domingo, 5 de julho de 2020

Confira os destaques da primeira semana do mês na Bolsa

  • Em meio ao clima de otimismo por parte dos investidores, confiantes na retomada global, a Bolsa fechou em baixa apenas na terça, dia 30
  • Nos demais pregões, ocorreram altas discretas, com o índice Ibovespa terminando a semana aos 96.764 pontos
  • Destoando negativamente do cenário, IRB Brasil (IRBR3) encabeçou as maiores quedas da semana
O mês de julho começou em clima de otimismo por parte dos investidores, que apostaram na retomada global, influenciados por dados externos como medidas de estímulo do Fed norte-americano.
Ao longo da semana, o Ibovespa fechou em baixa apenas na terça, com queda de 0,71%. Nos demais dias, ocorreram altas discretas, de 2,03%, 1,21%, 0,03% e 0,55%, com o índice terminando a semana aos 96.764 pontos.

Veja os principais destaques:

Segunda, 29 de junho
Os reflexos do otimismo foram sentidos principalmente nas companhias aéreas – sinais positivos vindos de aéreas estrangeiras impactaram tanto a Embraer, que ganhou 7,54%, como as aéreas brasileiras com altas menores (Azul com +3,65%, Gol com +2,56%) – como no segmento de varejo.
A maior alta do Ibovespa ficou com Via Varejo ON (+7,63%). Também ficaram entre os destaques positivos do índice GPA ON (+5,94%) e BRMalls ON (+5,29%, na máxima do dia).
Terça, 30 de junho
Os principais destaques positivos ficaram com as siderúrgicas: Metalúrgica Gerdau PN (GGBR4) (+2,81%), Gerdau PN (+2,04%), Usiminas PNA (+1,68%) e CSN ON (+1,23%). Com perspectivas melhores que o esperado para a demanda de aço no mercado interno do Brasil, o Goldman Sachs revisou para cima suas projeções de queda nos volumes de produção do metal em 2020 e atualizou os preços-alvo das principais siderúrgicas brasileiras para incorporar o novo modelo.
Já os bancos apresentaram quedas: Itaú Unibanco PN (-3,89%, na mínima do dia), Banco do Brasil ON (-3,86%), Santander Brasil Unit (-3,55%), Bradesco PN (-3,32%) e ON (-3,07%).
Segundo operadores, o movimento é um ajuste típico de final de mês, trimestre e semestre, com alguns fundos zerando posição para realizar resultados, principalmente com a alta acumulada pelos papéis em junho.
Quarta, 1º de julho
Com maior apetite por risco, os investidores aumentaram a demanda por ações de empresas voltadas à demanda doméstica. Assim, a lista de maiores altas do Ibovespa foi ocupada por papéis como Cyrela (+7,53%), Cosan (+5,67%), EcoRodovias (+5,63%) e CCR (+3,31%). Cielo também subiu (+5,41%), depois da revogação pelo Cade da medida cautelar que suspendia a parceria com o Facebook.
A lista de principais quedas do índice foi dominada por Vale, siderúrgicas e processadoras de proteína animal, com BRF ON (-3,57%), Gerdau PN (-3,31%), Metalúrgica Gerdau PN (-3,28%), Bradespar PN (-2,93%), Vale ON (-2,47%), Minerva ON (-2,36%) e Marfrig ON (-1,90%).
No caso dos frigoríficos, o analista da Necton Investimentos, Marcel Zambello, destacou que as companhias vêm repercutindo a suspensão de exportações para a China. “Os frigoríficos têm sido um call mais defensivo e com a bolsa andando acabam não performando tão bem”, afirmou. O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, disse que as medidas chinesas não afetam só o Brasil e refletem a preocupação do país dada a pandemia do coronavírus.
Quinta, 2 de julho
Altas expressivas ficaram a cargo de exportadoras, como CSN ON (+2,55%), Metalúrgica Gerdau PN (+2,26), JBS ON (+1,96%), Gerdau PN (+1,94%), Weg ON (+1,86%) e Vale ON (+1,74%). Um dos pontos apontados pelos profissionais do mercado é o dólar, que subiu 0,55% no mercado à vista, para R$ 5,3472.
A maior alta, porém, foi da BTG Pactual Unit, de 3,27%. O banco levantou R$ 2,650 bilhões em recursos. De acordo com Igor Cavaca, da Warren, os papéis sofreram um leve recuo em meio à oferta subsequente de ações, finalizada na terça-feira, mas a avaliação do mercado em relação à operação e as perspectivas do banco é favorável.
Sexta, 3 de julho
O feriado nos Estados Unidos, trouxe um menor volume de negociação no mercado. O Ibovespa encerrou o pregão em alta de 0,55% aos 96.765 pontos e houve um movimento de realização de lucros para vários papéis que avançaram nos pregões anteriores, como CSN e Cielo.
As três ações que registraram as maiores altas no dia foram IRB Brasil (+7,70%), Sul América (+5,41%) e TIM (+4,74%).
IRB Brasil, o personagem da semana
Mas a empresa que dominou as atenções da Bolsa nesta semana foi a resseguradora IRB Brasil. Na noite de segunda-feira (29), ela finalmente apresentou seus resultados do primeiro trimestre. Na terça (30), o papel IRBR3 abriu em queda. Após teleconferência dos executivos da empresa com investidores e analistas, esse movimento se acentuou, e a ação foi o destaque negativo do Ibovespa, amargando queda de 11,72%.
O vice-presidente Executivo, Financeiro e de Relações com Investidores, Werner Süffert, afirmou que a distribuição de dividendos é afetada por conta da necessidade de reforçar o capital da companhia, atingida por uma crise de credibilidade sem precedentes. “Vamos estudar nível de payout. Mas agora a principal questão é falar de capitalização, é reforçar no curto prazo”, explicou ele na teleconferência realizada nesta tarde.
A companhia anunciou lucro líquido no primeiro trimestre de 2020 de R$ 13,874 milhões, o que representou uma queda de 92,2% na comparação com o lucro de R$ 177,895 milhões sobre igual período do ano anterior.
De março para cá, a empresa já perdeu praticamente R$ 4 bilhões em valor, boa parte nos três últimos pregões, quando acumula queda de 28%. O Credit Suisse, inclusive, rebaixou a recomendação para o papel de neutro para underperform (desempenho abaixo da média do mercado), cortando o preço-alvo drasticamente, de R$ 43 para R$ 7,50.
Por fim, na sexta, os papéis ordinários da empresa tiveram a maior negociação do mercado – 108 mil negócios – e fecharam o pregão com avanço de 8,04%, valorização máxima do dia. Raphael Guimarães, operador da RJ Investimentos, comenta que o movimento é de recuperação técnica. Até aqui, os papéis IRB ON acumulam queda de 12% no mês de julho e 75,15% no ano.
“É engraçado, porque não há um consenso sobre o papel. Tem casas grandes que recomendam venda, e outras que recomendam compra. A ação tende a seguir volátil nas próximas semanas”, diz Guimarães.
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*Com Estadão Conteúdo