DA REUTERS
Os mercados financeiros foram abalados nesta quarta-feira (2) por pesquisas de intenção de voto mostrando uma disputa cada vez mais apertada entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump para a Casa Branca.
Apesar de a maior parte dos levantamentos nacionais ainda apontar uma vitória de Hillary, a candidata democrata perdeu a vantagem confortável que tinha no fim do mês passado, e investidores estão começando a considerar a possibilidade de o empresário republicano de Nova York arrancar uma vitória em 8 de novembro.
Ações globais, o dólar e o preço do petróleo caíram nesta quarta-feira, enquanto ativos seguros como o ouro e o franco suíço subiram, à medida que investidores se mostraram nervosos sobre a campanha.
O dólar caiu 0,23% em relação a uma cesta de grandes moedas globais —com o feriado nesta quarta, não houve negociações na BM&FBovespa.
O índice S&P 500 (que inclui 500 grandes empresas americanas), da Bolsa de Nova York, caiu 0,7% e acumula sete pregões seguidos de queda, a pior sequência desde novembro de 2011.
O índice Dow Jones caiu 0,43% para 17.959,64, e o Nasdaq Composite perdeu 0,93%, para 5.105,57.
Um indicador de volatilidade, que mede as expectativas dos investidores para as ações, acumula também sete pregões de alta, algo que não acontecia desde 2013.
O petróleo Brent encerrou o dia em queda de US$ 1,28, ou 2,7%, a US$ 46,86 por barril. O petróleo dos EUA caiu US$ 1,33, ou 2,9%, e encerrou a US$ 45,34 por barril. Na mínima, ficou abaixo de US$ 45.
As Bolsas na Europa fecharam em queda pela oitava sessão seguida, pressionadas pelos sinais da disputa acirrada nos Estados Unidos, mas também pela queda da A.P. Moller-Maersk após balanço aquém do esperado.
O índice FTSEurofirst 300 das principais ações europeias recuou 1,22%, para 1.308 pontos. O índice STOXX 600 caiu 1,1%, para 331 pontos, menor nível desde 11 de julho. O índice de volatilidade europeu VSTOXX refletiu o nervosismo, alcançando o maior patamar desde julho.
O índice MSCI, que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão caiu 1,2%, para a mínima em sete semanas, enquanto o japonês Nikkei recuou 1,8%.
"A expectativa sempre foi de que os preparativos para as eleições presidenciais seriam intensos, mas os eventos dos últimos dias têm afetado seriamente o sentimento dos investidores", disse Craig Erlam, analista de mercado da Oanda, em Londres.
MERCADO ANSIOSO
A ansiedade dos investidores se aprofundou nas últimas sessões por conta de uma possível vitória de Trump, dada a incerteza sobre a sua posição em relação a temas como política externa, relações comerciais e imigrantes. Hillary é vista pelos mercados como a candidata do "status quo".
Trump, que nunca havia concorrido a um cargo eletivo, tem feito uma campanha heterodoxa, com propostas de rever pactos comerciais e construir um muro na fronteira com o México.
No mercado de câmbio, vendeu-se dólares nesta semana, em parte, porque suspeita-se de que Trump pode preferir uma moeda mais fraca devido à sua atitude protecionista, e em parte porque a incerteza que envolve uma vitória de Trump poderia levar a uma posição mais benevolente do Fed nos próximos meses.
Um levantamento do mercado pela agência Reuters no mês passado mostrou que uma maioria de analistas previa que as ações norte-americanas iriam ter desempenho melhor num governo Hillary do que num governo Trump.
As ações nos EUA fecharam em baixa nesta quarta depois que o Fed manteve a taxa de juros sem mudanças, mas sinalizou que poderia aumentá-la em dezembro.
A redução da vantagem de Hillary sobre Trump desde a semana passada pode refletir consequências negativas do retorno da polêmica sobre o uso que ela fez de um servidor privado de e-mails quando era secretária de Estado