
O Globo
WASHINGTON - O Federal Reserve (Fed), banco central americano, anunciou nesta quarta-feira que vai elevar a taxa de juros dos Estados Unidos após sete anos em patamar próximo de zero (entre zero e 0,25% ao ano), desde a crise global de 2008. A decisão da autoridade econômica foi unânime. A taxa de juros subiu em 0,25 ponto percentual ao ano, ficando entre 0,25% e 0,5%, o que indica melhora nas condições da economia americana. É a primeira vez que o Fed aumenta a taxa desde 2006.
A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, afirmou que a alta da taxa encerra um "período extraordinário". Em nota, a comissão econômica informou que espera que as condições vão se desenvolver de modo que haverá "aumentos graduais na taxa federal de juros". No entanto, a trajetória do índice dependerá da perspectiva econômica nos próximos meses. Segundo a Bloomberg, os legisladores projetam que a taxa deve chega a 1,375% até o fim de 2016, o que implica mais elvações no ano que vem.
Segundo o comunicado da entidade, o Fed avalia que "a atividade econômica tem expandido em passo moderado. O consumo das famílias e investimentos empresariais fixos têm crescido em taxas sólidas nos últimos meses e o setor de habitação melhorou". No entanto, o Fed destacou o desempenho leve das exportações líquidas.
A comissão do Fed afirma que "busca fomentar o emprego máximo e a estabilidade de preço". Analisando o desenvolvimento doméstico e internacional, os legisladores acreditam que "os riscos para as perspectivas da atividade econômica e o mercado de trabalho como equilibrados". O banco central prevê crescimento da inflação para 2% no médio prazo à medida em que efeitos transitórios da queda nos preços das importações e da energia se dissipam e o mercado de trabalho se fortalece.
A decisão tomada após dois dias de reunião já era aguardada pelo mercado, já que quase 90% dos negócios com juros futuros negociados nesta semana na Bolsa de Chicago indicavam a alta das taxas no país. Autoridades do Fed já haviam indicado no mês passado que dezembro seria um momento possível para a elevação.
Economistas apontam que o aumento da taxa de juros pode causar a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil, pois uma vez que o país sobe as taxas, passa a atrair capitais até então canalizados para mercados menos seguros, porém mais rentáveis em virtude de taxas de juros e prêmios de risco mais altos. A saída de dólares pressiona para cima a cotação da moeda americana, o que contribui para a alta de inflação.