sexta-feira, 5 de setembro de 2025

O cinismo da campanha lulopetista contra Nikolas Ferreira

O socialismo latino-americano não é um movimento político. É organização criminosa em escala continental


Foto: Montagem Revista Oeste/REUTERS/Adriano Machado



“Devemos nos mover o mais rápido possível para usar as drogas e os narcóticos tanto para aleijar a sociedade capitalista quanto para financiar mais atividades revolucionárias.” (Nikita Kruschev, 1962) 

“Em 1990 já se via vir abaixo o campo socialista (…). É nesse preciso momento que o PT lança a formidável proposta de criar o Foro de São Paulo, trincheira onde nós pudéssemos encontrar os revolucionários de diferentes tendências, de diferentes manifestações de luta e de partidos no governo, concretamente o caso cubano. Essa iniciativa, que encontrou rápida acolhida, foi uma tábua de salvação e uma esperança de que tudo não estava perdido.” (Farc, Saudação ao Foro de São Paulo, 25 de janeiro de 2007)



N unca a velha máxima atribuída a Lenin foi aplicada com tamanho descaramento: acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é. A campanha de assassinato de reputação orquestrada pelo PT e sua imprensa amestrada contra Nikolas Ferreira — o jovem parlamentar de direita que os comunistas tentam associar ao crime organizado e, em particular, ao PCC — é leninismo puro-sangue. 

Com a mais recente peça de cinismo idealizada por Sidônio Palmeira, ministro da propaganda do Reich lulo-alexandrino, chegamos, de fato, ao grau supremo da obscenidade. Afinal, são justamente os membros da cultura política que ensinaram o crime a se organizar no presídio de Ilha Grande (dando origem ao Comando Vermelho), que confraternizaram por décadas com os narcoterroristas das Farc e transformaram países inteiros em reféns de cartéis governamentais (como na Venezuela), que agora posam de paladinos da soberania, da lei e da ordem. É como se Al Capone acusasse o açougueiro da esquina de lavagem de dinheiro. Como se Nero incendiasse Roma e culpasse os cristãos pelo fogo. Como se Suzane von Richthofen fosse promovida a embaixadora de uma campanha mundial contra o parricídio…

Alexander Soljenítsin costumava dizer que a mentira é a alma imortal do comunismo. Ao que eu acrescentaria: e a cocaína é o seu combustível. Quem ainda não entendeu isso não entendeu absolutamente nada do que se passou na América Latina nas últimas cinco décadas, uma longa história de amor entre o crime organizado e o marxismo-leninismo, que agora os seus representantes brasileiros buscam apagar, atribuindo o próprio crime justamente aos seus adversários políticos. 

Em meu livro Ideologias de Massa e suas Metamorfoses (PhVox, 2023), dei ao 17º capítulo o título de “epidemia rosa”, expressão que pretendia sintetizar a história política da esquerda latino-americana nas últimas cinco ou seis décadas. Tomei-a de empréstimo do general soviético Boris Shevchenko, chefe do departamento especial de propaganda, que cunhou a expressão para se referir secretamente à operação de inteligência que, usando como base os regimes e movimentos pró-soviéticos na América Latina, consistia em inundar os EUA e o Ocidente com cocaína. Portanto, o “rosa” fazia referência à fusão cromática entre o branco da cocaína e o vermelho do comunismo. 

Com efeito, de acordo com arquivos hoje disponíveis — entre eles o célebre Mitrokhin Archive, do dissidente soviético Vasili Mitrokhin, e os do general tcheco Jan Sejna, membro do StB, o serviço secreto da antiga Tchecoslováquia —, a disseminação de drogas no interior dos Estados Unidos era vista pela URSS, por um lado, como forma de enfraquecer o “inimigo de classe” por dentro, pela dissolução de sua juventude, sua disciplina social e sua capacidade de resistência, e, por outro, como meio de aquisição de dinheiro para financiar o movimento revolucionário mundo afora. Eis aí o real sentido do internacionalismo comunista, no qual o lema “trabalhadores do mundo, uni-vos” foi substituído por “traficantes do mundo, abasteceinos”. 


Fidel Castro assumiu o poder em Cuba em 1959 | Foto: Reprodução/Wikipedia 

Foi em Cuba que a teoria soviética da subversão via narcotráfico ganhou corpo. Desertores como Rafael del Pino relataram como aviões militares de Castro transportavam pó em conluio com cartéis colombianos. E quando a sujeira veio à tona, Fidel organizou um julgamento-espetáculo digno de seu guru Stalin: julgou e executou o general Arnaldo Ochoa como bode expiatório, a fim de acobertar o seu próprio papel na instrumentalização do tráfico de drogas. Ou seja, aquele mesmo regime que posava de farol moral da humanidade era, na prática, um entreposto de cocaína para Miami. Como relata em seu livro de memórias, Juan Reinaldo Sánchez, ex-segurança do ditador cubano: “Fidel havia pedido para eu cortar o sinal do gravador que ele tinha na sala, mas por curiosidade eu o religuei e ouvi o ministro do Interior José Abrantes prestar contas a ele das receitas do tráfico. Foi nesse momento que me dei conta de que eu não servia a um revolucionário, mas a um narcotraficante.

” Na Colômbia, a simbiose alcançou o paroxismo. As Farc, um bando de celerados marxistas-leninistas, descobriram que slogans revolucionários não compram fuzis. Como resultado, adotaram o lema: “la coca es la gasolina de la revolución”. No início dos anos 2000, relatórios da DEA mostravam que eles controlavam até 60% da produção mundial. Em suma, cada carreirinha cheirada por um jovem rebelde e cretino em Paris ou Nova York ajudava a financiar sequestros, assassinatos e propaganda socialista. 

No Brasil, o episódio clássico dessa internacional do crime foi a prisão de Fernandinho Beira-Mar, líder do Comando Vermelho, num acampamento das Farc em plena selva colombiana, onde negociava com os narcoterroristas armas contrabandeadas do Líbano (mais precisamente do Hezbollah) em troca de cocaína. Depois vieram as delações de Marcos Valério, homologadas pelo mesmo STF que, mais tarde, proibiria toda menção aos fatos, a saber. Em julho de 2022, Valério relatou à Polícia Federal a proximidade entre o PT e o PCC, facção criminosa que hoje controla boa parte dos negócios e das finanças no país.


Narcotraficante Fernandinho Beira-Mar | Foto: Reprodução/Redes Sociais 

Juntando a delação de Valério com outras informações — como as da sociedade do ex-contador de Lula com a mesma facção criminosa; do vereador petista também suspeito de envolvimento com o PCC; do áudio vazado em que um bandido do PCC preso fala em “diálogo cabuloso” com o PT; da confissão do Descondenadoem-chefe de que atuou para soltar os “meninos” (todos guerrilheiros marxistas acima de 30 anos) que sequestraram Abílio Diniz, e cujo contato com presos comuns no Carandiru seria o embrião do surgimento do PCC; da vitória esmagadora do Descondenado entre os eleitores presidiários; da livre visita, sem escolta, do então ministro da Justiça, o comunista Flávio Dino, a uma região dominada pelo crime organizado no Rio de Janeiro etc. —, vemos surgir um quadro perturbador, no qual a política e o crime organizado aparecem inextricavelmente misturados. 

Mas foi a Venezuela de Hugo Chávez que elevou o modelo ao paroxismo, tornando-se o primeiro narcoestado da América do Sul. Hoje, na mira de Donald Trump e Marco Rubio, o Cartel de los Soles, formado dentro das Forças Armadas chavistas, transformou o país no grande laboratório do narcossocialismo continental. E, por óbvio, enquanto generais eram sancionados pelo Tesouro americano e sobrinhos de Maduro eram condenados em Nova York por tentar mandar 800 quilos de pó para os EUA, o povo venezuelano continuou condenado à miséria eterna em nome da revolução bolivariana redentora.

A prova final veio com Hugo “El Pollo” Carvajal, ex-chefe da inteligência militar de Chávez. Diante da Justiça espanhola, confessou que o regime bolivariano financiava partidos de esquerda em todo o continente com dinheiro do tráfico. Entre os beneficiários, ninguém menos que o PT. Ou seja, segundo o “frango” venezuelano, que hoje continua cantando numa prisão americana, as campanhas presidenciais de Lula e Dilma foram literalmente irrigadas com o suor e o sangue dos viciados em crack e cocaína mundo afora. Haja soberania nacional, hein, Sidônio?


O falecido ditador Hugo Chávez esteve no poder entre 1999 e 2013 | Foto: Harold Escalona/Shutterstock


Diante desse acervo monumental — arquivos soviéticos, confissões de desertores, escutas de membros de facções criminosas, relatórios internacionais, delações homologadas, sentenças da Justiça americana etc. —, qual é a reação da extrema-esquerda? A de sempre: negar, relativizar, inverter. Negam quando ainda podem esconder. Relativizam quando já não podem negar. E invertem quando não dá mais para relativizar. 

O pior é que, em alguma medida, a tática aviltante funciona. Funciona porque a mentalidade brasileira foi rebaixada ao ponto em que a mentira não apenas convence, mas consola. Porque uma elite midiática e acadêmica, por burrice, canalhice ou ambas, repete em coro o script da inversão da realidade. E porque setores da própria direita, acovardados e despreparados para o combate contra o mal político, ainda se preocupam em parecer “respeitáveis” diante dos piores vigaristas. 

Daí que é preciso deixar muito claro: a “epidemia rosa” não é uma figura de linguagem, mas um diagnóstico preciso. O socialismo latinoamericano não é um movimento político. É uma organização criminosa em escala continental, para a qual a política oficial, bem como o narcotráfico, são meros instrumentos. É a fusão entre o vermelho da ideologia mais mortífera da história e o branco da droga mais destrutiva. É uma máfia travestida de ideologia, uma quadrilha treinada em discurso pseudo-humanista. 

Enfim, rosa é a cor do socialismo latino-americano — uma mistura de sangue e pó, utopia e vício, mentiras e cadáveres. Que os representantes nacionais dessa longa e nefasta simbiose acusem justamente os adversários políticos de praticá-la tampouco deveria causar perplexidade. Matar e acusar em escala industrial — eis as duas artes satânicas nas quais os comunistas se especializaram mais do que ninguém.

Flávio Gordon - Revista Oeste