José Tomaz Filho
A propósito de reportagem do Wall Street Journal - http://rota2014.blogspot.com/2018/08/brasileiros-estao-dando-adeus-ao_5.html?spref=tw - narrando a fuga de brasileiros desencantados com o país natal, nesta sexta-feira apanhei um Uber no Aeroporto Internacional Governador André Franco Montouro (Guarulhos-SP) e o condutor revelou que estava indo morar na Califórnia.
Advogado, tendo atuado durante dez anos na profissão - nos últimos dois anos 'tentei melhorar as finanças na praça' -, decidiu buscar melhores condições de vida nos Estados Unidos, 'como milhares de outras pessoas estão fazendo'.
'Até pensei inicialmente ir para Portugal. Mas, pelo que estou lendo e conversando com amigos, verifiquei que o mercado ali está próximo da saturação. Os Estados Unidos, ainda que com pleno emprego, ainda é o país das oportunidades'.
Quando relatei que havia lido no Estadão que há vagas para 50 mil motoristas de caminhão no país do Trump, em face do crescimento espetacular da economia, mais de 4% no último trimestre, ele, rápido, afirmou:
"Tenho carteira de motorista profissional. Dirijo caminhão, também. Estou preparado. Pego qualquer trabalho. Amanhã, poderei operar como advogado. Hoje, farei qualquer coisa... Estou recebendo a papelada para permanecer os primeiros seis meses. Tenho conta em banco, apartamento alugado...".
Quando questionei se não seria razoável aguardar o resultado das eleições, ele, até com uma certa rispidez, disse que 'acreditar que o país vá melhorar nos próximos anos é ingenuidade',
E acrescentou:
"Vou embora em setembro. Como ter esperança no país e no povo, quando o líder nas pesquisas (Lula) foi condenado a mais de 12 anos de cadeia e está preso como ladrão?".
Mudei de conversa. Falamos de futebol... Afinal, a viagem até o Ipiranga duraria 52 minutos.
