Um incêndio atingiu o Museu Nacional do Brasil na noite deste domingo, devastando o imponente museu de 200 anos do Rio de Janeiro e ameaçando os anos de história encapsulados no interior.
Um vídeo aéreo postado pela TV Globo mostrava chamas rugindo e fumaça saindo do grande museu. Janelas de vários andares do outro lado da instituição exibiam uma cor alaranjada em chamas, e o brilho do fogo iluminava o céu da noite.
A destruição do prédio foi significativa, e não está claro se algum artefato histórico foi salvo.
O museu abrigava uma coleção de mais de 20 milhões de itens, incluindo múmias egípcias, artefatos greco-romanos, fósseis de dinossauros e o mais antigo fóssil humano da região, conhecido como Luzia.
Acredita-se que ninguém tenha sido ferido no incêndio, que começou por volta das 19h30, horário local, quando o museu foi fechado, disseram os bombeiros. Várias horas depois, os bombeiros ainda estavam trabalhando para apagar o enorme incêndio.
Michel Temer, o presidente do Brasil, twittou que foi "um dia triste para todos os brasileiros". “A perda da coleção do Museu Nacional é incalculável para o Brasil”, escreveu ele. "Duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento foram perdidos."
O prefeito Marcelo Crivella disse no domingo à noite em uma mensagem postada no Instagram que era um "dever nacional" reconstruir a coleção "das cinzas", sugerindo a construção de réplicas com base em fotos.
O museu, em um parque público e agora ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, completou 200 anos em junho. É a instituição científica mais antiga do Brasil e possui grandes coleções de história natural e antropologia.
Mas o museu havia caído em desuso nos últimos anos, enquanto o próprio país lutava contra uma economia paralisada e instabilidade política. De acordo com relatos da mídia local, professores que lá trabalhavam tinham recolhido dinheiro para ajudar a pagar pelos serviços de limpeza.
Luiz Fernando Dias, vice-diretor do museu, disse à GloboNews no domingo que o incêndio destruiu completamente o complexo. Segundo ele, a instituição lutava para se manter financeiramente por vários anos. O museu deveria obter financiamento para uma reforma do Banco de Desenvolvimento do Brasil, mas parte do dinheiro só seria disponibilizada depois de uma eleição nacional para substituir o presidente em outubro.
— Tudo isso resulta na destruição das carreiras de cerca de 90 pesquisadores que dedicaram suas vidas profissionais a esse espaço — disse Dias.
O curador Gaudêncio Fidelis criticou o governo pelo que chamou de "negligência":"Este é um crime que deve ser punido", escreveu ele num post do Facebook.
“Tristeza, consternação e indignação são sentimentos que acredito compartilhar com muitas pessoas que entendem o significado do conhecimento do qual as futuras gerações serão privadas”.
Roberto Bobadey, o comandante do corpo de bombeiros do Rio, disse que os bombeiros conseguiram recuperar alguns itens das chamas, mas acrescentou que não está claro quanto pode ter sido poupado.
— Os funcionários do museu terão que fazer uma avaliação mais tarde — disse ele em entrevista à Globo News.