A mais recente pesquisa Ibope traz a Bolsonaro alegria e angústia e tensão aos demais. O candidato do PSL recupera-se do ataque sofrido e colhe frutos de sua enorme exposição. Mais ainda: sua condição de vítima lhe amainou a imagem e aumentou sua intenção de votos. Saiu de um candidato agressivo para um agredido, quase assassinado.
Bolsonaro mantém a liderança – seja no cenário estimulado (antes 22% e agora 26%) ou espontâneo (antes 17% e agora 23%) – colocando-o, virtualmente, no segundo turno da disputa. Mas, o melhor, para ele, é que sua rejeição teve uma leve queda de 3%, estando, agora, com 41%. No segundo turno, onde estava seu maior problema, o cenário mudou: nas últimas projeções ele só ganharia de Haddad e perderia para Ciro, Marina e Alckmin; agora, contudo, continua ganhando de Haddad, mas, de forma surpreendente, já está em empate técnico com os outros três.
Nos angustiados estão os que disputam um lugar no segundo turno: Alckmin, Marina, Ciro e, agora, Haddad. Tendo o maior tempo de TV, o tucano não cresce, mas Ciro e Marina caem. Marina caiu 3% e Ciro 1%. Haddad variou positivamente e tem 8%. Nesse grupo, todos estão tecnicamente empatados. A TV e a estrutura darão fôlego para Alckmin no final? Marina vai conseguir reagir com pouco tempo e estrutura? Ciro voltará a crescer e manter-se moderado em seu discurso? Haddad terá tempo para se tornar conhecido e herdar parte dos votos de Lula? Perguntas pululam e respostas são, sempre, provisórias, pois, como vimos, tudo pode mudar de um dia para o outro.
* DOUTOR EM SOCIOLOGIA E PROFESSOR DO MACKENZIE
Rodrigo Prando, O Estado de S.Paulo