José Tomaz Filho
A melhor Seleção Brasileira, depois do 'escrete de ouro' de 1958, na Suécia, foi a de 1970, no México.
Se a de 1958 tinha Pelé e Garrincha, Didi e Nilton Santos, a de 1970 tinha Pelé e Gerson.
Zagalo, então técnico, conseguiu calar a mídia ao escalar num mesmo time Jairzinho, Rivelino, Tostão, Carlos Alberto, além, óbvio, de Pelé e Gerson.
Pois, havia naquela Seleção que conquistou o Tri o melhor reserva do mundo, Paulo Cezar Caju.
O craque do Botafogo assistia aos jogos no 'banco', porque Zagalo, que era atrevido, não quis ousar ainda mais.
Não, substituir Jairzinho, Rivelino, Tostão, Carlos Alberto, Pelé ou Gerson.
Mas, poderia ter arrumado uma vaga em qualquer outra posição.
Os craques citados eram extraordinários, e ainda havia Clodoaldo. Onde pôr o Caju?
Se Zagalo imaginasse que haveria um Guardiola no futuro, teria se antecipado.
Guardiola chegou a escalar o Barcelona de Messi sem um zagueiro sequer. Só craques. Craques mesmo.
Eis que vem o jogo com a Inglaterra, de Bobby Moore, o único jogo realmente complicado. E foi uma aula de técnica e tática.
Gerson estava machucado. O 'Canhotinha de Ouro' era o cérebro da equipe. O que seria do Brasil sem o maior meia da história do futebol?
Zagalo, sem piscar, pôs Paulo Cezar Caju no jogo. Sem surpresa, o melhor reserva do mundo foi o grande nome da partida.
O mestre Armando Nogueira se derreteu com a exibição do astro do Botafogo.
Armando e a imprensa internacional, diga-se.
Hoje, Paulo Cezar Caju escreve uma coluna no Globo.
Nesta quinta-feira, ele lembra: 'Sou de uma geração que os ídolos emocionavam'.
Tão irreverente e responsável como na época em que exibia o talento no Maracanã, Caju lamenta o momento atual do nosso futebol e, de resto, do Brasil:
"Tenho a alternativa de não votar, mas isso não basta. O certo seria: se não temos bons candidatos, que seja suspensa a eleição. No futebol, também poderia ser assim. Se não há bons nomes, se a safra é ruim, que seja cancelada a nossa participação em qualquer torneio. Estou exausto, triste com o que estão fazendo com o nosso país e com o nosso futebol, a maior paixão desse povo".
Esse é o Paulo Cezar Caju. O melhor reserva do mundo.
O artigo publicado no Globo