sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Brasil é o país dos direitos, só não tem emprego, diz Bolsonaro

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) falou em live (ao vivo) do Facebook nesta sexta-feira (9) que o Brasil tem muitos direitos trabalhista, mas não tem emprego.
Citando empresários, o presidente eleito relacionou as leis que os empregadores devem seguir ao tamanho do desemprego no país. Segundo o último levantamento do IBGE, são 12,5 milhões de pessoas sem trabalho no país.
Bolsonaro comparou o país com os Estados Unidos, onde disse que os trabalhadores podem trabalhar 15 horas e ganhar por isso, assim como podem folgar (e não receber). 
"O Brasil é o país dos direitos, só não tem emprego", disse e afirmou que a meta da sua equipe econômica é aumentar o número de empregos. 
"Eu não vou tirar direito. Está na Constituição. Não vou dar murro em ponta de faca."
Ele atribuiu a relação entre direitos trabalhistas e empregos aos empresários com quem conversa. "Os empresários estão falando isso. Ou tem emprego e menos direitos, ou tem direito e menos empregos".
Sobre as críticas que recebeu após afirmar que irá extinguir o Ministério do Trabalho, Bolsonaro afirmou que não irá acabar com a CLT. 
 O presidente eleito criticou os sindicalistas, que, segundo ele, disseram que os direitos trabalhistas correm riscos. "É muito fácil a vida de sindicalista, não são todos, mas eles ficam lá engordando e criticando".
Durante o pronunciamento na rede social, o capitão reformado afirmou que ainda não tem poder de decisão sobre os rumos do país. E disse que o aumento do salário dos magistrados é uma decisão do presidente Michel Temer. 
"Eu ainda não sou presidente. Estão colocando na minha conta o reajuste do judiciário! Como se eu tivesse poder. A decisão é do presidente Michel Temer", disse.
De acordo com o Bolsonaro, ele já havia falado o que achava sobre o assunto. Uma semana antes, o capitão reformado havia dito que não poderia haver aumento somente para um setor. 
 
Sobre a reforma da Previdência, o presidente eleito negou que irá aumentar a alíquota da previdência dos servidores públicos.
"Estão falando que eu vou aumentar de 11% para 22% o desconto previdenciário, isso é um absurdo", disse.
A proposta em questão, elaborada por técnicos do Congresso, sugere, entre outros pontos, o aumento da alíquota de contribuição de servidores para até 22% e mudança na regra de cálculo dos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que exige 40 anos para ter acesso ao valor máximo da aposentadoria.
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O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) em visita 
que fez durante a semana a Brasília
 - Pedro Ladeira - 7.nov.18/Folhapress
"O jornal O Globo está colocando na minha conta o aumento da previdência", afirmou e repetiu que ainda não é o presidente do país para tomar tais decisões. "A imprensa quer por na minha conta o mínimo de 40 anos [de contribuição previdenciária]. É um absurdo", disse.
Segundo o eleito, os fatos noticiados estavam em projetos que ele recebeu durante ida a Brasília. "Recebi muitos projetos. Nós queremos uma reforma da previdência, mas não vamos começar pelo trabalhador", disse.

AGRICULTURA

Sobre a escolha de Tereza Cristina (DEM-MS) para a liderança do Ministério da Agricultura, Bolsonaro disse que desde a campanha já havia dito que o setor produtivo iria escolher o nome para a pasta.          
Bolsonaro afirmou que irá ele próprio escoolher o nome para o Meio Ambiente. Os ministérios, que inicialmente seriam fundidos em uma mesma pasta, permanecerão separados.
O presidente eleito também fez  críticas ao Ibama e aos ambientalistas. 
"Vocês não sabem o que é produzir no Brasil. Aproximadamente 40% das multas vão para ONGs, eu não sei se isso é verdade, mas se for, vocês já sabem o que vai acontecer", disse.
Bolsonaro lembrou que foi multado em R$ 10 mil por pesca em local proibido, o que ele afirmou ser perseguição, pois no mesmo horário em que a multa foi aplicada, estava no Congresso.
O presidente eleito disse que em seu governo o turismo será usado para preservar o meio ambiente e gerar empregos. Ele criticou a demarcação de áreas de preservação ambiental, algo feito, segundo Bolsonaro, pelos "xiitas do Ibama".

Heloísa Negrão, Folha de São Paulo