Jair Bolsonaro precisa, sobretudo, saber o rumo a seguir para liderar a nação. Em suma, isso é o que pensa alguém que ocupou por oito anos o Palácio do Planalto. De acordo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “o governo está sem rumo”. A afirmação foi feita hoje, durante entrevista virtual concedida a projeto da Universidade de Oxford, do Reino Unido.
Para FHC, o atual presidente da República precisa, em resumo, demonstrar que consegue fazer com que o país supere as duas crises do momento: a sanitária e a econômica. Conforme ressaltado pelo tucano, isso, entretanto, não está acontecendo. “A sensação é que estamos perdidos”, lamentou durante conversa com Timothy Power, pesquisador do Brasil e professor de Oxford.
“Chamar quem entende”
O ancião do PSDB afirmou, contudo, que o caminho para Bolsonaro seguir é relativamente fácil. Ele deu duas dicas. Primeiramente, falou ser preciso se cercar de pessoas competentes. “A primeira coisa é chamar quem entende [do assunto]”, disse. Como exemplo de assunto, ele lembrou que desde o início da pandemia provocada pelo vírus chinês, covid-19, o Brasil já está em seu terceiro ministro da Saúde. Nesse sentido, deu a entender que, por exemplo, é um acerto manter Paulo Guedes como ministro da Economia. Afinal, o entrevistado destacou que a parte econômica tinha uma agenda “bem definida” até a crise chegar ao país.
Imprensa no poder
Posteriormente, FHC afirmou que Bolsonaro tem pecado em uma questão: a de se comunicar. Diante da crise, o ex-presidente acredita que o sucessor de Michel Temer não está conseguindo explicar à população em geral o que fazer (e também o que não fazer). Dessa forma, na visão de Fernando Henrique Cardoso, os veículos de comunicação estão sendo os responsáveis por esse trabalho.
“Os jornais e as televisões tomaram o lugar do Executivo [de explicar ao povo a questão sanitária e o que fazer em geral]”, comentou FHC — isso depois de a transmissão atrasar cerca de 20 minutos porque ele teve dificuldades de se manter conectado. “O governo está sem rumo”, enfatizou o o político de 88 anos e que comandou o país de 1995 a 2002.
“Há liberdade. A imprensa é livre”
Ainda sobre os meios de comunicação, ele pensa que não há indícios de censura. “Há liberdade. A imprensa é livre”, enfatizou o tucano. Nesse sentido de liberdades, ele afirmou que Bolsonaro não aparenta ir para o caminho do autoritarismo. Fez, contudo, uma observação. Isso porque entende que há gente que flerta com valores não democráticos “Estamos vivendo um momento preocupante. Pois algumas pessoas estão defendendo [o autoritarismo]”, comentou.
Relação com o Congresso
Além de repensar a comunicação — principalmente em relação à pandemia —, Bolsonaro precisa negociar mais com o Congresso Nacional. Ao menos é o que afirma FHC. “O regime democrático é um regime de negociação”, pontuou o homem que por oito anos foi presidente da República. Fernando Henrique afirma que o atual mandatário do país está começando a penar dessa forma. “Viu que precisa do Congresso”, comentou — isso porque na semana passada o deputado Fábio Faria (PSD-RN) foi nomeado ministro das Comunicações.
“Crescendo fora do jogo parlamentar”
Sobre a relação com o Poder Legislativo, Fernando Henrique destacou que nunca viu Bolsonaro, apesar de ter sido presidente da República quando o hoje chefe de Estado já era deputado federal pelo Rio de Janeiro. O que, em seu entendimento, tem explicação. “Ele foi crescendo fora do jogo parlamentar”, disse, dando a entender que Bolsonaro não fazia questão de manter relacionamentos dentro da Câmara. “Não teve uma visibilidade política pelo desempenho dele”, prosseguiu.
E o Lula? E o PT?
Por fim, FHC analisou o tempo em que o Partido dos Trabalhadores ficou no poder. Declarou, ademais, que Lula se fez valer de algumas de suas iniciativas. Como, por exemplo, o Bolsa Família. “Nada mais foi do que a junção das bolsas que eu tinha criado, como o bolsa-escola”, contou. “Lula falou mal de mim, mas seguiu o que eu fazia”, enfatizou o tucano que destacou, nesse sentido, que Dilma Rousseff não demonstrou ter conhecimentos para governar o Brasil.
Com informações de Anderson Scardoelli, Revista Oeste
Em tempo: Ao dizer que a mídia tradicional, jornais e televisões, "tomaram o lugar do Executivo [de explicar ao povo a questão sanitária e o que fazer em geral]", FHC expõe o cinismo que o consagrou ao longo dos oito anos em que presidiu o país. Cinismo que se acentou a partir dos governos Lula-Dilma quando a senilidade se aprofundou, levando o ex-presidente a considerar Dilma Rousseff 'uma mulher honrada' e, sobretudo, questionar a condenação e prisão de Lula, o maior ladrão da história do Brasil.
De resto, amoral, FHC, 'estadista de periferia', comprou a reeleição, e teve o descaramento de entregar o Ministério da Justiça ao indecente Renan Calheiros. Portanto, não surpreende que o tucano tenha permitido que Lula e covil aparelhassem o Estado brasileiro, o que resultou no Mensalão e no Petrolão.
Por fim, FHC, que se diz estudioso, deveria seguir o exemplo de ex-presidentes de países sérios, como EUA, Alemanha, Inglaterra, Canadá... Ali, quando o governante encerra o mandato recolhe-se com dignidade e no máximo passa a proferir palestrar em universidades ou em eventos em que não tenha que se manifestar sobre os sucessores.
Mas, como diria (?) Charles de Gaulle, o Brasil não é um país sério. Se fosse, FHC, Lula, Dilma jamais seriam presidentes.
A propósito, bom deixar registrado que foi FHC quem colocou Gilmar Mendes no STF. Esse ato deve ser comparado à entrega do Ministério da Justiça a Renan e à permissão de aparelhamento do Estado pelo organização criminosa do Lula. Tais decisões explicam porque o Brasil chegou ao lamaçal. Inclusive com a promiscuidade governo-imprensa. A reação da velha mídia a Bolsonaro revela o tamanho do ódio ao presidente da República por ter cortado pela raiz a 'bolsa imprensa'.