A primeira fase do julgamento de Dilma Rousseff começa nesta terça-feira. A sessão, que deve durar mais de 20 horas, só vai terminar na quarta. São necessários pelo menos 41 votos — metade mais um do total de senadores — para que a Afastada se torne, oficialmente, ré. Aí, então, ela será encaminhada para julgamento propriamente dito, que deve começar no dia 25. Serão necessários, então, dois terços do Senado para que seja impichada: 54 votos.
Se esse número for atingido já nesta quarta — ou se o ultrapassar com alguma folga —, estaremos diante de um resultado final antecipado. O Planalto acha que é possível chegar a 60 votos. Na última hora, os petistas, claro!, comparecem ao mercado das chicanas com mais uma estonteante bobagem. Vamos lá.
Na fase da admissibilidade, 55 senadores se mostraram favoráveis. É pouco provável que alguém tenha mudado de lado. Desta feita, estima-se que João Alberto (PMDB-MA), que se posicionou contra a abertura do processo, fique a favor. Deixaram de votar naquela fase Jader Barbalho (PMDB-PA) e Eduardo Braga (PMDB-AM), que agora devem estar presentes. Pedro Chaves (PSC-MS), suplente de Delcídio do Amaral, também não participou. É possível ainda que Renan Calheiros (PMDB-AL) vote. Os mais otimistas falam em até 62 adesões.
Gritaria
Os petistas e alguns aliados à esquerda, que vivem vociferando por aí contra uma tal mídia golpista, agora resolveram pedir o adiamento do julgamento — e vão fazer de tudo para tentar tumultuar a sessão que começa nesta terça — em razão de uma reportagem publicada pela VEJA. É estupefaciente!
Os petistas e alguns aliados à esquerda, que vivem vociferando por aí contra uma tal mídia golpista, agora resolveram pedir o adiamento do julgamento — e vão fazer de tudo para tentar tumultuar a sessão que começa nesta terça — em razão de uma reportagem publicada pela VEJA. É estupefaciente!
Qual o busílis? A revista informa que delatores da Odebrecht relatam um jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, em que a empreiteira teria acertado uma contribuição ao PMDB, pelo caixa dois, de R$ 10 milhões. Em dinheiro vivo. Ah, sim: os petistas pedem também a cabeça do ministro José Serra (Relações Exteriores). Segundo reportagem da Folha, delatores da empreiteira acusam a campanha do tucano de ter recebido, em 2010, R$ 23 milhões pelo caixa dois.
Mas suspender o julgamento de Dilma por quê? Qual é a tese? Segundo os esquerdistas, seria um contrassenso a petista ser julgada no momento em que surge uma denúncia que atinge Michel Temer.
Ora, isso é pura conversa mole. O julgamento de Dilma nada tem a ver com caixa dois ou crime de corrupção. Se isso entrasse na conta, ela já deveria ter saído há muito tempo, não? Há nada menos de dois ex-tesoureiros do PT na cadeia — João Vaccari Neto e Paulo Ferreira —, e um terceiro já cumpriu pena pelo mensalão e é investigado no petrolão: Delúbio Soares.
Dilma está sendo julgada por ter cometido crime de responsabilidade contra a Lei Fiscal. As irregularidades e a roubalheira que aconteceram no tempo em que ela estava no poder não entraram no relatório.
Raciocinemos por hipótese: ainda que se comprove alguma coisa contra Temer e que ele venha a ser punido no futuro, isso não interfere no crime de responsabilidade cometido por Dilma.
Trata-se apenas, e mais uma vez, de gritaria inútil.