quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Líder de pesquisa para presidente de Portugal chama o ex-presidiário Lula de ‘ladrão’. De novo

André Ventura, do Chega, que não gosta "de estar com ladrões", por isso teria dificuldades de receber o petista


André Ventura, líder do partido Chega, de Portugal - Foto: redes sociais


O deputado André Ventura, fundador do partido Chega, de direita, voltou a ser referir a Lula (PT) como “ladrão”, durante entrevista à televisão portuguesas cujo trecho ou “corte” se referindo ao petista foi publicado em suas redes sociais. Veja o vídeo abaixo.

Ventura já havia se referido a Lula como “ladrão” e afirmou até que lhe daria voz de prisão, caso pisasse solo português.

Na entrevista, a jornalista pergunta a Ventura se ele receberia Lula no Palácio de Belém, sede da Presidência da República Portuguesa,  caso vença a eleição e se transforme em chefe de Estado do seu país. Ele reafirmou o que pensa de Lula:

  • Eu teria alguma dificuldade, confesso que não gosto de estar com ladrões.

André Ventura fez a ressalva, logo em seguida, na eventualidade de estar em jogo (ou “em causa”, como dizem os portugueses) os interesses do Estado, das empresas e das comunidades portuguesas e tivesse de receber Lula, “fá-lo-ia, mas mantendo essa lógica, de que não gosto muito de estar com ladrões”.

Pesquisa em Portugal

O líder do partido Chega é também líder nas intenções de voto para presidente de Portugal, para as eleições de janeiro de 2026, de acordo com pesquisa divulgada na sexta-feira Passada (28) no jornal Expresso, o mais influente do país, ao lado de outro candidato de direita, ex-almirante Henrique Gouveia e Melo, ambos com 18%.

Essa pesquisa realizada pelo ICS/ISCTE para o jornal mostrou que o ex-líder social-democrata Luis Marques Mendes vem em seguida, com 16%, enquanto o ex-líder socialista Antonio José Seguro tem 10%. É muito provál que a eleição seja definida somente em segundo turno, em 8 de fevereiro.

Revista Oeste

Gilmar suspende trechos de lei e dificulta impeachment de ministros do STF

 Decano barrou o quórum atual, redefiniu critérios para abertura de processo e determinou que só o PGR pode apresentar denúncia



Nesta quarta-feira, 3, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu trechos da Lei 1.079/1950 que tratam do impeachment de ministros do STF, tornando o processo mais restritivo. 

Mendes afirmou que vários trechos da lei, criada antes da Constituição de 1988, não valem mais porque não são compatíveis com o que a Carta Magna estabelece. 

Segundo ele, essas regras enfraqueciam garantias, como vitaliciedade e independência judicial. 

A decisão foi tomada no âmbito de duas Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), apresentadas pelo Solidariedade e pela Associação dos Magistrados Brasileiros. Mendes é relator dessas ADPFs.

O ato do decano seguirá, agora, para referendo do Plenário. 


Decisão de Gilmar sobre impeachment de ministros do STF


Foto oficial dos ministros do STF registrada durante a posse de Dino no lugar de Rosa Weber – 22/2/2024 | Foto: Antonio Augusto/SCO/STF


Um dos pontos suspensos por Mendes é o quórum de maioria simples para abertura de processo contra ministros do STF.

Para Mendes, no entanto, isso colocaria o Judiciário em posição de dependência do Legislativo. “O Supremo manteria não uma relação de independência e harmonia, mas, sim, de dependência do Legislativo”, escreveu o juiz do STF. 

O ministro determinou que o quórum adequado é o de dois terços do Senado (54 votos), por ser o mais coerente com a estrutura constitucional de responsabilização. 

Denúncia restrita ao PGR Outro ponto derrubado é o artigo 41, que permite a qualquer cidadão apresentar denúncia contra ministros do STF. Mendes entendeu que essa regra incentiva pedidos sem rigor jurídico e movidos por interesses político-partidários. 

De acordo com ele, a atribuição deve ser exclusiva do procuradorGeral da República, autoridade responsável por avaliar se há elementos suficientes para iniciar o processo.

“O chefe do Ministério Público da União possui capacidade para avaliar, sob perspectiva estritamente jurídica, a existência de elementos concretos que justifiquem o início do procedimento”, afirmou. 

Revista Oeste

Mulher de Toffoli, ex-advogado do PT, foi sócia de advogado do dono do Banco Master, preso por corrupção e solto pela quadrilha que assaltou o poder

 Roberta Maria Rangel integrou o quadro societário do escritório Warde Advogados em 2021


Mulher de Toffoli é ex-sócia de advogado do dono do Banco Master


A advogada Roberta Maria Rangel, mulher do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), integrou a sociedade do escritório Warde Advogados, de Walfrido Warde, em 2021. Hoje, Warde é um dos defensores de Daniel Vorcaro no caso do Banco Master. A apuração é do jornalista Felipe Moura Brasil. 

Na época, a banca tinha cerca de 24 sócios registrados no Cadastro Nacional de Sociedade de Advogados (CNSA) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Roberta não aparece mais no quadro do escritório, segundo o site da Warde. Ela também já fez parte da defesa da empresa J&F, do grupo JBS. 

Atualmente, a equipe também inclui Valdir Simão, ex-ministro da Controladoria-Geral da União, e Leandro Daiello, ex-diretor-geral da Polícia Federal, ambos como sócios. 

Além de Walfrido Warde, a defesa de Daniel Vorcaro conta com os advogados Ciro Rocha Soares, Pierpaolo Cruz Bottini, Sérgio Leonardo, Roberto Podval, Daniel Romeiro e Stephanie P. G. Barani.

Outro defensor do banqueiro também acumula episódios controversos: Pierpaolo Bottini atuou na defesa da desembargadora Solange Salgado em um caso de fraude. Ela foi a magistrada que determinou a soltura de Vorcaro na semana anterior. 


Toffoli determina sigilo máximo em processo de Daniel Vorcaro.


Ministro Dias Toffoli em sessão no plenário do STF | Foto: Fellipe Sampaio /STF


O Supremo Tribunal Federal limitou drasticamente o acesso à ação apresentada pela defesa de Daniel Vorcaro, que contesta a operação da Justiça Federal de Brasília responsável por sua prisão. A medida foi tomada pelo ministro Dias Toffoli, que determinou sigilo máximo sobre o processo, tornando indisponível até mesmo dados básicos no sistema do STF, informou nesta terça-feira, 2, a coluna de Malu Gaspar, de O Globo. 

Na quinta-feira 27, advogados de Vorcaro acionaram o STF com uma reclamação, argumentando que a Justiça Federal de Brasília não teria competência para conduzir as investigações. Os defensores também pediram a transferência do caso para o Supremo, por causa da apreensão de um contrato imobiliário que envolve o deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA). 


O processo, inicialmente sob segredo de Justiça, passou a ter restrição ainda maior depois que a atuação da defesa veio a público. Segundo o STF, está previsto em resolução que cabe ao relator definir e, se necessário,


Com o novo sigilo, não é possível visualizar informações como as iniciais do autor, nomes completos dos advogados ou qualquer movimentação processual, incluindo novas petições e decisões. Apenas advogados das partes, o Ministério Público quando notificado e servidores do gabinete de Toffoli podem acessar o andamento. 

Esse elevado grau de restrição gerou surpresa no Supremo, pois normalmente outros gabinetes podem acessar processos em segredo de Justiça, mas o sigilo máximo concentra o controle exclusivamente no gabinete do relator. O procedimento destoa do padrão, já que processos de delação, por exemplo, já tramitam sob sigilo.

Rachel Diaz - Revista Oeste

Dívida das elétricas em ICMS representa 20% do total

 

CEEE Equatorial - Foto: Fernando Vieira/CEEE.


As distribuidoras de energia elétrica, puxadas por estatais quebradas, lideram as dívidas bilionárias em ICMS. De acordo com o Atlas da Dívida Ativa dos Estados Brasileiros, da Fenafisco, representam 20% do total de R$1,17 trilhão. A gaúcha CEEE-D, por exemplo, deve ao governo do Rio Grande do Sul nada menos que R$3,17 bilhões em ICMS. Em Roraima, a Amazonas Energia, presenteada aos irmãos Joesley e Wesley Batista, deve R$877 milhões em ICMS ao Estado, um dos mais pobres da região Norte. A informação é da Coluna Claudio Humberto, do Diário do Poder.

Por obra do governo Lula, a dívida federal de R$14 bilhões da elétrica dos Batista será paga pelos brasileiros, na conta de luz, por 15 anos.

Invenção do STF injetou R$20 bilhões nas tarifas até 2026, mandando devolver R$15 mil por consumidor em crédito de ICMS sobre PIS/Cofins.

Já a Cemig, de Minas, e a Copel, do Paraná, queridinhas no mercado de ações, enfrentam cobranças de R$500 milhões em ICMS, cada.


Diário do Poder

Trump oferece saída ‘com vida’ para Maduro deixar Venezuela, mas ditador faz exigências

Tirano exige controle das forças armadas e anistia para ele e comparsas


Presidente dos EUA, Donald Trump. (Foto: Reprodução/Youtube/CNN)



O governo dos Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, ofereceu ao ditador venezuelano Nicolás Maduro (e a seus familiares mais próximos) uma saída pacífica da Venezuela, com garantia de segurança, caso aceitasse deixar o país imediatamente. 

A oferta, segundo um relatório do jornal norte-americano Miami Herald, surgiu numa ligação realizada em 16 de novembro. 

Durante o diálogo, Maduro teria apresentado como condição para aceitar a oferta a preservação do controle sobre as Forças Armadas venezuelanas, além de exigir anistia ampla para si e para aliados apontados como cúmplices de crimes atribuídos ao regime.  

A Casa Branca, no entanto, rejeitou tais exigências imediatamente, rejeitando assim qualquer tipo de impunidade.

Com o fracasso das negociações, os Estados Unidos endureceram a pressão sobre Caracas. 

Trump declarou que o espaço aéreo venezuelano deveria ser considerado “fechado na sua totalidade”, numa tentativa de isolar o regime politicamente e aumentar o custo da permanência de Maduro no poder. 

Ao mesmo tempo, unidades navais americanas (incluindo o porta-aviões USS Gerald R. Ford) permaneceram posicionadas próximas à costa venezuelana, como demonstração de força e advertência de que “opções militares” continuam sobre a mesa. 

Para a administração Trump, a oferta representou uma chance de resolver a crise venezuelana sem derramamento de sangue ou conflito direto, dando a Maduro a opção de exílio seguro. 

Fontes republicanas no Senado confirmaram que a oferta incluía a possibilidade de Maduro sair para outro país, como a Rússia, caso aceitasse a renúncia imediata. 

Segundo os relatórios publicados, após a negativa de Maduro à proposta (e a recusa de abdicarem dos poderes militares e de imunidade), as portas para uma solução pacífica se fecharam. 

Com isso, os Estados Unidos se preparam para intensificar a pressão: a retórica já não é apenas diplomática, mas também militar, abrindo caminho para o que muitos definem como “a hora da verdade” para o regime chavista. 

No momento em que a Venezuela vive uma crise profunda (marcada por escassez, repressão e acusações de narcotráfico contra o governo), a oferta de rendição pacífica representou uma oportunidade rara.

A recusa de Maduro, portanto, amplia o risco de um desfecho forçado, resta saber se o regime resistirá ou cederá à pressão final.

Diário do Poder

Sóstenes: soltura de Vorcaro é um ‘cuspe e um tapa na cara dos brasileiros’

Líder do PL classifica como 'vergonhosa' a decisão que colocou o dono do Banco Master fora da prisão



Deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados).



O líder do PL na Câmara, deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), classificou a soltura de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, como “um cuspe e um tapa na cara dos brasileiros”.

Em vídeo compartilhado nas redes sociais neste domingo (30), o parlamentar classifica a decisão como “vergonhosa”.

Na postagem, Sóstenes comparou o caso de Vorcaro à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de aliados que foram detidos e condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito das investigações sobre tentativa de golpe de Estado.

“Quem rouba bilhões está solto. Agora, quem é honesto, que prestou relevante serviço às Forças Armadas, como o nosso presidente Bolsonaro, como o general Braga Netto, o general Heleno, o general Paulo Sérgio, Ramagem e tantos outros, condenados e presos. É isso mesmo. Esse é o Brasil. Parece uma piada, é revoltante”, declarou.

Veja abaixo o vídeo completo:

Vorcaro Solto:

Vorcaro Solto:

Daniel Vorcaro, deixou o Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 de Guarulhos, por volta das 11h40 deste sábado (29), após decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.

A soltura foi ordenada pela desembargadora Solange Salgado, do TRF1, reconsiderando sua própria decisão e determinando a revogação da prisão preventiva.

A decisão do TRF-1 também beneficiou os demais quatro presos ligados ao Banco Master. Porém, todos terão que fazer uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas restritivas. Os demais presos são os seguintes:

  • Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio;
  • Luiz Antônio Bulldiretor;
  • Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente de Tesouraria;
  • Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, sócio.

 

Diário do Poder

'A neoindustrialização do Brasil', por Antonio Cabrera

Agregar valor a um produto ou serviço aumenta seu apelo no mercado e pode resultar em maiores receitas e lucros


Precisamos ter uma estratégia melhor para o segmento de valores agregados no mundo | Foto: Reprodução/Freepik 


Comenta-se muito a necessidade da reindustrialização do Brasil. Mas talvez o correto seja defender uma neoindustrialização do país. Seria uma nova ação público-privada para aproveitar ao máximo o gigantismo do Brasil no agro. É aquilo que o mercado internacional chama de added value. 

Um produto de valor agregado oferece mais do que apenas seus ingredientes básicos, sendo aprimorado com qualidades que justificam um preço mais elevado. Um bom retrato disso é o que encontrei em Lucas do Rio Verde (MT), o Luquinha. É uma estátua de um simpático porquinho de seis metros de altura, segurando uma espiga de milho em uma mão e, na outra, grãos de soja. É um notável símbolo da verticalização da produção agrícola da região. 

Em primeiro lugar, esse valor agregado significa um frete menor. Quando se transporta uma tonelada de milho, transporta-se R$ 790, mas, ao transportar uma tonelada de suíno, transporta-se cerca de R$ 9 mil. 

Precisamos ter uma estratégia melhor para esse segmento de valores agregados no mundo: produtos que possuem um mercado de US$ 726 bilhões. Mas, desse naco gigantesco, o Brasil possui uma fatia muito pequena e exporta apenas US$ 5 bilhões. São produtos em que a participação do Brasil é menor que 2%, mas que têm maior valor agregado, como frutas, vegetais, alimentos processados e bebidas.

Agregar valor a um produto ou serviço aumenta seu apelo no mercado e pode resultar em maiores receitas e lucros. O Luquinha traz à memória que, no item alimentos processados, não estamos nem entre os três maiores exportadores. Esse é o grande desafio do agro brasileiro. 


Antonio Cabrera foi ministro da Agricultura e Reforma Agrária 


Revista Oeste



Dívida de grandes empresas em ICMS soma R$1,17 trilhão em todos os Estados

 

nstalações da Refit.


Os Estados e o DF acumulam uma bomba-relógio de R$1,17 trilhão em dívidas ativas, equivalente a 16 meses de arrecadação total. O dado, revelado pelo Atlas da Dívida Ativa dos Estados Brasileiros, da Fenafisco, expõe o grosso do débito de ICMS, que financia saúde, educação e segurança pública. A pesquisa reflete números de 2023 e foi atualizada em março deste ano. Somente cinco Estados – Mato Grosso, Amapá, Acre, Piauí e Amazonas – mantêm dívidas abaixo de 60% de sua receita.

Refit em 1º lugar

No topo da lista, o Grupo Refit lidera com impressionantes R$20,8 bilhões devidos, principalmente ao Rio de Janeiro e São Paulo.

Petrobras em 2º

A Petrobras, em 2º, tem R$15,1 bilhões pendentes, em meio a disputas judiciais. A massa falida da extinta Vasp, em 3º lugar, deve R$9,5 bilhões.

Pobre Alagoas

Empresa do ramo de cultivo de cana-de-açúcar, a Mendo Sampaio, em recuperação judicial, deve R$8,2 bilhões só a Alagoas.

Andou bebendo?

A Ambev, de marcas como Brahma e Skol, fecha o pódio dos cinco maiores, com R$5,3 bilhões devidos em ICMS Brasil afora.


Diário do Poder

Trump: 'Considerem o espaço aéreo da Venezuela totalmente fechado'

Presidente dos Estados Unidos acusa o ditador Nicolás Maduro de comandar um dos maiores esquemas de narcotráfico do planeta


O presidente dos EUA, Donald Trump | Foto: Reprodução/Twitter/X


Neste sábado, 29, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou que o espaço aéreo da Venezuela está fechado. A mensagem se dirige a criminosos. 

“A todas as companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas: considerem o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela totalmente fechado”, escreveu. 

“Obrigado a todos pela atenção a este assunto.” Donald J. Trump @realDonaldTrump · 4h To all Airlines, Pilots, Drug Dealers, and Human Traffickers, please consider THE AIRSPACE ABOVE AND SURROUNDING VENEZUELA TO BE CLOSED IN ITS ENTIRETY. Thank you for your attention to this matter! PRESIDENT 

O texto é o mais novo capítulo na conturbada relação republicano com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. A Casa Branca acusa Maduro de ser um dos “maiores narcotraficantes do mundo”. 


A ditadura do cartel 

De acordo com o governo dos EUA, Maduro lidera o cartel de los soles. Formado por militares venezuelanos de alta patente, o grupo é acusado de usar o poder estatal para o tráfico internacional de drogas. Em agosto, a Casa Branca aumentou a recompensa pela captura do ditador, que passou de US$ 20 milhões para US$ 50 milhões. 


Trump na Venezuela 

Por determinação de Trump, o maior navio de guerra do mundo está nas proximidades da Venezuela. Trata-se do USS Gerald R. Ford, porta-aviões da Marinha dos EUA que entrou nas áreas de operação da América Latina em 11 de novembro com uma missão: dar apoio à operação “Lança Sul”, elaborada pela Casa Branca para combater o narcotráfico na região.


A embarcação tem capacidade para abrigar 90 aeronaves, entre helicópteros e caças. Segundo o G1, a pista de pouso tem área equivalente a três vezes o gramado do Maracanã.

Com a chegada do porta-aviões, as tensões aumentaram na região. Em 21 de novembro, a Administração Federal de Aviação dos EUA emitiu um alerta que cita “a piora da situação de segurança” no espaço aéreo venezuelano. “As ameaças podem representar risco potencial para aeronaves em todas as altitudes”, informa. 

Depois do comunicado, diversas empresas suspenderam voos para a Venezuela. Entre elas: Gol, Latam, Iberia, TAP, Avianca, Avianca Colômbia e Turkish Airlines. Em resposta, Caracas suspendeu as licenças de operação dessas companhias aéreas no país, na sextafeira 27. 

Revista Oeste

'A luta pelo nuclear', por José Luiz Alquérez

 


No final da década de 1950 finalmente os grandes países do mundo concordaram pela criação, no âmbito da ONU, da Agência Internacional de Energia Atômica. O Almirante brasileiro Álvaro Alberto, nosso representante na Comissão de Energia Atômica da Organização das Nações Unidas (UNAEC), criada em 1946, órgão que precedeu a criação da Agencia Internacional de Energia Atômica, notabilizou-se pela defesa da soberania nacional sobre os recursos minerais do Brasil (como o tório e o urânio) e opôs-se aos esforços das grandes potências de controlar o ciclo do combustível nuclear em nível internacional.

O Brasil, desde então, procurou, na medida das suas possibilidades, se manter atualizado no estudo das diferentes vertentes da utilização pacífica do átomo, seja na geração de energia elétrica, em usos na medicina, na indústria e na propulsão de embarcações.

Em 1975, o país assinou com a Alemanha um acordo nuclear que previa a instalação de 8 grandes reatores e das indústrias de beneficiamento do urânio e da fabricação dos elementos combustíveis, de modo a possuir autonomia desde a mineração até sua utilização em usinas de geração de energia elétrica. Foi um longo percurso, cheio de enormes dificuldades no plano nacional e internacional e com grande dispêndio de recursos. Nas primeiras décadas destes últimos 50 anos, houve um enorme investimento na formação de pessoal qualificado para condução no país de todas as etapas deste ciclo nuclear. Centenas de técnicos e engenheiros foram enviados para a Alemanha para treinamento e, em seu retorno, contribuíram para o progresso – não só de empresas como Nuclen, Nuclep, Nuclebras , CBTM, como também da indústria nacional de equipamentos, órgãos de governo, órgãos reguladores e empresas do setor elétrico, como Furnas e Eletrobras. Esses quadros de excepcional qualidade permitiram que a usina de Angra I, um projeto de má qualidade da Westinghouse fosse integralmente refeito e passasse a operar com invejáveis índices de qualidade. A usina de Angra II, a primeira do conjunto de 8 do referido Acordo com a Alemanha, esteve muitos anos parada, mas suas obras foram retomadas a partir de autorização dada no dia 31 de dezembro de 1994 e, desde o início da operação, tem estado entre as usinas de maior índice de continuidade de fornecimento dentre as centenas que ora operam no mundo.

Outras frentes de desenvolvimento de utilização de energia nuclear foram então ativadas, como o projeto ARAMAR, da Marinha Brasileira, e uma linha de pequenas centrais (capacidade de 50 MW) igualmente estudadas em centros brasileiros de pesquisas.

Notícias da imprensa, confirmadas, apontam que o setor nuclear brasileiro parece estar passando por seu pior momento. Primeiro, porque a Eletronuclear não está obtendo recursos para manter seu pessoal de alto nível e treinar seus sucessores o que sacrifica a qualidade da operação das usinas existentes, criando enormes riscos para seu bom funcionamento, e mesmo, talvez, implicando em seu prematuro desligamento. Segundo, porque a continuidade do projeto Angra III segue sem solução. Não apenas há um substancial investimento onerando a conta de juros durante a construção e a de custos adicionais de extensão de garantias de equipamentos já em estoque, mas também porque a sua eventual interrupção significaria a perda de um valor incalculável de capacitações técnicas desenvolvidas no Brasil, além de um valor intangível associado a estas ditas qualificações. Terceiro, e por fim, para não continuar uma lista que foge aos objetivos deste artigo, é consenso nos meios científicos internacionais e nacionais que a futura demanda de eletricidade de fonte não emissora de gases de efeito estufa terá que ser atendida com a participação de novas e modernas usinas nucleares. No momento que mais iremos utilizar o grande investimento feito com enorme sacrifício pelos contribuintes brasileiros para que pudéssemos ter acesso a essa tecnologia, estaremos jogando no lixo cinquenta anos de trabalho.

Por duas vezes ao longo de minha carreira estive associado a encontrar soluções para a continuidade do programa nuclear. A primeira, quando na Eletrobras, integrando a diretoria de Engenharia e Planejamento, participei da equipe de coordenação do PRS-Plano de Recuperação Setorial, que criou o conceito de Custo da Hidrelétrica Equivalente, essencial para permitir aportes governamentais ao desenvolvimento desta tecnologia sem que isso implicasse em custos mais elevados para os consumidores de energia elétrica, em 1985. Em um segundo momento, após aprovação pelo Congresso Nacional, autorizei como presidente da Eletrobras, ao final do governo Itamar Franco, a retomada das obras de Angra II, a cargo de Furnas, em ação conjunta com o então seu presidente, o grande engenheiro Ronaldo Fabrício. Graças a isso, concluiu-se a primeira das oito usinas do acordo que, como mencionado, tem funcionado perfeitamente.

Urge que este programa tenha sua continuidade assegurada o que, a meu juízo, deve ser feito sob a integral responsabilidade do governo federal, anulando participações privadas impróprias para uma tecnologia altamente sensível. A tecnologia nuclear está vias de passar por uma guinada tecnológica nos próximos anos, guinada esta apenas passível de ser proporcionada com segurança se exclusivamente conduzida por entidade do governo federal que mantenha os técnicos e a experiência adquirida ao longo de todos estes anos.

José Luiz Alquéres é conselheiro do Clube de Engenharia.





 - José Luiz Alquérez - Diário do Poder

Viva a roubalheira!!! 'Justiça' manda soltar dono do Banco Master

 Daniel Vorcaro vai ter de cumprir medidas cautelares, como usar tornozeleira eletrônica


Justiça manda soltar Danie- Vorcaro, dono do Banco Master


A desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), determinou, na noite desta sexta-feira, 28, a soltura do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro. O executivo estava preso desde a noite de 17 de novembro, quando foi alvo da Compliance Zero, operação da Polícia Federal (PF) que apura a emissão de títulos falsos e outros crimes contra o sistema financeiro do país. +

Fora do sistema prisional, Vorcaro terá de cumprir medidas cautelares. Será obrigado, por exemplo, a usar tornozeleira eletrônica. Além disso, o banqueiro está proibido de deixar o Brasil, inclusive será obrigado a entregar o passaporte às autoridades competentes e não poderá manter contato com outros investigados no caso.

A decisão da Justiça Federal não benefquatro executivos da instituição financeira:icia apenas o presidente do Banco Master. Solange também determinou a soltura de outros quatro executivos da instituição financeira:


• Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente-executivo de tesouraria; 

• Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, sócio; 

• Augusto Ferreira Lima, sócio e ex-CEO; e 

• Luiz Antônio Bull, diretor de riscos, compliance, recursos humanos, operações e tecnologia.


“Embora inegável a gravidade dos fatos e o vultoso montante financeiro envolvido, verifica-se que a substituição da prisão por um conjunto de medidas cautelares robustas (…) mostra-se suficiente para, atualmente, acautelar o meio social, prevenir eventual reiteração delitiva, garantir a ordem econômica, garantir o regular prosseguimento da persecução penal e coibir o risco de fuga”, avaliou a desembargadora do TRF-1, em trecho de sua decisão


Prisão do executivo 

A decisão da Justiça Federal ocorre depois de derrotas da defesa de Vorcaro. A soltura do executivo havia sido negada em solicitações anteriores. No dia 20, a mesma desembargadora Solange rejeitou o pedido de liberdade e falou em “risco concreto”. 

Na última segunda-feira, 24, o banqueiro sofrera outra derrota. Na ocasião, foi transferido da sede da PF na capital paulista para o Centro de Detenção Provisória 2, em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo. Com a situação, os advogados chegaram a afirmar que ele correria risco de vida.


A prisão do empresário ocorreu no Aeroporto Internacional de Guarulhos, quando tentava embarcar para os Emirados Árabes Unidos. De acordo com ele, a viagem ocorreria por motivo de negócios: tratativas para tentar vender a instituição ao Grupo Fictor. 

Com Daniel Vorcaro preso, Banco Central liquidou o Master


Sede do Banco Master, em São Paulo | Foto: Divulgação/Banco Master 


Diante da deflagração da Operação Compliance Zero e da prisão de Daniel Vorcaro, o Banco Central (BC) liquidou de forma extrajudicial o Master. A medida, na prática, representa o encerramento das atividades da instituição financeira, com todas as dívidas tidas como vencidas, com os credores tendo de recorrer para receberem os valores investidos. Além disso, um interventor assume a responsabilidade de vender bens e recuperar créditos. 

Com o Master tendo o total de R$ 85 bilhões em ativos, trata-se da maior intervenção da história do BC. Meses antes, o Banco Central havia barrado a venda do Master para o Banco de Brasília (BRB), instituição pública mantida pelo governo federal, por cerca de R$ 3,5 bilhões. 

A prisão de Vorcaro movimentou o cenário político. A deputada federal Carol De Toni (PL-SC) acionou o Tribunal de Contas da União para investigar o Master. Também nesse sentido, o deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) cobrou da Procuradoria-Geral da República a informação se o banco de Vorcaro teria envolvimento em esquema fraudulento com escritórios de advocacia. Além disso, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) protocolou pedido para a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito contra o Master.

Anderson Scardoeli - Revista Oeste

'A realidade que o Ocidente fingiu não ver', por Ana Paula Henkel

A administração Joe Biden optou, em 2021, por flexibilizar os critérios de entrada de afegãos. A urgência humanitária serviu de justificativa política, mas a triagem foi falha e a fronteira converteuse em uma avenida aberta


Agentes da lei se reúnem em uma área isolada após dois membros da Guarda Nacional terem sido baleados perto da Casa Branca, em Washington, D.C., EUA, em 26 de novembro de 2025 - Foto: Nathan Howard/Reuters 


D urante um bom tempo, discutir sistemas de imigração foi tratado como falta de compaixão. Como se proteger fronteiras fosse um ato de hostilidade, e não de responsabilidade. Por anos, elites políticas e parte significativa da imprensa repetiram que exigir critérios, triagem e lei era sinal de intolerância. Até que a realidade começou a cobrar a conta. Desta vez, foi em Washington, no coração político dos Estados Unidos, a poucas quadras da Casa Branca. 

Dois soldados da Guarda Nacional da Virgínia Ocidental patrulhavam o centro da capital americana quando foram surpreendidos por disparos à queima-roupa. Uma das balas atingiu o pescoço de Sarah Beckstrom, uma jovem de apenas 20 anos. Outra feriu gravemente o cabo Andrew Wolfe, de 24. Sarah não resistiu e faleceu na quinta-feira, 27 de novembro. 

O atirador não era um cidadão americano. Não era sequer um imigrante documentado e legalizado no país. Rahmanullah Lakanwal, afegão de 29 anos, entrou nos Estados Unidos em 2021, no fluxo de refugiados aceitos às pressas após a retirada caótica das tropas americanas de Cabul durante o governo Biden. Chegou com status provisório, viveu sem rastreamento, sem visto permanente e sem controle migratório real.

Há uma informação ainda em verificação por diferentes veículos e que levanta novas dúvidas sobre os mecanismos de seleção de refugiados nos EUA: relatos preliminares indicam que Rahmanullah Lakanwal teria tido sua solicitação de asilo aprovada em abril de 2025, já sob a administração Trump. A confirmação oficial ainda está em apuração, mas o simples fato de essa possibilidade existir reacende um debate mais amplo: o processo de checagem e triagem aplicado a refugiados e solicitantes de asilo é realmente capaz de identificar perfis de risco? 

Se o atirador passou por esse filtro e foi aprovado, surge a pergunta que Washington tenta responder desde o ataque: quem está avaliando essas pessoas, com quais critérios, e até que ponto os protocolos atuais conseguem distinguir colaborador de ameaça potencial? O caso, além de doloroso, pode se tornar um divisor de águas na revisão dos sistemas de triagem migratória previstos para os próximos meses. 

A administração Joe Biden optou, em 2021, por flexibilizar os critérios de entrada de afegãos. A urgência humanitária serviu de justificativa política, mas a triagem foi falha, superficial, insuficiente para lidar com milhares de pessoas cuja procedE aqui, não se trata de metáfora. Trata-se de Sarah, uma jovem fardada que acreditava estar servindo e protegendo o seu país, quando, na verdade, era o país que havia deixado de protegê-la. 

Seu nome agora se torna mais uma lápide na conta de uma política pública que confundiu compaixão com imprudência, e que expõe sua fatura mais alta: vidas que não voltam, famílias que se dilaceram, e uma Nação que desperta tarde demais para a realidade que ignorou durante anos.ência era, em muitos casos, impossível de verificar completamente. A fronteira converteu-se em uma avenida aberta, sem portões, sem segurança. 

E quando um país  não controla quem entra, também perde o controle do que acontece depois.

E aqui, não se trata de metáfora. Trata-se de Sarah, uma jovem fardada que acreditava estar servindo e protegendo o seu país, quando, na verdade, era o país que havia deixado de protegê-la. Seu nome agora se torna mais uma lápide na conta de uma política pública que confundiu compaixão com imprudência, e que expõe sua fatura mais alta: vidas que não voltam, famílias que se dilaceram, e uma Nação que desperta tarde demais para a realidade que ignorou durante anos.

 

Rahmanullah Lakanwal, 29, é acusado de balear Sarah Beckstrom e Andrew Wolfe - Foto: Reprodução/ X


Durante a campanha de 2024, Donald Trump retomou com vigor a bandeira que o consagrou em 2016: proteger as fronteiras americanas, priorizar a segurança interna e colocar a vida dos cidadãos e residentes legais no centro das decisões do Estado. Seus discursos, diretos e sem eufemismos, sustentavam que nenhum país permanece livre se não controla quem entra em seu território, e que a compaixão sem filtro não é virtude, mas imprudência. O tema, por anos tratado com constrangimento pelas elites encasteladas, transformou-se em ativo eleitoral. Em um país exausto por crises migratórias, cidades sobrecarregadas e sensação crescente de vulnerabilidade, o discurso de soberania e proteção não apenas ganhou ressonância — foi decisivo para sua vitória.

Donald Trump classificou o atentado desta semana como terrorismo, covardia e ódio, e anunciou a revisão completa das permissões migratórias concedidas a cidadãos de nações consideradas de risco. Foi um recado duro, objetivo e previsível: os Estados Unidos retomam, ainda que tardiamente, a defesa de suas fronteiras. A pausa na concessão de vistos e na tramitação de pedidos de asilo de afegãos não é apenas medida administrativa; é mudança de clima político. A complacência ideológica perdeu o verniz moral. A realidade rompeu o véu da hipocrisia.


A civilização ocidental é forte e já sobreviveu a muitos desmandos, mas protegê-la requer zelo constante e rigor, não ingenuidade.


Há poucos anos, questionar políticas migratórias era, no Ocidente, um ato quase proibido, sinônimo de insensibilidade, falta de empatia, suposta xenofobia. Líderes evitavam o debate, jornalistas suavizavam números, universidades tratavam o tema como tabu moral. Defender controle de fronteiras era ser “reacionário”, “populista”, “antihumanitário”. O establishment progressista decretou que o bem residia no acolhimento irrestrito e que o mal estava em perguntar quem entra, por que entra e com quais antecedentes. Foi essa moral invertida que permitiu o ingresso de Rahmanullah Lakanwal. Foi essa moral invertida que matou Sarah. 

Agora, porém, o eixo parece estar se deslocando. Não por ideologia, mas por urgência prática. Dinamarca, Reino Unido e Irlanda, antes defensores entusiastas de fronteiras fluidas, passaram a restringir de forma severa o acesso de imigrantes e solicitantes de asilo. 

A Dinamarca anunciou que vai endurecer o processo de residência permanente, limitar benefícios a imigrantes recém-chegados e transferir refugiados para instalações desconfortáveis como forma de desencorajar a permanência massiva. 

O Reino Unido decidiu ampliar o tempo necessário para cidadania (de 5 para 20 anos), restringir apoio financeiro, eliminar a reunião automática de familiares e acabar com o modelo de hospedagem de requerentes em hotéis. 

A Irlanda segue no mesmo caminho. Nos últimos meses, o país aprovou um amplo endurecimento de suas regras de imigração e asilo: quem solicita proteção internacional ou busca naturalização deverá agora comprovar autonomia financeira, ausência de dívidas ao Estado e não ter recebido determinados benefícios sociais nos dois anos anteriores. A exigência mínima de residência para cidadania aumentou, e as regras de reunificação familiar tornaram-se mais rígidas: os requerentes deverão demonstrar meios financeiros e moradia adequada para acolher parentes. O acesso à cidadania poderá ser negado a quem já viveu ilegalmente no país.

Esse movimento na Europa não é coincidência histórica: é reação. O que ontem era chamado de radicalismo é, hoje, política pública. O que antes era denunciado como “agenda xenófoba” é, agora, reconhecido como simples defesa da soberania. 

Donald Trump não mudou esse caminho sozinho, mas foi o primeiro a pagar o preço político por dizer o óbvio em voz alta. Ele não discutiu o mundo como desejavam que fosse, mas como o mundo é — e foi ridicularizado e hostilizado por isso. Agora, o próprio establishment que o demonizou adota aquilo que ele apontou há quase uma década. O futuro, enfim, encontra a realidade e expõe o óbvio: “causas humanitárias” não podem caminhar ao lado da negligência estatal.


Donald Trump, durante pronunciamento sobre o atentado em Washington | Foto: Reprodução 

O desafio, daqui para frente, não é apenas fechar brechas migratórias, mas resgatar a noção de responsabilidade. Não se cobra culpa coletiva de uma comunidade inteira por um crime. Mas se cobra responsabilidade de um governo que permitiu a entrada sem rigor. Um Estado civilizado protege o inocente antes do risco. Um governo maduro compreende que compaixão sem prudência é crueldade disfarçada. O discurso humanitário que ignora a segurança transforma-se, inevitavelmente, em tragédia. 

Os defensores do modelo vigente tentarão reduzir o episódio a um incidente isolado. Dirão que casos como o de Lakanwal são raros, excepcionais. Talvez sejam. Mas basta um. Basta um tiro para encerrar uma vida. 

Basta um documento concedido sem verificação para transformar uma política em fatalidade por procuração. Segurança nacional não se mede pela média estatística, mede-se pela consequência do erro. E a consequência será enterrada no fim de semana. Tem nome. Tinha sonhos. Tinha 20 anos. Washington agora vive o dilema que o Ocidente tenta adiar há décadas: como conciliar abertura e responsabilidade? Como equilibrar acolhimento e soberania? Como exercer compaixão sem abdicar do dever primário de proteger seus próprios cidadãos? 

A resposta se impõe, lenta, porém inevitável: o Estado que renuncia à defesa de suas fronteiras renuncia também ao direito de existir. A paz não se sustenta na boa intenção. Sustenta-se na ordem, na lei, na capacidade de dizer sim — e de dizer não. Sarah Beckstrom não terá outra chance. Sua família jamais verá o futuro que ela prometia. Os Estados Unidos, porém, ainda têm a oportunidade de reescrever seu curso e mostrar ao mundo que soberania não é palavra suja — é pedra angular que sustenta a civilização. 

Nenhuma nação permanece grande se transforma seu território em corredor, suas fronteiras em véu simbólico, sua segurança em gentileza abstrata. Nenhum país sobrevive por muito tempo ignorando quem entra, por que entra e sob quais riscos entra. A liberdade americana sempre foi imensa demais para caber num mundo ingênuo, mas é igualmente frágil para sobreviver sem vigilância.



Membros da Guarda Nacional, da esquerda para a direita, o Sargento Andrew Wolfe e a Especialista Sarah Beckstrom | Foto: Reprodução/MS Now 

Talvez o Ocidente esteja, enfim, acordando. Não pela sabedoria, mas pela dor. Não pela elegância do debate, mas pelo estampido de uma arma na capital da maior democracia do planeta. A morte de uma soldado de vinte anos deve ser o ponto de inflexão de uma política, se encarada com honestidade e coragem. 

Que o nome de Sarah Beckstrom não desapareça entre manchetes. Que seu sacrifício não seja estatística, mas alerta. Que seu corpo não tenha servido apenas à pátria que ela amou e jurou defender, mas à lucidez de um tempo que ainda hesita em proteger o que construiu. 

A civilização ocidental é forte e já sobreviveu a muitos desmandos, mas protegê-la requer zelo constante e rigor, não ingenuidade. Não deixamos a porta de casa aberta para estranhos entrarem livremente; tampouco uma nação pode sobreviver se age como se não tivesse muros. 

Fronteiras escancaradas não são generosidade — são renúncia. E toda renúncia cobra seu preço, às vezes tarde demais para evitar o luto

Ana Paula Henkel - Revista Oeste

'A sombra: Bolsonaro e a perseguição stalinista de Moraes' - Por Flávio Gordon

 O ex-presidente é popular, carismático, querido pelas pessoas de seu entorno — ou seja, tudo aquilo que o ministro do STF, uma das figuras mais desprezadas da República, não é 


Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock


“Todo homem carrega uma sombra; quanto menos ela for incorporada à vida consciente, mais negra e densa se tornará.” (C. G. Jung, Aion: Estudos sobre o simbolismo do Si-mesmo)


H á na teoria psicológica de Carl Gustav Jung um conceito que, de tão profundo, acaba por iluminar regiões da vida política em que a sociologia, a ciência política e mesmo a história frequentemente se revelam impotentes. Trata-se da Sombra — essa zona limítrofe da alma, feita de matéria densa e opaca, onde repousa, fossilizado, tudo aquilo que o indivíduo ou a instituição julga feio demais para ser admitido à luz do dia: os medos que não ousa nomear, as vaidades que o corroem em silêncio, as cobiças menores, as vinganças subterrâneas e, sobretudo, a fustigante suspeita de que não somos aquilo que pretendemos parecer. 

A Sombra, dizia Jung, é a face oculta da persona, esse personagem cuidadosamente costurado para sobreviver ao teatro social. Não há poder que dispense tal máscara. Estados, tribunais, parlamentos, corporações burocráticas — todos dependem de um rosto público feito de virtudes polidas: racionalidade, imparcialidade, equilíbrio, decoro. Mas a manutenção dessa imagem, como tudo que é artificial, exige um sacrifício constante, uma espécie de purificação ritual que consiste em lançar atrás de si, para fora do círculo iluminado, aquilo que contradiz a narrativa sobre si mesmo. 

O drama começa quando, incapaz de suportar esse peso interno, o sujeito transfere à figura do outro a carga que lhe pertence. A Sombra, então, não é integrada; é projetada. E o adversário, até então apenas adversário, converte-se em ídolo às avessas, depositário de todos os males, bode expiatório em torno do qual se organiza uma liturgia persecutória. É nesse instante que a política deixa de ser exercício racional de governo e se torna um psicodrama — ou, mais exatamente, uma tragédia. 


A projeção da própria Sombra no adversário transforma a política em psicodrama, em que o outro vira bode expiatório e a razão cede lugar à tragédia - Foto: Reprodução


Entre os inúmeros episódios em que esse mecanismo se manifestou, poucos são tão transparentes quanto o conflito entre Josef Stalin e Leon Trotski. Engana-se quem supõe que a inimizade entre ambos nasceu de divergências doutrinárias ou de disputas meramente burocráticas. Nada disso: o motor profundo da perseguição era de natureza espiritual. Stalin, atormentado por uma insegurança que só crescia à medida que o poder se consolidava, passou a ver em Trotski a encarnação viva de tudo aquilo que lhe faltava. 

Trotski possuía o brilho que Stalin invejava: a pena ágil, a inteligência afiada, a ousadia estratégica, o fascínio que exercia sobre soldados e intelectuais. Era, por assim dizer, o príncipe maldito da Revolução — e, justamente por isso, a figura que melhor revelava a vulgaridade provinciana do ditador georgiano. Cada gesto de Trotski parecia traçar, por contraste, o contorno da mediocridade que Stalin tentava ocultar sob camadas de rigidez burocrática.


Cada nova violência institucional contra o bolsonarismo não gera alívio na esquerda, mas uma euforia inquieta.


Em outras palavras, Trotski era a Sombra de Stalin. E, como é da natureza das sombras quando não integradas, ele precisava ser destruído. Assim se inaugura o rito sacrificial: primeiro o isolamento paulatino, como se cada lâmpada da casa de um moribundo fosse apagada com meticuloso sadismo; depois, a reescritura da história, as acusações montadas coreograficamente, os expurgos que avançam como uma maré de chumbo, até a travessia final rumo ao exílio. 

A literatura registrou abundantemente a anatomia da queda de Trotski. Quer de maneira abertamente empática, como no último volume da trilogia de Isaac Deutscher, quer com o olhar mais distanciado de Robert Service, quer ainda por meio do romance histórico de Leonardo Padura, tudo revela um Trotski reduzido a um andarilho sujeito aos golpes do destino, sobrevivendo de traduções e estadias provisórias, mudando de país como quem muda de quarto — sempre atento ao menor ruído atrás da porta, consciente de que o veredito já estava escrito muito antes de ser pronunciado.


A queda de Trotski, retratada por biógrafos e romancistas, mostra o revolucionário reduzido a exilado errante, vivendo sob a sombra constante de sua sentença | Foto: Reproduçã


Mas, ironicamente, Trotski tornava-se tanto mais perigoso aos olhos de Stalin quanto mais reduzido a um fantasma político, porque sua própria existência espectral desmentia a persona heroica que o ditador tentava encenar. Stalin não precisava matar Trotski para consolidar o poder. Precisava matá-lo para silenciar a Sombra que o atormentava. Cada golpe de picareta no crânio do exilado era, simbolicamente, um golpe contra a própria insuficiência que Stalin não ousava admitir. 

Transposto para os nossos tristes trópicos, esse padrão arquetípico reaparece na perseguição movida por Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro. Não, claro está, porque os personagens brasileiros se pareçam substancialmente com os do drama soviético, mas porque o mecanismo psicológico que organiza a nossa ditadura presente é estruturalmente similar. 

Nos últimos anos, com a devoção obsequiosa da grande imprensa e da elite político-administrativa, Moraes construiu uma persona de “guardião da democracia”: o juiz providencial que, num país polarizado por bárbaros, ergue sozinho a espada luminosa da legalidade. É uma persona sedutora, sobretudo para quem necessita justificar poderes crescentes por meio de uma retórica moralizadora.

Mas é também uma persona frágil diante da presença de um Outro que a desestabiliza. Por suas características próprias, Bolsonaro personifica aquilo que a narrativa alexandrina não pode admitir: a possibilidade de que o “defensor da democracia” seja, na verdade, o agente de uma escalada autoritária legitimada pelo pânico moral. 

Bolsonaro representa para Moraes não apenas um adversário político, mas uma ameaça existencial, um lembrete incômodo de que o poder precisa, ao menos em teoria, prestar contas ao povo, e não apenas às corporações de Brasília. Bolsonaro é popular, carismático, querido pelas pessoas de seu entorno — ou seja, tudo aquilo que Alexandre, uma das figuras mais desprezadas da República, não é. 


Bolsonaro surge como o espelho incômodo que a narrativa de Moraes não tolera: o rival popular que expõe os limites do “defensor da democracia” | Foto: Shutterstock


Com sua popularidade orgânica, sua linguagem simples, sua imprevisibilidade e sua recusa em desempenhar o papel de vilão no qual queriam enquadrá-lo, Bolsonaro tornou-se o elemento dissonante que expõe as fissuras da persona alexandrina. Sua humanidade exuberante, caótica e imperfeita serve de contraste incômodo ao aparato de autopurificação moral que define o sistema político-burocrático de Brasília. 

É nesse ponto que o mecanismo junguiano se fecha. Moraes passa a denunciar em Bolsonaro — o “extremista”, o “inimigo da democracia”, o “populista” — não o que o ex-presidente é, mas o que ele próprio teme ser. Daí a narrativa de “ódio” e “raiva” que surge nos relatos. Daí a convicção delirante de que Bolsonaro “teria acabado com sua vida”. Daí a escalada sádica — intimação dentro de uma UTI, buscas espetaculares, vigilância doméstica, prisão para evitar uma fuga impossível — que revela menos a força do perseguidor do que sua vulnerabilidade. Quanto maior a Sombra, maior a violência necessária para sustentar a persona. 

Jung advertia que sociedades inteiras sucumbem quando atribuem a instituições humanas uma aura de infalibilidade sacerdotal. É então que magistrados se imaginam encarnações ambulantes da Constituição; que tribunais se veem como tutores de um povo incapaz de governar a si mesmo; que burocratas confundem sua autopreservação com a preservação da democracia. O Brasil contemporâneo vive precisamente essa Ego trip totalitária.


Toda perseguição estatal totalitária revela menos sobre o perseguido do que sobre o perseguidor. Foi assim com Stalin. É assim com Alexandre de Moraes.


A perseguição a Bolsonaro — culminando numa prisão tão indecorosamente desmedida — tornou-se um ritual purificador para uma elite que, incapaz de reconhecer sua própria falência, prefere projetá-la sobre um inimigo conveniente. Com seus modos caipiras e seu magnetismo popular, Bolsonaro não ameaçou apenas um arranjo institucional, mas a ficção político-psicológica mediante a qual Brasília ainda tenta se enxergar como centro moral do país. É por isso que cada nova violência institucional contra o bolsonarismo não gera alívio na esquerda, mas uma euforia inquieta. Pois, quanto mais os perseguidores avançam, mais visível se torna a Sombra que tentam ocultar. 

A história ensina que nenhuma Sombra se dissipa pela destruição daquele que a representa. Stalin não purificou sua alma eliminando Trotski; apenas expôs sua deformidade ao longo do tempo. Da mesma forma, a tentativa de transformar Bolsonaro num inimigo metafísico — interditando sua presença, cassando sua palavra, martirizando seu corpo — revela menos sobre o ex-presidente do que sobre a elite que precisa dessa figura para sustentar sua própria fábula de pureza institucional. 


A perseguição a Bolsonaro não elimina a Sombra, apenas revela a deformidade de quem precisa dele como inimigo para sustentar sua própria fábula de pureza institucional - Foto: Reprodução/Site oficial do Partido Liberal


No final das contas, toda perseguição estatal totalitária revela menos sobre o perseguido do que sobre o perseguidor. Foi assim com Stalin. É assim com Alexandre de Moraes. A história se repete não porque os homens não aprendem, mas porque raramente desejam olhar para sua própria Sombra. É mais fácil inventar inimigos. E, quando a política se reduz a esse exercício de histeria e pose, a sociedade colapsa não por culpa da figura estigmatizada que se tenta destruir, mas, justamente, pela força irracional que se mobilizou para destruíla.

Flávio Gordon - Revista Oeste