sexta-feira, 27 de maio de 2016

FHC recebe título de doutor honoris causa pela Universidade de Harvard


Fernando Henrique Cardoso cumprimenta o cineasta Steven Spielberg durante entrega do título de doutor honoris causa. Entre os dois está Mary Bonauto, advogada defensora dos direitos humanos - BRIAN SNYDER / REUTERS


O Globo



O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu nesta quinta-feira o título de doutor honoris causa pela Universidade Harvard, em Boston, nos Estados Unidos. A entrega ocorreu durante a formatura da classe de 2016.

O ex-presidente comentou em seu perfil no Facebook a cerimônia e ressaltou que o poeta Octávio Paz e o escritor Carlos Fuentes, ambos mexicanos, únicos latino-americanos que já haviam recebido esse título.


“O prêmio é individual, mas me senti orgulhoso, como brasileiro, de recebê-lo”, publicou na rede social.

Em comunicado, a Universidade Harvard afirma que a concessão do título honorário "reforça os laços da universidade com o Brasil".

Apesar de mais conhecido por sua carreira política, FHC tem atuação de destaque na academia. Ele é apontado como um dos principais teóricos da teoria da dependência, uma releitura marxista sobre a periferia do capitalismo global.

"Filho e neto de generais, Cardoso simpatizou com políticos de esquerda como estudante e professor, e deixou o Brasil após o golpe militar em 1964, para dar aulas no Chile e na França", destaca Harvard, sobre FHC. "Coautor de 'Dependência e desenvolvimento na América Latina', ele entrou na vida pública como senador eleito no começo dos anos 1980, e se tornou ministro das Relações Exteriores e da Fazenda antes de ser eleito presidente".



Fernando Henrique recebe título nos EUA - Steven Senne / AP



Além de Fernando Henrique, oito personalidades receberam o título pela universidade: o escultor El Anatsui, a advogada Mary Bonauto, o historiador David Brion Davis, a bióloga Elaine Fuchs, o biógrafo Arnold Rampersad, o astrofísico Martin Rees, a filósofa Judith Thomson e o cineasta Steven Spielberg, a estrela do dia.

— Meu trabalho é criar um mundo que dura duas horas. O trabalho de vocês é criar um mundo que dure para sempre — disse Spielberg, aos formandos da universidade. — Vocês são os futuros inovadores, motivadores, líderes e cuidadores.

Diretor de "A lista de Schindler", Spielberg destacou que existem muitos vilões na vida real, não apenas no filme. Todas as formas de ódio, incluindo o genocídio, não foram enterradas com o nazismo.

— Este mundo está cheio de monstros. Há o racismo, a homofobia, o ódio étnico, ódio de classe. Há o ódio político e o ódio religioso — disse o premiado cineasta. — A maneira com que você cria o futuro é estudando o passado. Atrocidades estão acontecendo agora, então nos perguntamos não "quando esse ódio vai acabar" mas "como começou"?