sábado, 13 de agosto de 2016

O Rio consagra Michael Phelps como o maior atleta da história olímpica

Flávia Tavares - Epoca


O nadador superou a depressão para se tornar o maior vencedor das Olimpíadas. A história das piscinas divide-se agora entre "Antes de Phelps" e "Depois de Phelps"



Quando a touca negra emergiu da água na raia 5 e os óculos dourados miraram o placar, a história estava esculpida em 4 centésimos de segundo. Sem sorrir, o americano Michael Fred Phelps usou a mão esquerda para chamar para si a medalha de ouro com um sinal de “Vem, vem” e, em seguida, erguer o indicador para registrar o incontornável: ele é o número 1. Das piscinas, das Olimpíadas, do esporte. Num tempo em que qualquer jogo de campeonato estadual é classificado como “épico” e qualquer vitória é chamada de “histórica”, Phelps nada para recolocar as coisas em seus devidos tamanhos. Um homem que conquista 13 medalhas de ouro individuais, 22 em grupo e 26 (isso até a noite da quinta-feira) ao todo em sua carreira é um mito – em ao menos três definições de dicionário: fábula que relata a história dos deuses, semideuses e heróis; coisa inacreditável; e pessoa ou coisa incompreensível.
948 Capa Home Phelps (Foto:  Ricardo Nogueira/ÉPOCA)
Na noite da terça-feira, o que consagrou Phelps não foram os 4 centésimos de segundo de diferença para o segundo colocado na prova dos 200 metros borboleta, no Rio de Janeiro. Tampouco foi o número de medalhas que ele soma, o que o torna o maior vencedor de todos os tempos. O que faz de Phelps um genuíno monstro é a volta por cima que ele deu. Em 2001, Phelps, hoje com 31 anos, se tornou o nadador mais jovem da história a quebrar um recorde mundial na mesma prova, aos 15 anos e 9 meses. Nos Jogos de Londres, em 2012, ele perdeu a hegemonia nessa modalidade, conquistada com ouros em Atenas e Pequim, para o sul-africano Chad le Clos. Agora, no Maria Lenk, ele recupera a soberania na prova favorita. E sela o reencontro com a vitória e a alegria de estar na água, seu habitat preferencial desde os 11 anos.
Não foi só o ouro na borboleta que Phelps perdeu em Londres. Ele anunciou naquela edição dos Jogos que estava se aposentando. Não via mais sentido em seguir. Sua frustração começara a se revelar ainda em 2009, quando uma foto sua fumando o que parece ser maconha em uma festa privada vazou para a imprensa. Seu técnico, Bob Bowman, diz que foi a partir dali que Phelps passou a desconfiar de todos a seu redor e do propósito de dedicar a vida aos treinos exaustivos. Ele se isolou. Phelps chegou a Londres desencantado. “Eu não queria mais estar na água”, ele diria mais tarde. Aos 27 anos, ele tinha 18 medalhas de ouro no peito. E mais nada.

 
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