terça-feira, 22 de outubro de 2024

Brasil recebe soldados de Israel que lutaram no 7 de outubro

Oeste conversou com Yarden Avraham e Yosef Haim, que relataram os detalhes do conflito e mostraram as sequelas da guerra


Metópoles - Reprodução

Depois de uma ligação, o jovem Yarden Avraham, de 21 anos, foi convocado para lutar por Israel contra o grupo terrorista Hamas, em 7 de outubro de 2023. A data marca o começo do ataque terrorista contra o território israelense. Naquele dia, cerca de 2 mil pessoas foram brutalmente assassinadas e mais de 250 sequestradas, incluindo mulheres, crianças e idosos. + Leia mais notícias do Mundo em Oeste Yosef Haim, um reservista de 26 anos, fazia compras no mercado até receber o chamado de Yarden para lutar pelas Forças de Defesa de Israel (FDI). 

Sem hesitar, os dois soldados seguiram até o festival de música eletrônica Nova, a 5 quilômetros da barreira entre a Faixa de Gaza e o território israelense. Durante o caminho, avistavam os corpos deixados pelo Hamas como consequências do ataque. Marcas da guerra em Israel No fim de fevereiro, Yarden machucou a cabeça e o braço depois de uma explosão atingir o local onde ele estava, durante uma operação em Gaza. O episódio o deixou entre a vida e a morte. 

Ele relatou que, certo dia, soldados foram até sua casa para informar sua família sobre seu estado de saúde. “Essa é a pior coisa que pode acontecer para uma família israelense”, disse. “Quanto tocam na sua casa, geralmente, é para anunciar a morte do soldado. Tem mães que desmaiam logo que abrem a porta. É um trauma muito grande.”

Yosef também foi vítima de uma explosão, em dezembro de 2023. Machucou a perna, depois de uma parede cair sobre ele. Quase um ano depois, Yosef ainda usa muletas para andar. O hospital em que foi internado chama-se “Brasil”, traduzido do hebraico. A visita ao país se dá em meio a uma campanha da organização não governamental (ONG) chamada Beit Ha Lochem, que Yarden preside. A fundação é um centro de recuperação de soldados de várias nações desde 1948. 

Eles vieram ao Brasil para uma campanha de arrecadação, que pode ser feita por qualquer pessoa. A luta contra o Hamas ainda se mantém. Segundo os soldados, até a liberação dos reféns, a guerra não terá fim. “Enquanto os reféns não voltarem para casa, não há previsão de acabar essa guerra”, disse Yarden. O Hamas declarou que não vai liberar os reféns até o “fim da guerra em Gaza”. Isso ocorreu depois de o Exército de Israel matar o líder do Hamas, Yahya Sinwar, em 17 de outubro. 

Governo brasileiro e a “propaganda” para o Irã

Um dia antes de o conflito entre Hamas e Israel completar um ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mata pessoas inocentes para se manter no poder. As declarações durante a chegada de brasileiros repatriados do Líbano. Depois que o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou no Aeroporto de Guarulhos, Lula fez um pronunciamento. 

“A gente teve uma punição muito dura com o ato do Hamas de invadir TelAviv, mas temos uma punição muito dura contra o comportamento do governo de Israel matando inocentes, mulheres, crianças, sem nenhum respeito com a vida humana”, disse o presidente. “É uma forma que o presidente de Israel, Netanyahu, encontrou para ficar no poder. É se vingar dos palestinos.” No mesmo mês, o governo Lula se manifestou sobre as operações militares de Israel, que incluíram incursões por terra no sul do Líbano. 

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores acusou o país de violar o Direito Internacional. “O governo do Brasil faz propaganda das coisas do Irã e do Hamas, mas não se aprofunda para entender o que acontece no Estado de Israel”, afirmou Yarden, ao ser indagado sobre as críticas de Lula sobre Israel.

Uma dia depois de acusar o país israelense de violar o Direito Internacional, o petista afirmou, em nota, que acompanha com preocupação o lançamento de cerca de 200 mísseis pelo Irã contra o território israelense. • “Polícia prende mais de 200 manifestantes anti-Israel em Nova York” 

O Exército israelense foi criticado por envolver civis nos ataques. Contudo, segundo relataram Yarden e Yosef, as FDI evitam ao máximo danos colaterais desde o ataque do Hamas, em 7 de outubro. “Os terroristas não avisam ninguém quando vão atacar”, comentou Yarden. “Não pedem que os civis saiam, nem crianças, idosos em cadeira de rodas e mulheres, algo totalmente diferente do modo que Israel atua nesta guerra.” Yosef acrescentou que o Exército sempre envia comunicações aos civis por meio de ligações, panfletos e até escolta para que saiam dos locais onde há terroristas. 

Dessa forma, geralmente, “quem permanece, costuma ser terrorista ou até mesmo colaborador”, disse. Traumas da guerra Sobre os danos psicológicos, os dois relataram episódios traumáticos que surgiram depois do conflito. Entre eles, pesadelos, crises de ansiedade, raiva e até paralisias instantâneas.

Apesar dos ferimentos, traumas e cenas que nunca vão esquecer, ambos acrescentaram que querem voltar a servir o Exército para defender Israel. “As famílias, algumas vezes, ficam felizes quando há ferimentos, porque aí o soldado para de lutar”, observou. “Mas, se eu não machucasse, teria continuado, com certeza.” 

Revista Oeste