segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Vazam informações que atingem Serra e Temer e que liquidam com Dilma

Com Blog do Reinaldo Azevedo - Veja


Segundo informa a Folha, delatores da Odebrecht 

estariam dispostos a denunciar R$ 23 milhões de 

caixa dois para a campanha de Serra em 2014;

 reportagens da VEJA dizem que delatores da 

empreiteira denunciarão R$ 10 milhões em dinheiro

vivo para o PMDB e que João Santana e Mônica 

Moura põem fim às desculpas da presidente afastada



As placas tectônicas da política brasileira não vão parar tão cedo de se mover. Tratarei desse tema específico em outro post. Agora vamos ao terremoto deste fim de semana.
Manchete da Folha deste domingo informa que diretores da Odebrecht afirmaram, nas negociações para o acordo de delação premiada,  que a campanha de José Serra (PSDB) à Presidência em 2010 recebeu R$ 23 milhões da empreiteira pelo caixa dois — parte do dinheiro teria sido depositada no exterior. Funcionários da companhia, segundo o jornal, devem relatar que, entre 2007 e 2010, intermediários do então governador teriam recebido propina derivada das obras do Rodoanel.
Em resposta enviada ao jornal, a assessoria do agora ministro das Relações Exteriores nega pagamentos irregulares e diz que os gastos de campanha eram de responsabilidade do partido. A mensagem qualifica de absurda a acusação do pagamento de propina e diz que, quando Serra chegou ao governo, o contrato com a empreiteira para a construção do Rodoanel já estava em vigência.
PMDB
Não é só. Reportagem da revista VEJA informa que diretores da mesma Odebrecht estariam dispostos a apresentar à força-tarefa documentos que comprovariam que a empreiteira entregou R$ 10 milhões em dinheiro vivo ao PMDB para a campanha de 2014.
O dinheiro teria sido pedido a Marcelo Odebrecht, então ainda na presidência do grupo, em jantar no Palácio do Jaburu, na presença de Michel Temer, vice-presidente então, e Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil. Um total de R$ 4 milhões teria sido repassado entre agosto e setembro de 2014; os outros R$ 6 milhões teriam chegado à legenda via Paulo Skaf. O site do TSE aponta que a Odebrecht doou ao PMDB R$ 11,3 milhões.
Dilma
Tudo isso, então, joga água no moinho de Dilma e do PT? Não parece. Outra reportagem da VEJA, intitulada, não por acaso, “A destruição de Dilma”, informa que João Santana e sua mulher, Mônica Moura, disseram à força-tarefa que a petista sempre soube do caixa dois. Mais do que isso: teria sido uma espécie de sua garantidora.
Em 2014, informa a revista, convidado pela então presidente a fazer a segunda campanha, Santana teria resistido, alegando justamente dificuldades de pagamento. Dilma teria garantido que dinheiro não seria problema e que ninguém menos do que Guido Mantega, então ministro da Fazenda, cuidaria da estrutura do caixa dois — em companhia de Antonio Palocci.
Segundo informa a revista, tal “tecnologia” teria sido exportada para a campanha de outros países. Da delação do casal, deve fazer parte a acusação de que a campanha de Nicolás Maduro, na Venezuela, também contou com caixa dois, alimentado pela Odebrecht e pela Andrade Gutierrez.
Vamos ver
Todas essas informações constariam ou de delações que já podem estar concluídas, ainda que não homologadas — como no caso de João Santana e Mônica Moura —, ou de delações ainda por fazer, a exemplo das dos diretores da Odebrecht. Obviamente, não basta a acusação. É preciso que se apresente alguma prova.
Mais: os pagamentos de propina, na sua forma clássica, deixam cicatrizes — por exemplo, contas no exterior recheadas com muitos milhões de dólares. A propina vertida na forma de doação oficial já é um capítulo bem mais delicado. É claro que se abrem flancos para duas coisas: 1) para o beneficiário dizer que não sabia que o dinheiro estava ancorado, sei lá, num superfaturamento; 2) para uma denúncia vazia, aí do eventual interesse do denunciante.
Seja como for, a política segue mergulhada no transe. O impeachment de Dilma no fim deste mês encerra um capítulo, mas a obra é longa e segue aberta, sendo escrita por narradores que também não sabem aonde querem chegar. Uma resposta errada, agora, pode nos jogar numa espiral negativa que, depois do roubo generalizado aos cofres públicos, vai nos roubar também o futuro.
As placas tectônicas da política brasileira não vão parar tão cedo de se mover. Tratarei desse tema específico em outro post. Agora vamos ao terremoto deste fim de semana.
Manchete da Folha deste domingo informa que diretores da Odebrecht afirmaram, nas negociações para o acordo de delação premiada,  que a campanha de José Serra (PSDB) à Presidência em 2010 recebeu R$ 23 milhões da empreiteira pelo caixa dois — parte do dinheiro teria sido depositada no exterior. Funcionários da companhia, segundo o jornal, devem relatar que, entre 2007 e 2010, intermediários do então governador teriam recebido propina derivada das obras do Rodoanel.
Em resposta enviada ao jornal, a assessoria do agora ministro das Relações Exteriores nega pagamentos irregulares e diz que os gastos de campanha eram de responsabilidade do partido. A mensagem qualifica de absurda a acusação do pagamento de propina e diz que, quando Serra chegou ao governo, o contrato com a empreiteira para a construção do Rodoanel já estava em vigência.
PMDB
Não é só. Reportagem da revista VEJA informa que diretores da mesma Odebrecht estariam dispostos a apresentar à força-tarefa documentos que comprovariam que a empreiteira entregou R$ 10 milhões em dinheiro vivo ao PMDB para a campanha de 2014.
O dinheiro teria sido pedido a Marcelo Odebrecht, então ainda na presidência do grupo, em jantar no Palácio do Jaburu, na presença de Michel Temer, vice-presidente então, e Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil. Um total de R$ 4 milhões teria sido repassado entre agosto e setembro de 2014; os outros R$ 6 milhões teriam chegado à legenda via Paulo Skaf. O site do TSE aponta que a Odebrecht doou ao PMDB R$ 11,3 milhões.
Dilma
Tudo isso, então, joga água no moinho de Dilma e do PT? Não parece. Outra reportagem da VEJA, intitulada, não por acaso, “A destruição de Dilma”, informa que João Santana e sua mulher, Mônica Moura, disseram à força-tarefa que a petista sempre soube do caixa dois. Mais do que isso: teria sido uma espécie de sua garantidora.
Em 2014, informa a revista, convidado pela então presidente a fazer a segunda campanha, Santana teria resistido, alegando justamente dificuldades de pagamento. Dilma teria garantido que dinheiro não seria problema e que ninguém menos do que Guido Mantega, então ministro da Fazenda, cuidaria da estrutura do caixa dois — em companhia de Antonio Palocci.
Segundo informa a revista, tal “tecnologia” teria sido exportada para a campanha de outros países. Da delação do casal, deve fazer parte a acusação de que a campanha de Nicolás Maduro, na Venezuela, também contou com caixa dois, alimentado pela Odebrecht e pela Andrade Gutierrez.
Vamos ver
Todas essas informações constariam ou de delações que já podem estar concluídas, ainda que não homologadas — como no caso de João Santana e Mônica Moura —, ou de delações ainda por fazer, a exemplo das dos diretores da Odebrecht. Obviamente, não basta a acusação. É preciso que se apresente alguma prova.
Mais: os pagamentos de propina, na sua forma clássica, deixam cicatrizes — por exemplo, contas no exterior recheadas com muitos milhões de dólares. A propina vertida na forma de doação oficial já é um capítulo bem mais delicado. É claro que se abrem flancos para duas coisas: 1) para o beneficiário dizer que não sabia que o dinheiro estava ancorado, sei lá, num superfaturamento; 2) para uma denúncia vazia, aí do eventual interesse do denunciante.
Seja como for, a política segue mergulhada no transe. O impeachment de Dilma no fim deste mês encerra um capítulo, mas a obra é longa e segue aberta, sendo escrita por narradores que também não sabem aonde querem chegar. Uma resposta errada, agora, pode nos jogar numa espiral negativa que, depois do roubo generalizado aos cofres públicos, vai nos roubar também o futuro.

Parlamentarismo para 2018! É preciso tornar estável a instabilidade


O país nunca esteve tão poroso às respostas 

simples e erradas para problemas difíceis; 

é preciso ter um edifício institucional imune

a movimentos sísmicos


Na reta final do impeachment — e poucos duvidam que Dilma Rousseff será defenestrada —, tudo está certo e nada no lugar. Como diria Camões, a firmeza está apenas na inconstância. Se é assim, acho que é chegada a hora de o país pensar em construir um edifício institucional com molas, que acomode movimentos sísmicos, que não vão parar tão cedo.
O movimento das placas tectônicas vai durar ainda muito tempo. Temos tarefas: é preciso alimentar os brasileiros, dar-lhes empregos, chances de futuro, educação, saúde… Ninguém investe dinheiro na instabilidade, a não ser os especuladores. É por isso que é preciso tornar estável o movimento — para que as surpresas, por contraditório que isto possa parecer, obedeçam a um padrão.
Já afirmei isto aqui no blog e em todos os veículos em que atuo: tudo indica que as delações da Odebrecht e da OAS — sempre a depender de provas — vão determinar os sobreviventes da política brasileira. Neste fim de semana, nuvens se adensaram sobre o céu do PMDB e do PSDB. Os petistas, como sabemos, já estão destroçados. E não! Ainda não sabemos o que é verdade, o que é mentira, o que é simples especulação. Mas isso não elimina o principal problema no curto prazo: a imprevisibilidade.
A chance de se ministrar um remédio errado a partir de um diagnóstico equivocado é gigantesca. Se já não vamos, como país, muito bem das pernas, a possibilidade de que tudo possa ficar pior nunca foi tão clara.
Não vou escrever aqui nenhuma novidade: não combato, na atual quadra da política, apenas o caixa dois e a roubalheira. São crimes! Seus responsáveis têm de ser punidos. Mas a narrativa de que o mal é esse é coisa de petistas; obedece ao padrão Lula: “Todos fizeram e fazem; nós também. Logo, se todos pecam, todos estão absolvidos”.
Uma ova! No poder, o PT foi mais do que um usuário de caixa dois — para efeitos de raciocínio, vamos supor que todos sejam — ou um ladrão de dinheiro público: também nesse caso, vamos partir do princípio de que essa é a regra. Os petistas também foram ladrões da institucionalidade. Atuaram para destruir os outros partidos políticos; para fazer uma reforma que os eternizasse no poder; para censurar a imprensa; para se estabelecer, em suma, como única força política viável.
Para realizar o seu projeto, os petistas hipertrofiaram o estado; conduziram a economia à ruína — é a maior recessão de sua história —; hostilizaram o capital privado virtuoso, tornando-se, na prática, sócios de empresários eleitos; atrelaram as eleições à distribuição de benesses, transformando políticas sociais em máquina de caçar votos; jogaram abertamente em parceria com a inflação e destruíram as contas públicas.
ATENÇÃO! ISSO EM NADA MINIMIZA OS CRIMES EVENTUALMENTE COMETIDOS POR OUTROS PARTIDOS E POR POLÍTICOS DE OUTRAS LEGENDAS. MAS NÃO VOU CAIR NA FARSA PETISTA DE QUE É TUDO A MESMA COISA.
Que os peemedebistas, tucanos e outros tantos, a exemplo de petistas, paguem por eventuais transgressões à lei. Mas rejeito com veemência o “são todos iguais”. Se, a alguns, não faz diferença que o PMDB tenha tirado como resolução de seu congresso a liberdade de imprensa, a mim faz. Se a alguns não faz diferença que o PSDB não exercite, por princípio, a política da intolerância e não tenha um projeto hegemônico que aniquila as outras forças, a mim faz.
Sim, que todos paguem. Mas eu me nego a considerar que todos são iguais. Além das questões penais, que podem e devem ser levadas às últimas consequências, há as questões que dizem respeito à política e que continuam a ter seu espaço autônomo.
Resposta
Dito isso, vamos a uma resposta que considero necessária. A primeira tentação, agora, será gritar: “Eleições já!”. Pois é. Eis a hora pela qual anseiam os “puros” da extrema esquerda e da extrema direita, aqueles que “não têm nada a ver com isso o que está aí”. Digamos que não tivessem: eles têm uma resposta para os desafios que estão dados?
Fico cá pensando nas lições de educação moral e cívica que os “limpinhos” como Marcelo Freixo, Luíza Erundina, Bolsonaro ou, quem sabe, Marina Silva (será mesmo?) têm a dar ao Brasil. No caso da Rede, vejo o seu senador empenhado, por exemplo, em votar contra o impeachment de Dilma…
Penso, em particular, na resposta das esquerdas que se querem autênticas: elas têm uma solução para a crise: aumentar o poder do estado, o que é sinônimo de ampliar o campo de atuação dos corruptos.
Parlamentarismo já
Precisamos de um sistema que absorva as crises, que balance, mas não caia. Os grandes partidos deveriam dar início agora, e não depois, a um entendimento que preserve algumas instâncias do estado — Banco Central e Receita, por exemplo — dos movimentos sísmicos da política para que esta, na crosta, possa chacoalhar à vontade.
Eu não me importo de acordar e ter de perguntar: “Quem é o primeiro-ministro hoje?”, desde que as regras que organizam a economia, por exemplo, sejam estáveis.
É preciso pôr fim ao presidencialismo já, com vistas a 2018. Não podemos é deixar a política exposta à ação de milagreiros. É claro que as esquerdas vão chiar e tentar impedir. E cumpre que a gente as impeça de nos roubar o futuro.