O dólar comercial ficou praticamente estável nesta segunda-feira, mesmo com a atuação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio. A moeda americana fechou a R$ 3,781, pequena variação negativa de 0,07% ante o real. A divisa variou entre a mínima de R$ 3,763 e a máxima de R$ 3,789. Já o Ibovespa, principal índice de ações local, foi na contramão do mercado externo e subiu 0,44%, aos 70.952 pontos.
O BC realizou um leilão de linha em que emprestou US$ 500 milhões dos 3 bilhões ofertados. Os recursos saem das reservas internacionais. Trata-se de uma venda em que o BC se compromete a comprar de volta o montante ofertado, que é devolvido às reservas internacionais.
- É um dinheiro que sai das reservas, mas depois mostra que o BC tem munição contra apostas especulativas. É mais uma ferramenta para acalmar os mercados, mas o cenário externo segue muito volátil -- disse Julio Hegedus Netto, economista-chefe da consultoria Lopes & Filho.
Na avaliação de Cleber Alessie, operador da corretora H.Commcor, o interesse dos investidores pelo leilão de linha pode ter duas explicações. A primeira, que a oferta foi acima da demanda. Já a segunda é que o corte estabelecido pelo BC, de R$ 3,7877, não atraiu os compradores. Nesse tipo de leilão, o comprador ganha quando mais alta for a cotação do dólar no dia do vencimento da operação, que será em 2 de agosto.
-- O BC pode ter enxergado uma demanda na sexta-feira, quando anunciou o leilão, que não teve continuidade hoje. Ou houve pouco interesse na faixa de corte estabelecida pelo BC. Se fosse mais abaixo, talvez pudesse ter vendido uma parte maior do leilão de linha - explicou.
Ao anunciar o leilão de linha, na sexta-feira, a autoridade monetária frisou ainda que continuará a atuar no câmbio por meio da venda de contratos de swaps cambiais (equivalente à venda de dólar no mercado futuro).
No exterior, o "dollar index", que mede o comportamento da divisa frente a uma cesta de dez moedas, registrava queda de 0,21% próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil.
PETROBRAS SUSTENTA IBOVESPA
Na B3, o Ibovespa, operou sob a pressão do mercado externo. No entanto, o desempenho das ações da Petrobras impediu que o índice fechasse em território negativo. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal subiram 3,90%, cotados a R$ 15,70, e os ordinários (ONs, com direito a voto) tiveram valorização de 1,85%, a R$ 18,09. As ações da estatal ganharam força com a notícia de que a ação coletiva contra a petroleira que tramitava na justiça americana, em primeira instância, foi concluída. A valorização ocorreu mesmo com a queda do petróleo no mercado externo - o barril do tipo Brent recuava 0,82%, a US$ 74,93.
O desempenho da Vale e das siderúrgicas impediram, no entanto, uma alta do índice. As ações da mineradora recuaram 1,77%. No caso da Gerdau, o recuo foi de 2,66% e de 2,73% na Gerdau Metalúrgica. A queda, no entanto, foi liderada pelos papéis da Sanepar, que afundaram 3,69%.
No exterior, as Bolsas operaram com viés negativo durante todo o pregão em meio ao cenário de disputa comercial entre os EUA e a China. Na noite de ontem o presidente americano, Donald Trump, ameaçou no Twitter retaliar países que não retirarem “barreiras artificiais” contra produtos americanos. Também circulam informações no mercado de que Trump se prepara para anunciar a restrição de investimentos da China em empresas americanas. As bolsas asiáticas fecharam negativas.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones fechou em queda de 1,33% e o S&P 500 recuou 1,37%. Na Europa, o movimento foi similar. O DAX, de Frankfurt, registrou desvalorização de 2,46% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, recuou 1,92%. Em Londres, o FTSE 100 caiu 2,24%.
Ana Paula Ribeiro, O Globo