Até já me diverti muito com elas, mas hoje não acho mais graça em teorias conspiratórias, que são superadas pela espantosa sucessão de desastres reais que não precisam de conspiradores; são resultado de ignorância, fanatismo, sectarismo, ódio, ressentimento, autoritarismo, intolerância, ou tudo junto. Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana, assegurava Einstein.
Campanhas presidenciais são terreno fértil para conspirações delirantes, mas, com o avanço da tecnologia — que aumenta a segurança dos dados, mas também fornece novas ferramentas para invadi-los —, se tornaram uma ameaça real.
Uma réplica da base de dados oficial de recente eleição estadual americana foi invadida por um hacker de 17 anos, em dez minutos, e ele nem se achava um bom hacker. Deu no “New York Times”. Foi em eventos patrocinados pelo Partido Democrata e agências governamentais, para testar a segurança dos sistemas e formas de aperfeiçoá-los. Como estava, era vulnerável a fraudes capazes de decidir eleições.
Muita gente começa a achar que já pode ter acontecido nas últimas eleições presidenciais. Junto com a descoberta de hackers russos invadindo bases de dados do Partido Democrata (e certamente do Partido Republicano), uma conspiração teórica se tornou prática.
Aqui, o TSE assegura a absoluta segurança do nosso sistema, diz que são várias camadas de códigos, virtualmente inquebráveis. Serão mesmo? Cresce a pressão pelo voto impresso como fonte confiável da vontade do eleitor. Sim, o impresso pode abrir espaço para venda de votos, como um recibo de prestação do serviço. Sonho com o dia em que votaremos de casa pela internet e só nós teremos a senha.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, que estão mais avançados em tecnologia da informação e segurança de dados (mas até o sistema do Pentágono já foi invadido ), os melhores hackers das melhores universidades estão trabalhando dia e noite com partidos e agências do governo. No Brasil, tudo sob controle, só não se sabe de quem.
O Globo