sexta-feira, 13 de setembro de 2024

'Ela é Biden', por Ana Paula Henkel

Trump e Kamala no debate - Arquivo

No tão aguardado debate presidencial da última terça-feira, 10 de setembro, a vice-presidente Kamala Harris não sussurrou de maneira incoerente ou ficou longos períodos em silêncio. Apenas isso já poderia ter sido considerado uma vitória do Partido Democrata, que há menos de dois meses foi forçado a instalar Harris como sua candidata presidencial depois que as baterias mentais do senil Joe Biden morreram durante uma performance desastrosa no debate contra o ex-presidente Donald Trump. 

No entanto, apesar de sobreviver com muita ajuda de seus amigos moderadores da TV ABC News, rede americana que faz parte do consórcio pró-democrata, Harris provou ser o mesmo recipiente vazio que sempre foi. Enquanto ela conseguiu se ater aos pontos de discussão centrais que seus assessores programaram em sua cabeça, a performance da vice-presidente no debate foi um banquete de frases de uma salada de palavras, chavões políticos, muitas platitudes e recusas em responder a perguntas básicas sobre seu péssimo histórico político. 

A recente e ensaiada mudança rápida de Harris de “marxista para moderada” foi totalmente exibida para o povo americano sem a menor vergonha.

Porém, mesmo Harris passando boa parte da noite mentindo e se esquivando de perguntas e respostas dos mediadores e de Trump, ela mostrou que está absolutamente certa sobre uma coisa: a América está votando em “duas visões muito diferentes para o país. Uma focada no futuro e a outra focada no passado”, como ela mesma disse em seus argumentos finais. Harris está apostando sua reivindicação no futuro — e ela precisa fazer isso. 

Os últimos três anos e meio foram absolutamente miseráveis para muitos americanos. Inflação com patamares históricos que devorou a renda dos americanos. Uma invasão de ilegais sem precedentes, graças a Biden e às políticas de imigração desenfreada, que tomou conta do país. Instabilidade ao redor do mundo, com guerras devastadoras na Europa e no Oriente Médio. E o medo renovado do terrorismo em casa.

Harris quer (e precisa!) desesperadamente que os eleitores esqueçam o passado como um todo. O dela com a administração Biden, e o da presidência de Trump, quando, por mais que o mundo visse um malcriado na Casa Branca, a inflação estava sob controle, o mundo estava mais seguro e os ditadores de faróis baixo, e uma enxurrada de imigrantes ilegais não estava inundando comunidades em todo o país, matando, estuprando e roubando cidadãos americanos. 

Em várias ocasiões durante o debate, Trump resumiu a realidade de uma possível vitória de Harris — ela governará exatamente como seu chefe, o presidente Joe Biden e um fantoche da agenda da extrema esquerda.

“Ela é Biden”, dizia o republicano sem parar. “A pior inflação que já tivemos. Uma economia horrível porque a inflação está acabando com a economia. E ela não consegue escapar disso.” 

Mas Harris insistia que tem uma “visão”, incluindo um “plano”, e falou sem parar sobre as “aspirações, sonhos, esperanças e ambições do povo americano”, uma frase que usou muitas vezes durante o debate, mas sem especificar o tal plano para a melhoria de vida do povo americano. 

Harris também prometeu “criar uma economia de oportunidades”, seja lá o que isso signifique. Se for o mesmo tipo de “oportunidades” que BidenHarris sustentam desde 2021, os americanos terão muitos problemas. Harris lançou poucas horas antes do debate uma plataforma que mostra uma farra de gastos governamentais no melhor estilo “boas vibrações” que o brasileiro está cansado de ver. Um bufê repleto de esmolas do governo, penduricalhos estatais e muita gastança com programas de cabrestos e dependência governamental. 

Sobre a catastrófica participação americana no atual tabuleiro geopolítico, Harris disse que acredita “no que podemos fazer juntos para sustentar a posição da América no mundo e garantir que tenhamos o respeito que merecemos, incluindo respeitar nossos militares e garantir que tenhamos a força de combate mais letal do mundo”. 

De dez eleitores independentes e indecisos que acompanhavam o debate na audiência da CNN americana, seis decidiram pelo voto em Trump ao final do debate. Dois seguiram indecisos, e dois declararam voto em Harris.

Pois foi sob a administração Biden-Harris que a grande superpotência se tornou motivo de chacota do mundo. Era óbvio que isso aconteceria quando você infunde políticas de identidade esquerdistas em suas Forças Armadas e coloca as políticas de diversidade, equidade e inclusão acima da disciplina, moral e segurança. 

O povo americano ainda não esqueceu como o respeitado Exército sob Biden-Harris deixou para trás bilhões de dólares em armas em meio à retirada desastrosa do Afeganistão há três anos, armas que estão sendo usadas hoje pelo Talibã. Também foram deixados para trás, de forma imperdoável, milhares de americanos e aliados afegãos. Treze soldados americanos foram mortos nas mãos de um terrorista do ISIS, e Joe Biden e Kamala Harris ainda conseguiram parar para estar com as mães, pais e famílias dos soldados mortos em ação. Muitos republicanos acreditam que Donald Trump poderia ter se saído melhor, que ele poderia ter sido um pouco mais agressivo em seu melhor estilo “Trump”. 

No entanto, talvez tenha sido exatamente essa postura mais comedida e preocupada principalmente com a economia que está muito ruim que fez com que seis, de dez eleitores independentes e indecisos que acompanhavam o debate na audiência da CNN americana, decidissem pelo voto em Trump ao final do debate. Dois seguiram indecisos, e dois declararam voto em Harris. Os seis que afirmaram que votarão no republicano disseram que a principal razão é a confiança de que ele ajudará nos rumos econômicos do país. 

Em 1980, Ronald Reagan usou a frase “Você está melhor agora do que há quatro anos?” durante toda a campanha presidencial. Ele fez essa pergunta aos eleitores durante o debate final contra o então presidente Jimmy Carter e utilizou essa frase de forma estratégica para ressaltar as dificuldades econômicas que o país enfrentava sob o governo de Carter, como inflação alta, aumento do desemprego e crescimento econômico lento.

A pergunta era simples, mas eficaz, pois incentivava os eleitores a refletirem sobre suas circunstâncias pessoais e o estado do país durante a administração de Carter. Ao focar em uma avaliação pessoal do bem-estar, Reagan transformou a eleição em um referendo sobre os fracassos do governo Carter, apresentando-se como a solução para melhorar a vida das pessoas. Essa abordagem retórica tornou-se um ponto de virada no debate, consolidando Reagan como o favorito na eleição e sendo lembrada como uma das frases políticas mais eficazes na história moderna dos Estados Unidos. 

Donald Trump, que bebe sistematicamente na aura e nas políticas da era Reagan, fechou o debate em suas considerações finais invocando o mesmo espírito de 1980, quando os americanos também sofriam com números inflacionários históricos e instabilidade internacional. 

Ele disse: “Então, ela [Harris] começou dizendo que faria isso, faria aquilo, faria todas essas coisas maravilhosas. Por que ela não fez isso? Ela está lá [na Casa Branca] há três anos e meio. Eles tiveram três anos e meio para consertar a fronteira. Eles tiveram três anos e meio para criar empregos e todas as coisas sobre as quais falamos. Por que ela não fez isso?” 

Em 1980, Reagan também era visto pela esquerda americana como uma “ameaça”. 

Fato. Ele não apenas foi uma ameaça, mas uma mão eficiente contra a agenda comunista da época, desmantelando um império do mal e derrubando um muro nefasto que estabelecia a segregação e a opressão soviética. Resta saber se o povo americano entenderá que é hora de se comunicar com poderosas vozes do passado, assim como Trump faz muito bem, e resgatar as armas que o legado de homens de coragem nos deixaram para salvar a América e o mundo.


Com Revista Oeste