Chanceler rebate discursos xenofóbicos após ataques elevarem tensão no país

NEUSTRELITZ, Alemanha — Em meio à alta tensão na Alemanha, a chanceler Angela Merkel reforçou sua postura de abertura aos imigrantes ao afirmar que os refugiados não trouxeram o terrorismo islâmico ao país. A líder, que vem assistindo à queda na sua popularidade, disse ainda que o Islã faz parte da Alemanha, desde que praticado com respeito à Constituição. As declarações rebatem o discurso xenofóbico contra as populações que buscam abrigo na fuga da guerra e da pobreza no Oriente Médio e na África.
— O fenômeno do terrorismo islâmico e do Estado Islâmico não é um fenômeno que os refugiados trouxeram a nós — disse Merkel em um evento de campanha para as eleições regionais de setembro. — Este grupo nos preocupa há vários anos.
Ela acrescentou que um tipo de Islâ que não siga a Constituição alemã ou aceite direitos iguais para as mulheres não tem lugar no país:
— Nós já dissemos claramente que um Islã que trabalhe e exista na base da Constituição pertence à Alemanha.
O discurso da chanceler vem em um momento de alta tensão na Alemanha por conta de uma série de ataques contra civis no mês passado. Três destes episódios foram conduzidos por imigrantes, e dois foram reivindicados pelo Estado Islâmico. A popularidade de Merkel sofreu com estes ataques — uma pesquisa da semana passada mostrou que 52% dos alemães acreditam que a sua política migratória seja ruim.
Nesta quarta-feira, a líder ainda afirmou que muitas pessoas viajaram da Alemanha à Síria para serem treinadas por combatentes islâmicos. Em junho, o ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziere, disse que o governo acredita que mais de 800 pessoas já tenham partido à Síria e ao Iraque.
A chegada de imigrantes, dos quais muitos são muçulmanos, elevou o apoio do partido alemão de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD). A previsão é que a legenda tenha bons resultados nas eleições em Berlim e Mecklenburg-Vorpommern.