF conta até com um colunista do jornal Folha de S. Paulo. Professor do curso de gestão de gestão de políticas públicas da USP, Pablo Ortellado, assim como Fiuza e Constantino, não mediu palavras sobre o assunto. “Impedir os ativistas de direita de se manifestarem pelas mídias sociais é censura prévia. Uma coisa é investigar e eventualmente punir por aquilo que publicaram; outra, inteiramente diferente, é impedir que falem”, escreveu o cientista político, que colabora com o impresso paulistano.

Contra o silêncio

Líder da igreja evangélica Assembleia de Deus, Silas Malafaia foi além de reclamar do STF. Nesse sentido, ele contestou até autoridades que não se manifestaram contra o que está ocorrendo no país. De acordo com ele, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deveriam se posicionar nesse momento. “Vergonha”, afirmou o religioso. “O ditador e tirano da toga, Alexandre de Moraes, impõe censura pior que a ditadura, bloqueando redes sociais, cerceando a liberdade de expressão, promovendo uma verdadeira perseguição política”, prosseguiu.

Medo

Diante da situação, a jornalista Claudia Wild teme que mais decisões desse tipo se tornem comum no Brasil. “Infelizmente, a censura no Brasil já é uma realidade. Se a situação não for revertida RAPIDAMENTE, estarão certos de que poderão prosseguir com todas as medidas autoritárias. É um caminho sem volta”, comentou a profissional por meio de sua conta no Twitter. Anteriormente, Leandro Ruschel observou que os alvos tendem a aumentar, independentemente de preferências políticas dos personagens. “Quem comemora a censura hoje, será alvo da censura amanhã. É a lógica de qualquer ditadura”.

Pedido de apoio

Antropólogo e escritor, Flávio Gordon colocou que, ao menos por ora, é irrelevante gostar ou não das pessoas que tiveram suas contas bloqueadas nas redes sociais. De acordo com o pensamento dele, trata-se de grupo vítima de censura. Pessoas que, dessa forma, precisam ser apoiadas por todos “e ponto”. “Esse papo de concordância ou discordância é futilidade”, garantiu ao divulgar mensagem de Allan dos Santos, jornalista que está com a conta “suspensa” pelo Twitter.

, Revista Oeste