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Deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG), que vai relatar a denúncia contra Temer |
BRUNO BOGHOSSIAN - Folha de São Paulo
Em uma manobra que contou com a articulação do Palácio do Planalto, o PSC cedeu uma de suas vagas na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) ao deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) para que ele possa permanecer na relatoria da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
O partido entregou nesta quinta-feira (5) ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ofício que coloca Andrada na vaga de suplente a que a sigla tem direito na comissão. Ele substitui o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP).
A indicação ocorreu horas depois que o PSDB decidiu retirar seu deputado da CCJ. Divididos em relação às acusações feitas contra Temer, os tucanos queriam que Andrada se recusasse a desempenhar a função de relator do caso.
A cúpula do PSDB se reuniu com Andrada no início da tarde desta quinta e insistiu para que o deputado se licenciasse temporariamente do partido, para evitar que seu relatório –provavelmente favorável a Temer– fosse vinculado diretamente aos tucanos. Bonifácio mais uma vez recusou essa opção e respondeu que continuaria como relator do caso.
"Temos a mais alta estima pelo deputado Bonifácio, mas ele sabe que nossa bancada está dividida e ponderamos que essa questão criaria uma dificuldade ao PSDB, disse o líder tucano na Câmara, Ricardo Tripoli (SP).
O movimento do PSDB é uma maneira de tentar desvincular a sigla de um provável relatório pró-Temer. O discurso tucano será o de que o partido trabalhou para retirá-lo da comissão e que ele só permaneceu na relatoria porque um partido aliado de Temer o indicou para o posto.
DESCONFORTO
Andrada manifestou desconforto com o episódio. "Essa é uma atitude da liderança do partido. Não tenho nenhuma participação nessa articulação", afirmou.
Para justificar o movimento do PSDB, o presidente da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), disse que Andrada não poderia ser substituído na relatoria do caso porque tem alto conhecimento jurídico.
"Não existe outro nome na CCJ com esse conhecimento. Ele fica no partido, mas não virá a dividir o partido por ocupar uma vaga que é do PSDB", afirmou.
Pacheco, que escolheu Andrada para a função, disse à Folha que o episódio é "lamentável". "A escolha teve critérios próprios e já amplamente divulgados, sem motivação partidária", declarou, mais tarde, em nota.
A reação do presidente da CCJ não agradou aos tucanos. Tripoli disse ter "dúvidas" em relação ao comportamento de Pacheco durante o episódio e afirmou que o PSDB não foi comunicado antecipadamente por ele sobre a escolha de Andrada para a relatoria da denúncia.
Apesar do contratempo, Andrada continua trabalhando na elaboração do parecer sobre a denúncia. Ele pretende apresentar o relatório na próxima semana.