
Luiza Souto - O Globo
A decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), de não receber o oficial de Justiça e descumprir liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello foi o “episódio mais grave”. Essa é a opinião do ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto, que está em São Paulo para participar de seminário sobre corrupção.
— Deixar de acatar a decisão do ministro me soou como afrontoso. Foi o episódio mais grave —apontou Ayres Britto, para continuar:
— O certo era cumprir a decisão. E, se fosse o caso, tanto a Mesa (do Senado) como Renan se encontram habilitados a recorrer, mas o recurso é no pressuposto ao cumprimento.
Ayres Britto evitou opinar sobre a votação de cada ministro do STF, que optou por manter Renan na presidência do Senado, mas disse que optaria pelo afastamento do presidente do Senado:
— Eu entendo que a decisão que imprime a Constituição é a do ministro Marco Aurélio.
Em entrevista ao GLOBO nesta quinta-feira, o ministro Marco Aurélio sugeriu que pode ter havido um acordo para poupar Renan. Ayres Britto não concordou.
— Não acredito nisso. Nos meus quase dez anos ali nunca vi nada disso. Cada ministro votou de acordo com seu entendimento. Ali não houve decisão política.