Um grupo de 11 senadores republicanos, liderados por Ted Cruz, do Textas, afirmou neste sábado (2), que irá votar contra a certificação da vitória do presidente eleito Joe Biden em estados-pêndulo na sessão do Congresso que ratifica o resultado do Colégio Eleitoral, na quarta-feira (6).
O esforço desafia líderes republicanos do Senado, que argumentaram que seu papel em certificar a eleição é em grande parte simbólico e querem evitar um debate prolongado sobre o resultado no plenário.
| Elijah Nouvelage/Reuters | ||
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| O senador republicano pelo Texas, Ted Cruz, discursa durante evento de campanha para segundo turno que escolherá representante da Geórgia na Casa |
Em comunicado, os senadores afirmaram pretender votar pela rejeição dos votos de estados-pêndulo que estiveram no centro das afirmações -sem provas- de Donald Trump de que houve fraude na eleição. Eles disseram que o Congresso deveria nomear imediatamente uma comissão para conduzir uma auditoria emergencial de dez dias nesses locais.
"Uma vez completada, os estados, individualmente, avaliariam as descobertas da comissão e poderiam convocar uma sessão especial legislativa para certificar uma mudança em seu voto, se necessário", diz o texto.
Assinam o comunicado junto com Cruz os senadores Ron Johnson, James Lankford, Steve Daines, John Kennedy, Marsha Blackburn, Mike Braun, além dos eleitos no pleito de 3 de novembro Cynthia Lummis, Tommy Tuberville, Bill Hagerty e Roger Marshall, que tomam posse neste domingo (3).
Vários senadores do partido afirmaram que não apoiam qualquer esforço que visa inviabilizar a certificação do resultado. O representante da Pensilvânia na Casa, o republicano Pat Toomey, criticou seus colegas por subverter a vontade de eleitores que escolheram seus representantes e afirmou que a derrota de Trump em seu estado se deve à queda do apoio dos subúrbios e na maioria dos condados rurais, e não por fraude.
"Eu pretendo defender vigorosamente nossa forma de governo ao fazer oposição a esse esforço para privar os direitos de milhões de eleitores no meu estado e em outros."
O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, foi um dos integrantes da sigla a já ter reconhecido a vitória democrata, em 15 de dezembro, e instou seus correligionários da Casa a se absterem de contestar a certificação na quarta.
Já o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que chegou reverter ação judicial que o pressionava a negar vitória de Biden, afirmou, por meio de seu porta-voz, que legisladores têm o direito de fazer suas objeções.
"O vice-presidente acolhe os esforços de membros da Câmara e do Senado de usar a autoridade que possuem sob a lei para fazer objeções e trazer evidências perante o Congresso e o povo americano em 6 de janeiro."
O porta-voz da campanha de Biden, Michael Gwin, diminuiu a importância da iniciativa ao chamá-la de teatro que não é baseado em qualquer evidência.
"Essa manobra não vai mudar o fato de que o presidente eleito Biden assumirá em 20 de janeiro, e essas alegações infundadas já foram analisadas e desconsideradas pelo próprio secretário de Justiça de Trump [William Barr, que já deixou o cargo], dezenas de tribunais e autoridades eleitorais de ambos os partidos."
O movimento republicano, apesar de simbólico, tem pouca chance de impedir a posse do democrata em 20 de janeiro. No comunicado, os senadores reconheceram que não esperam necessariamente ter sucesso. "Não somos ingênuos. Esperamos realmente que a maioria, senão todos os democratas e talvez mais do que alguns republicanos votem de outra forma."
A iniciativa contra a certificação vem na esteira das afirmações do senador Josh Hawaley, republicano do Missouri, o primeiro da Casa a dizer que desafiaria o resultado da eleição. Alguns republicanos da Câmara dos Deputados também pretendem contestar a contagem de votos.
Reuters
